sábado, 28 de abril de 2012

Calceteiros angrenses (12)



A CUNHA


Texto: Maduro-Dias

Falar do chão de calçada em Angra do Heroísmo está a tornar-se numa sina má, quando podia ser uma sina boa e, até, uma forma de negócio.
É pena!
Começando pelo princípio, as pedras que temos no chão das nossas ruas e estradas não são cubos, são paralelepípedos! Por isso é que a gente lhe chama, às vezes, paralelos, para dizer de uma forma mais curta.
Os cubos existem, também, na calçada à portuguesa, mas são mais vulgares - típicos, se quisermos - em Lisboa e Porto. Vai daí que a gente, agora, chama cubos aos paralelos.
Por outro lado, nem são cubos, nem são paralelos, são cunhas!


Isso mesmo! Cunhas de espetar no chão com martelo! Porque são feitas para se enterrar cada vez mais, conforme o peso que se ponha em cima. É a mesma ideia da pedra de fecho dos arcos das nossas igrejas, quanto mais peso mais força para baixo e mais apertado fica.

Experimentem a ver alguma das nossas calçadas mais antigas que ainda não tenha sido "recuperada" ou "reabilitada" e perceberão logo o que se pretende dizer aqui.
Desde que se deixou o modo à romana, de grandes pedras mais ou menos encostadas, e se passou para pedras mais pequenas e tentativas de alinhamento, tivemos o bico a bico, os feitos a matar junta, os paralelos ou em espinha, etc. Conforme os lugares, desenvolveram-se modos diferentes de assentamento. Por exemplo, no Porto, usam um modo muito interessante de calçada, que é o de organizarem o empedrado do chão em quartos de círculo, como se fossem leques colocados lado a lado. 


Aqui, entre nós, desenvolveram-se várias formas, consoante as épocas (convém não esquecer que muitas ruas já foram de calçada, terreiras ou de macadame e que, conforme as entidades responsáveis, realizaram empedrado paralelo e com lomba no meio, em espinha ou quase direitas, a matar junta ou não).
Regressando, porém ao assunto base, vale a pena relembrar aqui que os calceteiros antigos tinham uma peça de coiro encaixada nos dedos da mão de apoio, especialmente feita para receber as pancadas falhadas do martelo que acertava os lados e afinava a cunha. 



O que se passa hoje nas nossas ruas é lamentável a todos os títulos porque, numa cidade histórica, devia saber-se aproveitar a pedra antiga mas com qualidade técnica na execução e é sobretudo aí que as coisas estão a falhar, principalmente na parte da finalização. Insiste-se no saltitão; deixou de se acertar as pedras, bem encostadinhas umas às outras (a terra entre elas é sinal de má execução. Vejam a Praça Velha outra vez, sobretudo nas zonas menos remexidas); e, principalmente, parece ter-se perdido a noção de que as pedras devem ficar espetadas e não apenas dispostas lado a lado.

Quanto à fiscalização, um amigo meu deixou-me, há dias, esta nota acerca: o fiscal ía, com um ferro fininho na mão, a bater de onde em onde na calçada e o som devia ser igual. Quando não era avisava os calceteiros, eles vinham, levantavam aquelas pedras por ali, voltava a assentar e ele voltava a verificar.
Como já disse aqui uma vez e repito, continuo a não perceber como é que há estradas romanas ainda a resistir, enquanto as nossas ruas "saltam" de reabilitação em reabilitação.
Quanto ao negócio, fica para outra vez.

No Vela de Estai – Diário Insular,15 de Abril de 2012


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Island Sky em Angra do Heroísmo



Depois do “Braemar” ter feito escala no Porto da Praia da Vitória, com 862 turistas, agora foi a vez de Angra do Heroísmo receber os passageiros do navio de cruzeiros "Island Sky", que se encontra atracado ao cais do Porto das Pipas.  

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Confraria do Chá Porto Formoso

VI Entronização de Confrades



   No passado dia 21 de Abril a Confraria do Chá Porto Formoso realizou na Fábrica de Chá Porto Formoso a VI Entronização de Confrades. Marcaram presença várias confrarias como a Confraria do Queijo S. Jorge, Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, Confraria das Carnes da Madeira, Confraria dos Gastrónomos dos Açores, Confraria da Chanfana, Confraria do Ananás, Confraria Atlântica do Chá, Confraria da Sopa e a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, representada pela Dr.ª Madalena Carrito.
   Seguiu-se a abertura da Exposição “Chá em S. Miguel - Cultura e Vivência” patente ao público no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, até ao dia 22 de Julho pf.









Chá voltou a destacar-se durante o jantar de confraternização,  no restaurante Anfiteatro da Escola de Formação Turística e Hoteleira de S. Miguel, que  incluíu ainda um “Chá de Setembro” produzido na ilha Terceira.



quarta-feira, 25 de abril de 2012

“Braemar”na Praia da Vitória


Praia da Vitória, 23 de Abril 2012

O prazer de bem receber  dos praienses esteve bem patente durante a estada do navio de cruzeiros “Braemar” (propriedade da Fred. Olsen Cruise Lines)  no Porto Oceânico da Praia da Vitória. 

Os visitantes passearam-se com satisfação pela “Mui Notável Cidade” apreciando peculiares aromas e sabores da ilha Terceira.

terça-feira, 24 de abril de 2012

JÁCOME DE BRUGES BETTENCOURT

PASSOU À APOSENTAÇÃO


Passou, recentemente, à situação de reformado o nosso colaborador Jácome de Bruges Bettencourt, que durante trinta anos pertenceu ao quadro de funcionários do Município Angrense, concretamente aos serviços culturais.

Assim, colegas e amigos reuniram-se, no dia 12 de Março pp, com o homenageado na pastelaria “O Banquete”, ao Alto das Covas, Angra do Heroísmo, para celebrar a sua cessão de funções públicas e, simultaneamente, desejar-lhe as maiores felicidades para a futura vida intelectual e cultural que continuará a desenvolver e projectar-se em várias áreas, já que, pelo que sabemos, tem várias intenções e desígnios, como foi salientado por colegas, como Sandra Bessa, Catarina Rocha, Sandra Costa, Ricardo Matias, Vítor Brasil e outros que fizeram questão de comparecerem na quase totalidade, o que comoveu e muito agradou Jácome de Bruges. Foi-lhe, em momento próprio, entregue pelos antigos colegas, uma lembrança, a que se associaram a presidente da Câmara, Sofia Couto e a vogal do conselho de administração da Culturangra, Assunção Melo, por sinal, uma garrafa em cristal Atlantis para vinhos, não fosse o lembrado um apreciador e defensor do Verdelho açoriano, como é do conhecimento de toda a gente. Lembrança que o visado disse iria carinhosamente guardar, pela significação que encerra.



Coincidentemente, temos conhecimento que, Jácome de Bruges Bettencourt, acaba de completar meio século como colaborador de órgãos de comunicação social, dando os primeiros passos em “O Debate”, de Lisboa e “O Telégrafo”, da Horta, e seguidamente em muitos outros títulos da imprensa escrita do Faial, Terceira, S. Miguel, Lisboa e Évora.

Não quis assim, o Bagos d’Uva (onde JBB colabora) deixar de estar presente neste momento, e de lhe fazer algumas perguntas.

Bagos d’Uva. O que representa para si este momento?
J.B.B. Olha é o encerramento de um capítulo da minha vida, a caminho dos 66 anos, uma capicua. Teve, como acontece com tudo, momentos melhores e piores. Mas, em carreiras públicas deste tipo para pessoas irrequietas, algo insubmissas e pouco “alinhadas” ou rebeldes, se quiserem chamar assim, não é fácil. Há contenções, desmotivações, coisas que por vezes geram dependências político-partidárias desagradáveis. Para quem nunca quis estar sujeito a tristes caciquismos, será difícil fazer vida destas funções, a menos que se “venda” e preste a subserviências tristes perante os poderes, o que não é limpo de forma alguma e consentâneo com os nossos ideais.

No entanto, devo dizer que sempre respeitei, o melhor possível, superiores hierárquicos e penso que sempre me respeitaram. Por isso, fiquei contente de ver aqui, mais de meia centena de colegas de trabalho e Amigos.

B. d’U. O que vai fazer agora?
J.B.B. Vou continuar a participar na vida da comunidade em que estou inserido, como sempre fiz, mas quero reservar mais espaço temporal para estar e passear com os meus netos, em número de cinco (por enquanto). Vou continuar, enquanto puder, a viajar pelo Mundo, pelo menos, assim espero… Vou realizar mais um cruzeiro pelos Fiordes da Noruega. O único país do Báltico, que nunca visitei. Tenho a maior admiração por estas monarquias do Norte que dão exemplos de como se vive com qualidade. Penso ir, brevemente também, a Moçambique e países vizinhos. O meu filho Nicolau está com a mulher e as minhas netas em Maputo.

B. d’U. E, vai continuar a escrever?
J.B.B. Claro. Pelo menos enquanto mexer as mãozinhas e quem está na 3ª idade não deve fazer projectos para prazos alargados. Acabo de entregar ao Doutor Ricardo Madruga da Costa um trabalho com cerca de 40 páginas para o Boletim do Núcleo Cultural da Horta. Tenho mais dois em fase de conclusão para publicar por instituições culturais, como o Instituto Histórico da Ilha Terceira e trabalho em 2 livros, um deles de parceria com os Doutores Avelino e Lúcia Santos. Assim, como se percebe, não me vou sentar, ainda, em bancos de jardim. Continuo a frequentar as minhas tertúlias de café, onde se fala bem e mal disto e daquilo. O que é bom sinal… Sempre gostei de falar mal dos governos e então dos políticos, nem se fala… Deve ser, por estar, desde sempre, na oposição…
RX

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dia Nacional dos Moinhos

Escola Básica Integrada dos Biscoitos



Programa


27 de Abril de 2012 /10h00

09h30 – Concentração dos Centros de Convívio de Dia e Montagem de Bazares de Artesanato

10h00 – Abertura do Moinho
           - Abertura de Exposições
           - Abertura dos Bazares de Artesanato
           - Ler Consigo (biblioteca)

10h30 – Bodo de Leite à Antiga
           - Cortejo de Oferendas

11h00 – Atelier/Oficinas dos cursos de POFIJ* (pavilhão D) :
           . Técnico(a) de Instalações Eléctricas Nível IV (sala 1)
           . Electricidade e Instalações Nível II (sala 1)
           . Serviço de Andares em Hotelaria Nível II (sala 2)
           . Cozinha Nível II (sala 5)
           . Actividade do Grupo de Matemática “Mateclick” (sala 3)
           * Actividade com térmito previsto para as 15h 30


              Peddy – Paper : “Vamos Comemorar Abril”

              Abertura dos Espaços Gastronómicos

11h30 – Danças de Salão (PROFIJ)

13h00 – Concurso de Alcatras, Arroz Doce e Papas Grossas

13h30 – Passagem de Modelos (PROFIJ)

14h00 – Jogos Tradicionais (Centro de Convívio e Alunos)

15h00 – Entrega de Prémios: Concurso Literário “Poemas Alusivos ao 25 de Abril” (Português 2º e 3º Ciclos) e Pedddy Papper

15h30 – Surpresa

domingo, 22 de abril de 2012

Festas do Espírito Santo (3)


 Biscoitos – 2º Domingo do Espírito Santo

A origem das Coroações do Espírito Santo

As coroações do Espírito Santo têm raízes profundas judaico-cristãs, que ao longo dos séculos se aculturaram no nosso País, graças a uma forte espiritualidade Franciscana, a partir da vivência do Pentecostes que nos é narrado nos Actos dos Apóstolos. E, também, com reminiscências do Sacro Império Romano – Germânico.

Em Portugal é quase unânime que a Rainha Santa Isabel (1282-1325), da Ordem Terceira de São Francisco, com o apoio dos Franciscanos, foi a impulsionadora de tais festejos ao Divino, a partir da Vila de Alenquer. Segundo Jaime Cortesão, seguindo a sugestão de Frei Manuel da esperança, e tendo em conta documentos do Arquivo de Alenquer, afirma ter sido o Convento de São Francisco da mesma vila o lugar da sua primeira realização, em 1323.

Descendente de Frederico II, do Sacro Império, bem como da Santa Isabel da Hungria (1207-1231) igualmente da Ordem Terceira de São Francisco e descendente do mesmo Frederico II. No Império Sacro Romano Germânico consta que “ Fomes apertadas nos estados allemães determinaram um dos imperadores da Dynastia, Othon, a lançar os fundamentos desta instituição, como banco formado de esmolas para acudir os pobres nos anos de penúria”.

A Festa dos Tabuleiros, em Tomar, que, ainda hoje, se realiza de quatro em quatro anos, é tida como matriz das festas ao Divino Espírito Santo, que depois se estenderam aos Açores e a todos os territórios tocados pela epopeia marítima portuguesa, adaptando-se aos mais diversos tipos de povoamento e ganhando novas expressões populares nos Impérios do Espírito Santo.

Nos Açores, “já durante o governo de Pedro Soares de Sousa, 2º Capitão Donatário de Santa Maria, se cumpriam os festejos do Espírito Santo, coroando o mais velho mendigo e abrindo as copeiras aos famintos de pão e de carne e a toda a população”. Confira: Espírito Santo, cataclismos, fomes e emigração”, (in A União, 8 de Maio de 2008- Pe. Francisco Dolores).

Profundamente assimilado pelas gentes dos Açores, embora com pequenas variantes, de ilha para ilha, as Coroações são antes de mais a afirmação da dignidade de pessoas humanas, numa igualdade de todos os irmãos, gerados na Pia Baptismal. Assim se tem expandido por terras de emigração, Brasil, Estados Unidos e Canadá.
As Coroações de crianças a lembrarem a inocência original, que nos é dada pela Graça. Ou a coroação do próprio Imperador (por um dia), a destacar o serviço de cada um à comunidade de íeis, onde “coroar” é sinal da Função, onde a Oração, Fracção do Pão e Partilha Fraterna, se tornam visíveis na Festa do Bem Comum, com a força do Espírito Santo.


“A tua luz costurou-me uma bainha no coração”

Um livro de poesia de DANIEL GONÇALVES



O livro será apresentado amanhã pelo poeta Carlos Bessa na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, assinalando o Dia Mundial do Livro, que anualmente se celebra no dia 23 de Abril. Ler mais aqui: BPARAH

sábado, 21 de abril de 2012

Sea Cloud II na ilha Terceira


O luxuoso Sea Clou II volta a atracar, pela segunda vez este ano, ao cais do Porto das Pipas. Alguns dos seus passageiros (24 alemães, 8 austríacos e 2 suecos) durante a estada na ilha Terceira visitaram, nos Biscoitos, o Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum.

Anteriores escalas do Sea Cloud II em Angra do Heroísmo: aqui e aqui

sexta-feira, 20 de abril de 2012

ERMIDAS UM PATRIMÓNIO LOCAL NOTÁVEL QUE URGE SALVAGUARDAR E PARTILHAR COM COERÊNCIA NA ACÇÃO: dois bons e dois maus exemplos para ajudar à mudança na atitude



Victor Cardoso*

Parte 2 

Património Local: dois maus exemplos


Na primeira parte desta abordagem e no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios/ Do Património Mundial ao Património Local: proteger e gerir a mudança. Como foco, desse património local, demos o privilégio, às ermidas, e sinalizámos dois excelentes exemplos, no modo como se cuida e valoriza, e se honra, uma herança recebida, reservando a outra face, ou seja, os maus exemplos, que, infelizmente continuam a existir á nossa beira.
Queremos contudo acreditar tratar-se de factual coincidência, os dois maus exemplos, alvo da nossa atenção. Ambas encontram-se sedeadas no concelho de Angra do Heroísmo, sendo que, uma delas já não exista edificada. Ligam-se entidades, com grandes responsabilidade na gestão, colectiva, sendo que uma delas reservada aos assuntos religiosos e outra com a sua acção vocacionada à coisa pública.

Património Local: dois maus exemplos

Ermida de Nossa Senhora da Saúde


Coube a esta ermida ter sido primeira escolha, naquela que é, até ao presente, a mais completa discrição, sobre as Ermidas da ilha Terceira, com que o Padre Alfredo Lucas nos havia de contemplar e honrar. Fruto do seu vasto saber e sensibilidade, evidenciando com sua pesquisa preocupação com as matérias relacionadas com o nosso património, salvaguarda e valorização da nossa identidade cultural.
O Pe. Alfredo Lucas descreve-a desta forma: “…E agora vamos descrever o estado actual da presente ermida, que é sem dúvidas a mais bela e elegante de todas as ermidas da ilha terceira. Está situada na Praça da Restauração do lado do Norte, e tem uma única porta de entrada por cima da qual se vê um grande e vistoso frontão triangular, encontrando-se mais dois de pequenas dimensões colocados no cimo das sineiras.
Nessa ermida encontram-se ainda na fachada várias frestas bastantes altas com o seu gradeamento de ferro, vendo-se uma de cada lado da porta e duas geminadas ao lado em plano mais reentrante da dita fachada. Todos oferecem um agradável e belo aspeto.
Porém, na parte interior deste lindo templo que tanta embeleza a Praça da restauração, vemos ao fundo o altar com o respectivo retábulo, tendo ao centro a imagem de Nossa Senhora da Saúde e mais a baixo outra de S. Cristóvão que os motoristas da dita Praça adquiriram em 1957 e ofereceram à ermida…/
Tem ainda esta ermida um guarda-vento por cima do qual está o coro alto, e possui um púlpito para onde se vai pela sacristia.”


Inicialmente esta ermida estava localizada nos terrenos que hoje ocupa o Palácio dos Capitães Generais e Igreja dos Jesuítas (1560). Fora transferida para a então Praça da Restauração (1592), a Praça Velha, como na gíria o povo a identificada, para dar lugar à construção do que viria a ser o Convento dos Jesuítas. Tinha o seu alçado virado a nascente, na esquina antiga travessa que ligava o chafariz, à rua de Nossa Senhora da Natividade, atual rua do Palácio. Ostentava a denominação dos Santos Cosme e Damião, que chegariam a dar nome à Praça. 
Viria posteriormente a ficar conhecida, pela designação que perdura ainda nos tempos presentes, por Ermida de Nossa Senhora da Saúde, pela razão de na antiga travessa, ter sido edificado um hospital, não grandioso, para responder à calamidade da epidemia que acometera na ilha no ano de 1599.
Com o sismo de 1980, poder-se-à dizer, que praticamente ficou fazia e silenciada de culto. Não se compreendendo, por inteiro, razão para tal situação - o estado com que somos quotidianamente confrontados é lamentável. Difícil, ainda, se torna mais compreender, quando a sua guarda, ao que conseguimos apurar, está afecta à Diocese de Angra e na posse da Comissão Diocesana Para Os Bens Culturais; Transformada em Sede da referenciada comissão. Mas como esta realidade não fosse suficiente, pela negativa constatar, possui na sua fachada uma inestética placa de propriedade - na banda de cima, bem como outro equipamento colocado na outra extremidade – que julgamos possa pertencer à rede eléctrica.

Quando se tem, um povo maioritariamente crente e religioso, não se entende o continuar de portas fechadas. O sismo – porque já sentido á muito tempo, não merece sustento para qualquer argumentação por parte dos seus responsáveis e também a crise, com que hoje nos confrontamos, não pode servir de causa, já que é longo o seu jejum de culto – muito anterior aos movimentos economicistas.



Por tudo isto, julgamos não existirem argumentos, que possam contrariar para que esta ermida não possa voltar a ter as suas portas abertas ao culto e á visitação – tal é a excelência da localização e demais enquadramento – disse-o, enfaticamente o Pe. Lucas, escritor atrás referenciado. Devem assim seus curadores, tudo o fazer, com o objectivo da sua efectiva reabertura, que, a não ser possível já no presente ano, que o seja durante o próximo. As festividades em honra e louvor á Senhora da Saúde que ali se realizava a 21 de Novembro, bem como a grande romaria dos motoristas de Táxi, em louvor de São Cristóvão – padroeiro dos automobilistas, tendo mesmo estes, adquirido, no ano de 1957 uma imagem e oferecido à ermida, bem como a dimensão imaterial, pelos factos que historicamente são conhecidos, devem merecer voto de resgate. 
Nota final, para dar conta, que as obras de reedificação operadas e que lhe dariam as formas que ainda hoje perdura, se iniciaram no ano de 1881, tendo durado três anos. Foi benzida a 9 de Novembro de 1884, pelo Bispo D. João Maria Pimentel. 
“Imagens presentes”: Devem ser repostas os seus patronos principais: Nossa Senhora da Saúde; Santos Cosme e Damião; São Cristóvão.


Ermida de São Sebastião

Numa leitura atenta da carta de Linschoten este antigo templo, seria de proporções consideráveis, só ultrapassada pela da Conceição, ocupando assim na urbe lugar distinto e de relevo – encontrava-se virado à actual Rua do Cruzeiro e implantada a sul na Praça Dr. Sousa Júnior.



A presente reflexão, enquadra-se à luz do conceito, do património imaterial, hoje alvo das atenções por parte das organizações que pugnam pelo seu registo e para a necessidade moral com que as entidades gestoras do bem e honra pública devam situar-se, respeitando os compromissos deixados lavrados no desempenho e magistério da governação.
Resulta do facto da terrível epidemia da peste que grassava nesta ilha (1599 – já sinalizada na abordagem feira ao antigo Hospital situado na travessa da Saúde), ter a Câmara Municipal lavrado um voto, de anualmente organizar uma festa em honra e louvor de São sebastião, pelo facto do desaparecimento de tão lapidar e destruidora doença.
O Pe. Alfredo Lucas descreve-nos o seguinte: “… Encontrando-se reunida a Câmara  no dia 20 de Janeiro de 1600 com  a presença da nobreza, clero e povo, formou-se em seguida um luzido cortejo que se dirigiu à tosca capela que levantaram Frei Pedro dos Santos e Frei Jorge de Saphara em S. Bento, que cuidavam dos doentes e celebravam Missa por aqueles que faleciam.
Mas, quando o cortejo regressou trazendo em lugar de destaque e triunfo os dois ilustres e bondosos sacerdotes, entrou na ermida de S. Sebastião onde disse Missa Frei Jorge de Saphara, seguindo-se uma procissão que percorreu as principais ruas da cidade e respectivas igrejas voltando de novo à ermida. Foi precisamente nesta ocasião que  a Câmara de Angra fez o voto de realizar todos os anos na ermida uma festa em louvor do glorioso Mártir S. Sebastião.”
Não obstante ter sido extinto o Convento das Freiras Capuchas em 1832, a Câmara continuou a cumprir o voto, mas na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, para onde foi transferida a imagem do Santo. 


E assim sempre procedeu até à entrada da República altura em que deixou de o satisfazer. Reatada em 1957, quando era Presidente da Câmara de Angra o Dr. Manuel Flores Brasil.”. A partir dos anos 70, era Presidente da Câmara, o Dr. Francisco Oliveira, seria de novo interrompida estas comemorações, situação que viria a ser “sentenciada” até aos dias de hoje.
Importa registar também, que parte do retábulo em talha-dourada (a necessitar restauro) do antigo Altar-mor, desta muito antiga Ermida (1550), assim como a imagem do seu patrono – S. Sebastião, encontram-se numa das capelas da nave lateral da Igreja e Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Angra do Heroísmo.
Uma polis que se encontra classificada de Cidade Património da Humanidade (1983), deve revitalizar-se e vitaminar a memória, nunca é de mais sublinhar que esta cidade, teve por merecer, o título de “Mui Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo”.


Das conclusões:
Importará reter três aspectos, sendo um transversal e comum a todos, pelos exemplos aqui partilhados e que resulta da importância histórica, que merece o numeroso Património Local, existente em todo o nosso território; 
Um segundo, que comprova o facto de muito deste património, sendo pertença de particulares, são prontamente objecto de atenção no que diz respeito à sua salvaguarda e manutenção; 
Por último, a necessidade imperiosa de se emendar a mão, sempre que em causa esteja a falta de rigor, por quem tem obrigação de proximidade, de respeitar a história, de proteger o bem e de cumprir os compromissos.
Nesta partilha, onde nos propusemos e associámos ao Dia Internacional dos Monumentos e Sítios/ Do Património Mundial ao Património Local: proteger e gerir a mudança, reforçamos a necessidade de proteger e gerir a mudança com substância. É de facto, o que temos que empreender e realizar, porque inseparáveis da acção motora e empreendedora do Homem. Os Açores necessitam assim de outra postura, de novos agentes, que possam encetar esses desígnios, que só serão praticáveis se a mudança também for efetiva e se registar, com determinação essa condição.
Cabe-nos efetivamente a esta geração, fazer por operar as mudanças necessárias, que forçosamente, implicará outros agentes e decisores com responsabilidades governativas, no sentido de uma acção e gestão, não elitista no universo do património cultural.

Fontes consultadas: 
Padre Alfredo Lucas. As Ermidas da Ilha Terceira. 1976; 
Pedro de Merelim. Freguesias da Praia. 1982

*Investigador



quinta-feira, 19 de abril de 2012

JANELAS

Exposição de fotografias de Joi Cletison


quarta-feira, 18 de abril de 2012

ERMIDAS UM PATRIMÓNIO LOCAL NOTAVEL QUE URGE SALVAGUARDAR E PARTILHAR COM COERÊNCIA NA ACÇÃO: dois bons e dois maus exemplos para ajudar à mudança na atitude









Victor Cardoso*


 Parte 1

A 18 de Abril, assinala-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, tendo este ano como reflexão central – Do Património Mundial ao Património Local: proteger e gerir a mudança. O grande designo desta celebração é sem dúvidas o de alertar e sensibilizar consciências, dos cidadãos, independentemente das suas qualificações individuais, de modo a que tomem a peito, o quanto é importante a temática relacionada com o património cultural, parametrizado no binómio diversidade e sua vulnerabilidade – nomeadamente a fragilidade, com que muitas vezes se vê confrontado, quando, tenha que medir forças com interesses económicos instalados, daí que devam ser valorizadas e defendidas as entidades que assumiram essa epopeia no domínio da sua salvaguarda.



Sobre a responsabilidade do ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios), reforçado com o facto de se comemorar também o 40º aniversário da Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural da UNESCO, a escolha, do tema eletivo, no presente ano, julgamos se ajustar aos tempos que correm, e em boa hora sinalizado, uma vez que é clarificadora, por identificar causas, que muitas vezes tem levado a alguma inércia, diríamos mesmo, a um comodismo sustentado, que muitas vezes atinge mesmo contornos elitistas, que se deve pugnar por os neutralizar.

Usando-se uma linguagem, muito prática e contemporânea no universo desportivo, nomeadamente no Futebol - quando uma equipa não apresenta os resultados desejados, só existe um caminho: substituir o treinador e correspondente equipa técnica – proteger e gerir a mudança…

Proponho-me assim, dissertar um pouco sobre a importância, de uma parte, que faz parte da nossa identidade, enquanto povo, do património cultural edificado e percursor nas ilhas, de outros que lhes haviam de seguir, mas que pela justeza mereça esta avaliação e correspondente distinção.

As Ermidas, enquadram-se e são de facto, os primeiros monumentos edificados das ilhas e de valor singular, porquanto nos identifica, nos caracteriza também quanto a nossa natureza de povo religioso, que aqui frutificou e que soube aos poucos criar as suas parcelas distintas – de pequenos aglomerados implantados junto a ribeiras, foi, sabiamente ocupando o território, quer na sua face costeira, quer embrenhando-se pelo interior, desbravando-o, instalando-se, e vindo com toda a naturalidade a criar comunidades distintas, hoje freguesias, vilas ou cidades, que importa preservar, porque alicerce, sustento e identidade. Nas ilhas será difícil não sermos confrontados com a sua presença.

Nessa abordagem confrontarei dois bons exemplos em matéria de acção e preservação – imóveis com entidade e propriedade privada, paradoxalmente, confrontados com 2 (dois) maus exemplos que urge corrigir, quando a pose, obrigação ou acção são tuteladas por entidades que compõem a orgânica governativa da sociedade.

Património Local: dois bons exemplos

Ermida de Jesus, Maria e José


Esta ermida encontra-se situada no Caminho de Cima de São Pedro, no lugar das Figueiras Pretas. Deverá ter sido edificada no ano de 1670, pelo Dr. Ambrósio Fagundes, Cónego e Tesoureiro da Sé Catedral de Angra do Heroísmo. Foi também um grande Teólogo e pregador. Mais tarde foi adquirida por Francisco Borges Carreiro, avô de Victor Manuel Teves Carreiro, casado com D. Zélia Nunes Carreiro, seus actuais proprietários. Com o Sismo de 1980, a Casa e Ermida foram drasticamente atingidas, assim como algumas das imagens, com especial relevo para uma escultura muito antiga em madeira, da Sagrada Família – patronos desta ermida. 

No dia 26 de Junho de 2011, seria reaberta, com celebração de Missa e coroação do Império das Bicas de Cabo Verde, que há 50 anos não se realizava. As obras de recuperação correram sob total empenho e custos a cargo dos seus proprietários.


 Sobre esta Ermida escreveu Pe. Alfredo Lucas. - Ermidas da Ilha Terceira - 1976: “…Encontra-se este templo numa pequena elevação contígua a uma casa de moradia e é de diminutas dimensões. Dentro está um altar com respectivo retábulo, onde se vê as imagens da Sagrada Família em miniatura. Do lado do Nascente junto do altar está uma ampla janela, e em baixo passa a estrada que conduz à Terra Chã. Tem uma janela de cada lado…/
…Acrescentamos ainda dizendo que esta ermida é toda lageada, e que tem uma ampla tribuna a seguir e por cima da porta de entrada.”

Devemos ainda sinalizar o facto de possuir dois distintos lances de escadas em lages aparelhadas de basalto, para se chegar à porta de entrada. No alçado principal e do lado direito um painel de 12 azulejos com a sua designação: Ermida Jesus Maria José e do lado esquerdo ao cimo do frontão um campanário.

 Imagens presentes: Primitiva Imagem da Sagrada Família – ao centro no altar (esta imagem ficou bastante destruída aquando do sismo, tendo sido objecto de boa intervenção de restauro a cargo do Mestre Gregório; Menino Jesus de Praga; Nossa Senhora de Fátima e os Três Pastorinhos; Cristo Menino; Cristo Eucarístico; Nossa Senhora de Lurdes (Madeira); Possui 2 Telas – Nossa Senhora e o Menino. O Altar e respectivo retábulo foi restaurado, em 2011, pelo Mestre restaurador – Carlos Pinheiro. Ainda na parede do altar, no lado direito, possui um nicho onde está presente um pequena imagem da Sagrada Família


 Situada na zona Norte da ilha, na carismática freguesia dos Biscoitos, pertence a Fernando Linhares Brum e Familia, fazendo parte de um notável conjunto de imóveis e vinhas, que constituem a base da Casa Agrícola Brum e Museu do Vinho, de muita visita. 
Sobre esta Ermida escreveu Pedro de Merelim. – Freguesias da Praia - 1982: “Remonta a mais de dois séculos a ermida ora privativa da residência Brum. Mandada edificar por Matias Silveira, em cumprimento de voto formulado, se não abrangessem suas propriedades os efeitos devastadores do fogo que em 1761 se manifestou por detrás dos picos gordos. Depois pertença de Mateus Borges do Canto e do comendador Ciríaco Tavares da Silva, que por sua vez, há sessenta anos vendeu todo o prédio à família Brum.
Manuel Gonçalves Toledo Brum, quando realizou vultosas obras no seu imóvel domiciliário, transferiu a ermida do lado Sul para o do Norte da casa e dentro de recinto murado.
…mediante permissão eclesiástica, firmada pelo bispo D. Guilherme Augusto da Cunha Guimarães. Procedeu-se á sua bênção solene em 14 de Maio de 1942.
…No pequenino templo, airoso de recorte, mimosamente cuidada, profusão de flores e verdes estimados, com púlpito e coro, ressalta um lustre de madeira, trabalho de requinte e paciência, de pronunciado valor estimativo.
Tradicionalmente aberta nos Domingos de Pentecostes e da Trindade, tem também registado a visita do Rancho de Romeiros de Nossa Senhora da Conceição de Angra do Heroísmo, fazendo suas orações, resgatadas que foram à seis anos.


Imagens presentes: Ao cimo do Altar, uma Coroa do Divino Espírito Santo; Nossa Senhora de Fátima – em cumprimento de voto da proprietária de então D. Rita de Cássia Linhares Toledo Brum; Sagrado Coração de Jesus – adquirida pelo proprietário de então Manuel Gonçalves Toledo Brum; Apóstolo São Pedro – oferta de uma Cidadã Luso-americana; Santa Rita de Cássia – dádiva de Francisca Augusta Borges de Meneses/ por intenção do nome da sua nora e benzida no dia do casamento desta; Menino Jesus de Praga e Nossa Senhora Menina – oferta de Casal devotos dos mesmos em cumprimento de promessa; na parede lateral direita do altar: Nossa Senhora de Lurdes; Na parede lateral um quadro a óleo do Espírito Santo.
As ermidas são efectivamente valores e uma mais-valia nos créditos do espólio cultural da Região, sendo que, aos exemplos aqui trazidos, se deva relevar a particular atenção com que os seus proprietários lhes têm dedicado. Para além de serem vistosos e identificadores permanentes da nossa paisagem.
Devemos assim sublinhar o facto de estarmos na presença efetiva de testemunhos centrais da nossa identidade, para além da sua vocação religiosa, que deveremos, valorizar, mas também enquanto valor real do património local, que é indiscutivelmente verdadeiro, por muito que custe a uma sociedade, laica, que, felizmente, começa a claudicar, na fraqueza da sua própria natureza.

(continua)
*Investigador

terça-feira, 17 de abril de 2012

INVENTÁRIO DE PEDRAS D'ARMAS APRESENTADO EM ANGRA‏



   A obra Pedras d'Armas e Armas Tumulares do Império Português – Tomo I – Açores, da autoria de Sérgio Avelar Duarte, após ter sido lançada no salão nobre da Câmara Municipal de Ponta Delgada, no passado dia 4 do corrente mês, com a presença da presidente Berta Cabral. Falou sobre o livro e seu autor e economista e arquitecto Segismundo Pinto, um dos mais conceituados heraldistas portugueses. Será agora apresentada em Angra, na galeria do Instituto Açoriano de Cultura, no próximo dia 28 de Abril pelas 21 horas, estando esta apresentação a cargo do DRaC, Jorge Bruno.
   Sérgio Avelar lançou em 1990, na Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo o seu monumental livro Ex-líbris Portugueses Heráldicos, editado pela Civilização, que foi apresentado pelo Delegado da Academia Portuguesa de Ex-Líbris nos Açores, Jácome de Bruges Bettencourt.
  Porém, a produção deste antigo piloto de linhas aéreas africanas, tem-se mantido bastante activa, sobretudo em estudos ex-librísticos e heráldicos, em que sobressai Cartas de Brasão de Armas de Naturais ou Relacionados com os Açores, uma edição do Instituto Açoriano de Cultura, 2008, instituição de que é sócio.
   Esta obra sobre as Pedras d’Armas, cujo primeiro volume, exclusivamente, dedicado aos Açores, é um projecto, que após a sua conclusão, terá pelo menos 30 volumes, uma vez que Sérgio Avelar Duarte inventariou já, cerca de 9 mil destas peças, em Portugal continental, insular e antigo ultramarino.
   É um longo e importantíssimo estudo que o autor vem desenvolvendo há uma dezena de anos, sobre testemunhos da heráldica portuguesa no mundo e que o tem levado a viajar com permanências em terras continentais, insulares, africanas e do Oriente, para recolha de imagens e outros documentos.
   A presente edição, que já está à venda na Livraria do Adriano, é da responsabilidade da Publiçor – Letras Lavadas, tem 323 páginas e outras tantas excepcionais estampas. A sua concepção gráfica é, também, irrepreensível. Acrescente-se que este Tomo I contém trinta páginas com indispensáveis considerações sobre heráldica, elucidativas para quem aprecie o estudo desta ciência. JBB

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Festas do Espírito Santo (2)


 Biscoitos – 1º Domingo de Espírito Santo

O culto do Espírito Santo em Portugal “Tem-se, como o mais provável, este acto (o de Alenquer), simples e humilde, caritativo e belo, mas, sobretudo de uma grande devoção ao Divino Paracleto, se difundiria pelas casas opulentas, os solares dos nobres e pelos homens ricos, que logo quiseram imitar as práticas vividas na Capela Real de Alenquer. Crível, por isso, que, depois de conseguida a devida autorização do soberano, se mandasse executar coroas em tudo semelhantes à do Rei, excepto no centro, onde um símbolo do Espírito Santo as distinguia da Coroa Real.





Passou o País, cristianíssimo que era Portugal, a assistir, pelo Pentecostes dos séculos XIII e XIV a tão piedoso e caritativo cerimonial, levado a efeito principalmente nas casas nobres e ricas dos portentosos do Reino, só que mais tarde aparecendo o povo reunido em Irmandades, como forma associativa de poder realizar, também, por si, as faustosas festas do Espírito Santo, terminando-as à maneira da nobreza com touradas e jogos de canas e argolinhas.

Foi essa pia instituição que os senhores capitães - do - Donatário, devotos e crentes da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, os nobres, os navegantes e o povo agrícola e artífices, que os acompanhou na aventura dos Açores, trouxeram como costume familiar e o puseram em prática nas diferentes ilhas onde se fixaram”. 
In Valdemar Mota – “Despertar” Boletim Paroquial da Freguesia da Ribeira – Chã - Ilha de São Miguel.




domingo, 15 de abril de 2012

Sea Cloud II em Angra do Heroísmo



Está atracado ao cais do Porto das Pipas o Sea Cloud II. Alguns dos seus passageiros, cerca de sessenta, na maioria alemães, durante a estada na ilha Terceira visitaram o Museu do Vinho da independente Casa Agrícola Brum. 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Festas do Espírito Santo


 Abril de 2012- Fontinhas

Graças às missões populares dos franciscanos, que, no povoamento destas Ilhas, deixaram marcas profundas no coração dos pobres e humildes, que não decoram a teologia dos compêndios, mas percebem nitidamente o essencial da alegria, da partilha fraterna e da Bondade divina, continuada nas Obras de Misericórdia. Ler mais no A União


Lisandra e Nelson Monteiro, “Imperadores do 1º Domingo”, com a filha Catarina


Concluiu-se o ciclo pascal, com a Solenidade de Pentecostes, em que celebramos a descida do Espírito Santo, que, aqui nos Açores e na Diáspora assumem características bem peculiares de ilha para ilha. Agora, afirmamos a nossa identidade cristã ao festejarmos o Domingo da Santíssima Trindade.

Afinal, “todos os Domingos do ano são uma festa da Trindade”. Mas a fé dos que são baptizados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” e celebram o mistério da Santíssima Trindade, como que remate de todo um “bodo” de vida cristã.
Nestas Ilhas prolongam-se, assim, as coroações, de tal maneira que algumas irmandades estão organizadas para a celebração dos Dois “Bodos”: o do Espírito Santo e o da Santíssima Trindade. Ler mais no A União

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ex-líbris báquicos (8)



I.I.WINTZER
T.: Zincogravura
Col.: Museu do Vinho (Casa Agrícola Brum)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Calceteiros angrenses (11)

O anterior
A transparência no trabalho

Por: Maduro – Dias

Rua da Guarita

Tenho visto, durante as últimas semanas, em Angra do Heroísmo, um trabalho cuidadoso e bastante bem feito, na calçada norte da Rua da Guarita.
Aquilo que era uma coisa aos altos e baixos está, agora, direitinha, agradável à vista e suave debaixo dos pés. Dá gosto!
Achei interessante, sobretudo, porque o empedrado foi sendo refeito aos olhos de todos, com uma naturalidade enorme e agradável, num convívio entre quem passava - e eram muitos -, quem estava a fazer o serviço - e eram vários -, e as pilhas de pedrinhas a reaproveitar, juntamente com os montes de saibro e as ferramentas.
Reparei noutra coisa: no modo como tanta gente passava sem olhar e, principalmente, sem ver!
Agora, passam-lhe por cima, com a naturalidade da inconsciência, porque há algo mais adiante, no tempo ou no espaço, mais relevante ou urgente.
Não é a primeira vez que encontro essa atitude acerca das calçadas, mas gostava de levar esta reflexão mais longe!
A gente tem sido "treinada", de modo bastante eficaz, diga-se, a não ligar ao trabalho, seja ele físico ou intelectual, simples ou mais complexo, repetitivo ou mais variado, que está por detrás de tudo.
Não é só com as calçadas, é com tudo!
Agora, as coisas como que "nascem", vindas de uma outra dimensão qualquer e tornam-se disponíveis, diante dos nossos olhos, de tal modo que é como se elas não tivessem por detrás de si, toda uma história de organização, trabalho, pensamento, esforço, antes de surgirem.
E não é assim!
Nunca foi assim!
Durante séculos e milénios as comunidades, rurais ou urbanas, souberam e viram, todos os dias, as mãos dos artistas e artesãos fabricarem tudo o que era necessário, diante dos olhos ou muito próximo deles.
Havia ferreiros, sapateiros, pedreiros, tanoeiros, carreiros, telhais, padarias, moinhos, tecelãos, carpinteiros... 
As pessoas estavam, literalmente, rodeadas de actividades produtivas e, desde pequeninas, viam que o leite não nasce nos pacotes, percebiam que o pão vem da farinha trabalhada e do forno, que as mantas e roupas vinham do tear e o fio passava por muitas voltas antes de ficar em condições. Eram capazes de valorizar e considerar um preço justo para cada pedacinho de esforço humano, físico ou intelectual.
Agora chegámos ao ponto de uma criança não perceber porque é que a Branca de Neve se picou no fuso, pois as crianças não sabem (salvo raríssimas excepções) como é um fuso e não conseguem, a partir daí, compreender quão suave teria de ser a pele da princesa para se picar.
Este modo, absoluto, como deixámos de ver, de perceber, de compreender e de integrar os processos produtivos que estão por detrás de cada coisa, no momento em que a compramos, é trágico!
Porque o trabalho não pode ser "transparente"!
Porque é no conhecimento desses processos que está a possibilidade da inovação e do empreendedorismo, tão falados como remédios dos males que nos afligem.

In Azores Digital – 30 de Novembro de 2011

segunda-feira, 9 de abril de 2012

(Ao meu amigo Luis… pela visita ao Museu do Vinho)

Abril de 2012


Cheirou a mosto,
nas minhas mãos,
Cheirou lembranças no meu cansaço,
e o toque das coisas,
deixou salpicos,
de salga e mar,
"Rumando aromas",
De eternamente,
Gotícula líquida,
Na minha mão...
Alma de jovem,
Olhos de cor...
Rugas perdidas, No teu "País da aventura",
E o teu "pedaço",
Que até tem asas,
Para o levar...
E ficou-me o cheiro,
Desse fruto embalado de mar,
O escorrer do sumo,
Quando trincado-saboreado-de saber-de-mel,
De tão "madurado",
Em caminhos de verde e dourado...

Obrigada pela visita e um abraço das cores do "teu quintal", num nó atento, por tanta fadiga alongada no tempo! Mizé

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Procissão do Senhor Morto


 Há os devotos do “Enterro do Senhor”. Mesmo entre os não crentes, mais amigos das trevas da noite de todas as iniquidades, do que a plena Luz, que a todos deve iluminar. É que Cristo Ressuscitado incomoda muitos, até os próprios cristãos! Ler mais in A União


Para muitos seria um alívio que a Crucifixão nunca tivesse existido. Não é pelo facto de se mandarem retirar os crucifixos que se pode negar a Crucifixão daquele que ressuscitou ao Terceiro Dia. Nem é despenalizando os traidores que se apagam as traições.  Ler mais in A União