ILHA TERCEIRA (7)
Também do seu currículo, transcrevo o que diz respeito aos “valorosos serviços prestados pelos JU-52”:
“Foi em 1937 que vieram para Portugal os Junkers 52, com destino a uma Esquadrilha de Bombardeamento de Noite a instalar na Base Aérea da Ota, ao tempo em construção.
Foram de entre uma série de aviões comprados nessa data os primeiros a chegar, estiveram em Sintra, em Alverca, na Ota, nos Açores e finalmente em Tancos onde se encontram em número bastante reduzido, pois alguns já foram abatidos por fadiga de material.
Fadiga justificada, ou, mais, justificadíssima, pois além de todos os serviços prestados nas Bases onde estiveram, fizeram na B.A.3, em missões de paraquedismo, até 31 de Maio de 1966, 13687 horas de voo e lançaram 72855 paraquedistas, nos quais como já disse estão incluídos os saltos de altitude e abertura manual num total de 4421.
Além dos lançamentos indicados, contribuíram grandemente na preparação de pilotos para aviões pesados, fizeram transportes de pessoal e material, viagens de navegação e tudo o mais que lhes foi exigido, sem nunca terem dado preocupações ou desgostos.
As suas características são:
Trimotor, monoplano de asa baixa, inteiramente metálico e trem fixo (…).
Foi um avião de bombardeamento diurno (…).
Valiosos foram os serviços prestados por estes aviões à F. A.. E agora que assistimos ao seu abate sistemático recordamos com saudade todo o seu valor e todas as histórias contadas à sua sombra por pilotos que falavam do espírito de franca camaradagem, mais conhecido entre nós por espírito aeronáutico, que se define com sendo aquilo que funde num só, os tripulantes de um avião, os elementos de uma formação, os componentes de uma Esquadrilha, Esquadra ou Base.”
Em 1963 foi colocado na 3ª Região Aérea, no AB 8 (Aeródromo Base nº 8), na então Lourenço Marques, hoje Maputo em Moçambique, onde permaneceu até 1965 com toda a família.
Quando regressou foi colocado novamente na Base Aérea de Tancos, e em 1966 passou à reserva, mas com a Guerra Colonial, havia poucos militares disponíveis, por isso continuou ao serviço da Base.
Em Março de 1974 deixou definitivamente a vida militar.
Foi um militar exemplar, dedicado, apaixonado por tudo o que fazia, viveu intensamente a vida, a família e os amigos.
Luísa Navega – Pombal, 2008