sexta-feira, 21 de março de 2008

Arborização


"Na prosperidade das nações a arborização representa um dos papéis mais importantes.

As florestas modificam beneficamente as condições do clima das regiões próximas, quebrando a violência do vento e da chuva, regulando os excessos de temperatura, aumentando a humidade atmosférica tão benéfica para culturas, contribuindo para a salubridade do ar pelas emanações resinosas.

Nos terrenos despidos de arvoredo, as águas da chuva em vez de se infiltrarem no solo para depois formarem as fontes, as ribeiras e os rios, correm à superfície da terra em torrentes violentas arrastando a camada arável e deixando a nu a rocha escalvada e estéril e tornando-se por isso inútil para qualquer cultura que seja.

Os detritos arrastados pelas chuvas vão tornando os rios cada vez menos profundos, o que prejudica as terras próximas por causa da facilidade de inundações que, alastrando pelos campos marginais inutilizam as sementeiras e arruínam as construções.

Nos terrenos arborizados as nascentes tornam-se mais abundantes, são mais regulares os cursos dos rios, levando mais água no verão, e sendo menos caudalosos no Inverno, tornando-se menos frequentes as cheias.

Além de todas estas vantagens da arborização, há ainda a acrescentar os produtos importantes que nos dão as florestas, fornecendo-nos combustível, madeiras para construções rústicas, urbanas e navais, postes, travessas, etc.

E todas estas importantes vantagens se obtêm arborizando os terrenos que para nada mais servem, sendo impróprios para qualquer cultura.

No nosso país há cinco milhões de hectares de terrenos incultos, uma grande parte dos quais só para florestas podiam ser aproveitados.

Estão neste caso todos os areais das costas, parte do terreno formado por camadas arenosas do período quartenário, a maior parte da superfície das serras, e toda a superfície das encostas e cumiadas das serras de rochas graníticas e xistosas de altitude superior a 375 metros, no sul, e a 500 metros no norte.

Plantar árvores é valorizar a propriedade e enriquecer o país".

In Almanaque Açores de 1916 paginas 158 a 159

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