sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Uvas ao poder !


Braços vindos de lugar distante,
Com sentido destapar a terra,
Soltas as lavas mais adiante,
Há séculos cuspidas da serra,
Povoadores com um fim leal,
O seu sangue fervilhando vida,
Estranhos filhos do meu Portugal
Produzindo vinho à medida.


Com muitas ferramentas luzentes,
As uvas já em passa com o sol,
Curraletas como combatentes,
O trabalho autêntico farol,
Temos lava com sangue tingida,
Não se via um braço a parar,
O seu sangue fervilhando vida
Como era belo o seu cantar.


Todos serão juntos num combate,
Para lutar não faltará ninguém,
Só mesmo depois deste embate,
Nas curraletas viverá alguém,
Ao anoitecer mãos já feridas,
Foram todas as videiras contar,
O seu sangue fervilha vida
Como era belo o seu cantar.



Anos e lutas continuaram,
Serão vencedores mais uma vez,
Mas eles já os embriagaram,
Quem lhes deu o tal valor português,
Lava para alguns esquecida,
Já o poder os fizera calar,
Sangue ainda fervilha vida
Quase não os ouvimos cantar.


Despojados de grandes louvores,
Temos Bravos da ilha Terceira,
Salvar a cultura sem favores,
Contra inimigos da videira,
Defender paisagem oprimida,
Na frente da luta continuar,
Sangue ainda fervilha vida
Para sempre os ouvirmos cantar.

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