Encontra-se na ilha Terceira Lúcia dos Santos, Mestre em Migrações, Minorias Étnicas com Habilitações Especifica em Sociologia, Professora na Universidade Potiguar (Natal- Brasil) e Tutora
E-learning na Universidade Aberta de Portugal.
Durante a estada na Ilha visitou, na companhia de Amílcar Martins, Coordenador do Mestrado em Arte e Educação do Departamento de Educação e Ensino à Distância na Universidade Aberta, o Museu do Vinho dos Biscoitos da Casa Agrícola Brum Lda.
A inspiração de Amílcar Martins Durante a visita ao Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum, Amílcar Martins enceta na escrita de um pequeno texto sobre a jornada do dia, o qual divulgamos aqui.
“Que prazer estar aqui no Museu do Vinho, nos Biscoitos, Terceira, Açores. Acolhimento de carícias de cheiros e de imagens de transcendência concentradas neste final de tarde de Agosto. Venho do longe aqui tão perto. Venho do centro da ilha da Terceira e do interior da sua deslumbrante terra vulcânica de Algar do Carvão. Nome mágico este: Algar do Carvão! Uma comoção gerada pelo culto interior da catedral das rochas.
Que beleza tamanha à qual ligo a arte dos vinhos com outro nome mágico: Biscoitos!
A partitura é perfeita, deixemo-la divagar pelos andamentos da memória...
As vinhas aqui, próximas do mar, fragmentado em mosaicos minimais de videiras rastejantes, são envoltas de rocha preta vulcânica que concentra o calor solar numa espécie de colo quente para cada bago de uva nascente. Tal como lá em baixo, junto à orla do mar balnear, a pedra preta acalma a aparente frieza da água, para a tornar ainda mais acolhedora nos banhos terceirenses das suas piscinas naturais. Biscoitos, pois então, na generosidade de seu banhos de rochas vulcânicas...!
Em ponto de fuga liberto outras notas da memória...!
Já cá tinha estado há anos atrás aquando da minha participação num fecundo estágio de verão que frequentei, creio que em Agosto de 1993, organizado pelo Gabinete de Emigração do Governo dos Açores e pela Universidade dos Açores. Juntamente comigo, que representava os animadores culturais da província do Québec, Canadá, encontravam-se vários outros representantes da Diáspora açoreana, designadamente do Brasil, dos Estados Unidos da América e da província do Ontário, Canadá. Éramos uns 30, tanto quanto me lembro...
Nessa época, em 1993, encontrava-me cursando o doutoramento em Ciências de Educação, Artes, na Universidade de Montreal, e reservava alguns momentos para colaborar de forma muito activa com a comunidade portuguesa do Québec. Fazia-o através de intervenções semanais na televisão comunitária de Montreal, e também através da presença regular de artigos nos jornais comunitários locais. Ocorre-me que o estágio que havia frequentado nos Açores, em 1993, tinha-me permitido apreender muito melhor a identidade cultural açoriana, o seu carácter e tradições, bem como o sentido tendencial de algumas das suas aspirações. Afinal, grande parte da população de origem portuguesa que vivia no Canadá eram açorianos, os quais, naturalmente, marcavam de forma muito relevante as iniciativas locais, designadamente na comunicação social, na vida social dos clubes e associações, na expressão do património folclórico, artístico e religioso...
Hoje, ao celebrar aqui na Adega Brum os "Bagos de Uva de Biscoitos" - na sua expressiva forma de elixir e de sinal de transcendência e elevação da vida -, o vinho celebrante do encontro e da amizade, recorda-me uma ampla teia das viagens no tempo açoriano da Diáspora. Tempo amorosamente fecundo que liga os Açores à sua Diáspora canadiana, americana e brasileira.
Pois então, amigos (as) ArteNautas e InterNautas - aqui e agora -, proponho-vos um brinde viajante de união e de partilha:
Elevamos os nossos cálices do pensamento contido na palavra mágica de Biscoitos, lugar único de tamanha beleza, e viajemos até ele provando o calor do néctar de Baco embalado pelo colo da mãe negra da rocha vulcânica açoriana! Saúde!"
Amílcar Martins