segunda-feira, 31 de março de 2008

Confraria do Vinho Verdelho recebe O.C.S.

Nos passados dias 28 e 29 de Março foram recebidos na Sede da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, Açores, pelo seu grão Mestre Jácome de Bruges Bettencourt, os Órgãos de Comunicação Social que se encontravam a trabalhar na ilha Terceira, ou sejam a VIP; Caras; TV Guia; Correio da Manhã; TVMais; Nova Gente; Lux; Flash; 24 Horas; Focos e Diário de Notícias.
Aquele dirigente da C.V.V.B. após oferecer exemplares da revista "Verdelho", editada por aquela Associação báquica açoriana, a cada um dos presentes, aproveitou a ocasião para informar que, entre os próximos dias 24 e 27 de Abril, vai realizar-se na cidade da Praia da Vitória, o II Simpósio das Confrarias Báquicas e Gastronómicas de Portugal, organizado por esta dinâmica Confraria.
Este Simpósio vai contar com a participação de dezenas de confrarias nacionais, vitivinicultores, enólogos, enófilos, técnicos, empresários do ramo, (hotelaria e restauração), professores e alunos do ensino universitário e técnico profissional, escanções entre outros.
É uma acção aberta a todos aqueles que se interessam pelas temáticas que aqui serão tratadas por "experts" conceituados que se deslocam à ilha Terceira.

Paralelamente estes jornalistas e repórteres de imagem, visitaram o Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum Lda. que muito apreciaram tendo-lhes sido oferecido uma prova dos vinhos da sua lavra, nomeadamente o branco de mesa "Donatário" e os licorosos "Chico Maria". De registar a arte de bem receber, apanágio da mais antiga casa agrícola em actividade, em que se via uma "mesa posta" com "favas de molho d'unha", batatas cozidas com malagueta e outros aperitivos.

P.O.

O director da "Verdelho" ladeado por duas caras bonitas

O Grão-mestre em diálogo com os jornalistas

Os jornalistas na sede da Associação enófila da ilha Terceira

...os profissionais apreciando a revista "Verdelho" editada pela Confraria.

O Diploma e troféu atribuidos à Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, 1º Lugar num Concurso Nacional, não escaparam às objectivas ....

Apreciando a paisagem e bons ares dos Biscoitos

domingo, 30 de março de 2008

Festas ao Paráclito

A Terra Açoriana é fértil em manifestações festivas tanto religiosas como profanas e as modalidades artísticas acompanham-nas a par e passo.
As festividades nos Açores estendem-se ao longo de todo o ano mas proliferam sobretudo com o renascimento da Primavera, época propícia a arraiais como os dos Bodos do Espírito Santo e das touradas à corda da Ilha Terceira, gosto que se vai estendendo também a outras ilhas, sobretudo às do Grupo Central.
Mas, sem sombra de dúvida, são as Festas do Espírito Santo as que mais se evidenciam em todo o Arquipélago.
Estas iniciam-se com o içar do estandarte próprio de cada Império no Sábado de Aleluia e que ali permanece até ao Domingo da Trindade data em que se encerra o ciclo das festas ao Paráclito dando-se então inicio às "Festas de Verão" que só terminarão com a chagada do Outono.
Há poucos anos o estandarte desfraldava, no topo do "mastro grande" (mastareu) sustentado por uma pedra furada ou uma velha mó de moinho junto de cada Império.
Actualmente o pau (madeira) deu lugar ao ferro pintado ( galvanizado ou não), mas a tradição das "Bandeiras Pintadas à Mão", ainda subsistem, em alguns dos Impérios, deixando gravadas a alma do artista que a idealizou e pintou.
Recordamos os Mestres terceirenses (século XIX e XX), Mestre Bugango (Francisco Vieira Toste) da Vila de São Sebastião, Manuel Félix Tavares(Mestre Félix), José Cardoso Justino da freguesia de Fontinhas. Já no século XXI, Diana Pimentel, da freguesia de Biscoitos dá continuação a esta tradicional manifestação artística do povo açoriano.


Bandeira desfralda alma artística de Diana Pimentel

Angra do Heroísmo e Oeiras assimam protocolo de cooperação

A assinatura, por sinal no “Dia Mundial do Teatro”, entre os Municípios de Angra do Heroísmo e Oeiras, nos Paços do Concelho, da Cidade Património Mundial classificada pela UNESCO, para áreas culturais da maior importância, que poderão compreender intercâmbios de espectáculos, artistas e técnicas. Pretende-se promover acontecimentos de grande qualidade artística.

Deslocaram-se a Angra para dar cobertura a este acontecimento, órgãos de comunicação social como a VIP; Caras; TV Guia; Correio da Manhã; TV-Maistençe-se; Nova Gente; Lux; Flach; 24Horas; Focus; Diário de Notícias, para além de quase todos as congéneres terceirenses.

O acto solene deu-se entre as Vereadoras da Cultura de Angra e Oeiras.

O Município Angrense aproveitou a ocasião para mostrar o seu concelho e assim, o que o distingue dos outros, pelo que ofereceu um roteiro turístico, cultural, enogastronómico aos representantes dos O.C.S. que estão na ilha Terceira desde o dia 26.

A cidade sobretudo a zona classificada, foi minuciosamente mostrada, assim como o Museu do Vinho dos Biscoitos da Casa Agrícola Brum Lda., que sempre tem merecido especial atenção da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo. As fotos que publicamos referem-se a este espaço privado.










sábado, 29 de março de 2008

Está na hora... de mudar a hora!


Mal a Primavera chegou
A hora já é a de Verão
Porque a Terra não se enganou
E andou sempre em rotação!

É uma coisa tão tola
Nós andarmos em rotação
Enquanto se almoça em Lisboa
Ser outro dia no Japão!...

Mas não espere favores
E o relógio vá acertar
Pois por terras dos Açores
Vai mesmo a hora mudar.

Não esqueça: Os relógios serão adiantados 60 minutos às zero horas do tempo legal.
Tenha muitas horas felizes e a capacidade de esquecer as outras.


Zézinha

sexta-feira, 28 de março de 2008

Pela Primeira Vez obra destaca os Açores na Maçonaria


No próximo dia 17 de Abril, decorre no Palacete Silveira e Paulo de Angra do Heroísmo, a apresentação da obra “A Maçonaria Portuguesa e os Açores 1792 | 1935″, da autoria de António Lopes com um destaque especial para os Açores. Berço de algumas ideias liberais e constitucionais, laboratório exemplar do conflito entre as novas ideias emergentes e forças mais conservadoras, os Açores desempenharam um papel fundamental no triunfo da opção liberal que o país tomou na primeira metade do século XIX.Torna-se interessante sobrepor o aparecimento de lojas conotadas com o cartismo e o setembrismo, ou a presença carbonária, às variações políticas então vividas, localmente e no continente. Da mesma forma, nos Açores, podemos assistir ao confronto entre a República e a Igreja, talvez de uma forma mais dramática que no continente ainda que menos espectacular, e podemos assistir a intervenção de Lojas na sociedade por períodos mais longos que no continente. A metodologia seguida baseou-se na recolha intensiva da informação conhecida, de onde se partiu para a procura de fontes inéditas ou pouco exploradas. Em termos metodológicos optámos também por abordar sequencialmente a Maçonaria nos Açores desde o início de oitocentos, relacionando-a com a ida de D. João VI para o Brasil e com a importância que os que foram deportados para as ilhas tiveram na difusão do ideal maçónico e das ideias constitucionais. Destes factos partimos para a compreensão do funcionamento das Lojas maçónicas na época, com mais ou menos limitações em termos de organização, mas cujas características de base chegam aos dias de hoje. Um olhar mais focado sobre as Lojas locais leva-nos a conhecer a Amor da Liberdade, a União Açoriana ou a 1º de Dezembro de 1640, entre outras, a compreender o associativismo na Horta, em Angra do Heroísmo e em Ponta Delgada, fenómenos de uma sociedade urbana em desenvolvimento, com necessidades sociais decorrentes dessa expansão e que chega a finais do século XIX já com o conhecimento do ideário republicano.Por último, surge no final deste estudo a situação da maçonaria açoriana durante a Ditadura e a Revolta dos Açores. O livro termina com um levantamento exaustivo de todas as Lojas açorianas conhecidas, assim como os seus quadros de 1792 a 1935. Nesta obra apresenta-se uma visão da evolução histórica da Maçonaria Portuguesa, nos Açores, mas também no continente, com particular destaque para a sua intervenção na sociedade açoriana. ANTÓNIO LOPES. Nascido em 1959, em Lisboa .Licenciado em História, com a classificação de 15 valores. Maior em História e Minor em História Contemporânea séc. XVIII a XX pela Universidade Nova de Lisboa. Mestrado em História do século XX com a tese subordinada ao tema A Maçonaria Portuguesa e os Açores 1792 – 1935, com a classificação de Muito Bom por unanimidade.

Director do Museu Maçónico Português, desde 2003, no qual efectuou uma profunda intervenção em matéria de investigação, apresentação e conservação do seu espólio, assim como na imagem e na comunicação, Por isso, este Museu foi internacionalmente reconhecido, entre os seus congéneres, como um dos melhores museus maçónicos a nível europeu. Igualmente este Museu mereceu, da parte da Câmara Municipal de Lisboa, a distinção de ser considerado um equipamento de relevante interesse cultural e turístico para a cidade.

Membro do Conselho Cultural da Associação Industrial Portuguesa (2005 – 2006);
Consultor do IPPAR para a área da fotografia, tendo então elaborado um parecer sobre a Casa Museu Carlos Relvas, na Golegã, com vista à sua recuperação museológica (2000-2002).

Presidente da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica, desde 1997.

Responsável pela área de projectos e pela concepção, planificação e organização de acções de formação da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica.

Director da Escola de Fotografia da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica, coordenador pedagógico e professor, desde 1998.

Professor de Fotografia e História da Fotografia em diversas entidades públicas e privadas (desde 1992).

Conferencista no Colóquio O Regicídio 1908–2008, promovido pelo Instituto de História

Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (2008).

Conferencista no Congresso “Poder Local, Cidadania e Globalização”, inserido nas comemorações dos 500 anos da cidade da Ribeira Grande, em S. Miguel (2007);

Conferencista no Colóquio Internacional “O Liberalismo nos Açores – O tempo de Teotónio de Ornelas Bruges” (2007);

Conferencista na Bienal de Fotografia da Moita com o tema
História da Fotografia em Portugal (2003).
Frequência dos seminários “Elaboração de Projectos na Área Cultural e Fontes de Financiamento ” e “Patrocínio e Mecenato”, promovidos pela EVCOM (2204).

Curso de Formação Pedagógica de Formadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional (1999).

Conferencista convidado para o colóquio
O Direito de Autor e a Obra Fotográfica, promovido pelo Centro Português de Fotografia / Ministério da Cultura, no Porto, com uma intervenção subordinada ao tema O Ensino, o Mercado e os Direitos de Autor (1998).
Colóquio a
História da Fotografia em Portugal na Vª Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira (1997).
Produtor de várias exposições de Arte e de Fotografia, de entre as quais se destacam a Bienal de Fotografia de Cascais (2000);

Consultor de fotografia para leilões e investimento em obras de arte com artigos e entrevistas publicadas na imprensa (entre 2000 e 2002).

Autor da obra A Maçonaria Portuguesa e os Açores 1792 – 1935 /2008).

Autor da obra
Gomes Freire de Andrade – um retrato do homem e da sua época (2003).
Trabalhos publicados na imprensa escrita nas áreas da Cultura, Fotografia e História (1998-2007).

Crítico de arte e fotografia para a revista Artes e Leilões (2002), Jornal Expresso (2002) e A Capital (1996-2002).


Força Juventude!


Se os jovens soubessem a força que têm...

Porque se comemora mais um Dia Mundial da Juventude, julgamos ser tempo de decidirmos falar menos nos "problemas da Juventude" e fazermos o impossível por os minimizar.
Apostemos nos nossos jovens, na sua educação e instrução por não deixar que trabalhem porque não lhes dão trabalho.
A Juventude é o motor de um país, não podemos deixar que lhes falte o combustível...
A falta de ocupação da Juventude é a "pouca sorte" de uma nação e pode conduzi-la à ruína...
Nós acreditamos nos jovens e por isso continuamos a acreditar que este Mundo há-de ser melhor!
Fanda

quinta-feira, 27 de março de 2008

CEM ANOS SEM REI em Conferência

Presidente da Real Associação da Ilha Terceira,
Dr. João Maria Mendes durante a sua intervenção.
Na mesa ainda o Presidente da Assembleia Geral
Dr. Vasco Parreira e o Conferencista convidado Professor Mendo Castro Henriques

O Professor Doutor Mendo Castro Henrique durante a sua brilhante conferência nos Açores.

Realizou-se ontem, pelas vinte horas e trinta minutos, no Auditório da Caixa Económica da Misericórdia, à Rua da Sé, a conferência: «Cem Anos sem Rei – Regicídio, Juriscídio e Reposição da Justiça», proferida pelo Professor Doutor Mendo de Castro Henriques, e promovida pela Real Associação da Ilha Terceira. A sessão contou com a presença de cerca de cinquenta participantes.

Iniciou a sessão o Presidente da Direcção da Real Associação da Ilha Terceira, Dr. João Maria Mendes. As suas primeiras palavras sublinharam os propósitos daqueles que se sentem afectos ao ideal monárquico – não nos movem as preocupações com o grau de probabilidade da restauração da Monarquia em Portugal, mas sim a convicção profunda de que o regime monárquico é aquele que melhor serve o país, o Portugal do presente e o do futuro. Em seguida, apresentou sumariamente os objectivos da Real Associação da Ilha Terceira, unida a todas as Reais Associações, que se congregam na Causa Real. Salientou o facto de que a Real Associação não é um partido político, mas sim um movimento de cidadãos que pretendem contribuir para a qualidade da democracia portuguesa. Na verdade, a Real Associação está aberta às mais variadas tendências políticas, unindo pessoas da Direita à Esquerda, filiadas ou não em partidos políticos. Assim também se manifesta essa inigualável característica de uma monarquia – o interesse e o bem comum são supra-partidários. Ficou, naturalmente, em aberto a possibilidade de se poderem inscrever aqueles que ainda não são membros da Real Associação da Ilha Terceira. Seguiu-se a apresentação do conferencista, o Professor Mendo de Castro Henriques, docente na Universidade Católica Portuguesa, e autor de vários livros relacionados com a Monarquia portuguesa.

Passou-se de imediato à conferência do Professor Mendo de Castro Henriques, nitidamente dividida em duas partes. Na primeira, houve uma reapreciação do contexto do infausto acontecimento do Regicídio. Ficou patente que a teia urdida pelos conspiradores foi muito mais complexa do que se pensava até há pouco – desde a Carbonária, cuja organização em células hierarquizadas da base até ao topo da chefia dificultava o controlo e a investigação das autoridades, até à Maçonaria, na sua complexidade de tendências pró ou anti-monárquicas, passando mesmo pelo papel conspirador dos monárquicos dissidentes. Foi também expressiva nesta primeira parte da conferência a noção do “juriscídioincerta no título da mesma. Afinal, nunca foi feita justiça em relação à morte dos dois portugueses assassinados a 1 de Fevereiro de 1908, com a agravante de esses dois portugueses serem Sua Majestade El-Rei D. Carlos e Sua Alteza Real o Príncipe D. Luís Filipe, rostos da Nação. O processo judicial, instaurado pelo ainda regime monárquico, perdeu-se para sempre com o advento da República. Crime sem castigo. E esse facto revela de forma gritante a subversão do Estado de Direito e a derrogação da Lei e da verdade. Perdeu-se a justiça pelos conluios tenebrosos daqueles que, através do terror, não poderiam dar outro fruto senão o caos sanguinolento vivido por Portugal entre 1910 e 1926. O dito Estado Novo, em grande medida, foi o preço a pagar por uma República bem distante dos mais profundos interesses da “rés publica” portuguesa.

Em todo o caso, a principal afirmação do conferencista – e somos chegados à segunda parte da conferência – é de que a tradição democrática portuguesa, desde os tempos de D. Afonso Henriques, era capaz de congregar a vontade do Povo com a autoridade do Rei. Assim, em rigor, será errado falar da “jovem democracia portuguesa”, referindo-nos ao regime pós 25 de Abril, pois a democracia portuguesa é velha de séculos. As correntes absolutistas, vividas em Monarquia, e as ditaduras opressivas da I e II Repúblicas são a adopção de sistemas estrangeiros, que instauraram uma lógica de um Estado a impor-se ao Povo. O que é a mais lídima tradição portuguesa é a da decisão por todos daquilo que a todos diz respeito – como acontecia quando eram convocadas as Cortes e no período da Monarquia Constitucional. Mesmo o nosso presente é muito mais o triunfo de uma plutocracia e “partidocracia” do que propriamente uma transparente expressão da vontade do Povo.

Depois deste longo luto e, porque não, orfandade do Povo Português («Pois, rei não quer dizer pai comum de todos?» - perguntava a inolvidável personagem de Garrett), é legítimo e justo desejarmos um Portugal devolvido a si mesmo. Esta seria a reposição da justiça: não andarmos, como Povo, sujeitos às leis do mercado político, mas termos direito a um Rei, a uma «Pátria em figura de gente».

Viva o Rei! Viva Portugal!

R.A.I.T.


Alguns (?) monárquicos aplaudindo



Após a cativante conferência seguiu-se um convívio muito interessante, que envolveu inclusive, referências sobre o livro O PROCESSO DOSSIER Regicídio DESAPARECIDO, já na sua 2ª EDIÇÃO, seguido duma sessão de autógrafos.



"Um mundo de pessoas sem respeito pela liberdade, pela verdade dos factos, pela visibilidade de organizações e teorias da vida, pelo empenhamento do bem comum, escolhe sempre as conveniências.
Para defender a democracia, aprofundando a missão dos direitos do ser humano, é esta obra uma oportunidade sagaz!"
Januário Torgal Ferreira, Bispo

O Secretário da Real Associação da Ilha Terceira,
Dr. Sérgio Toste, orientando a sessão de autógrafos.


Os cumprimentos e o diálogo com o Professor Mendo de Castro Henriques foi notório.

Os jovens marcaram a sua presença, defendendo os seus ideais monárquicos.


O Dr. Sérgio Toste com o Professor Mendo Castro Henriques

Mensagem para o Dia Mundial do Teatro, 27 de Março de 2008

"Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula: Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto. Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal. Actualmente, a luz dos projectores substituiu a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira. E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador. A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração?

Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e ideias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra. É verdade que a brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar."

Robert Lepage, actor e encenador canadiano

Alguns incêndios em Teatros

Opéra -Comique, ano de 1898.

Neste Dia Mundial do Teatro, em jeito de homenagem, deixamos aqui registados alguns incêndios:

Teatro Iroquez, em Chicago, no dia 30 de Dezembro de 1903, 587 mortos.

Teatro Real de Quebec, em 12 de Junho de 1846, 200 mortos.

Teatro de Couway, em Brooklyn, em 1876, 283 mortos.

Teatro Lehman, S. Petersburgo, 14 de Fevereiro de 1836, 800 mortos.

Teatro de Cantão (China), 15 de Maio de 1845, 1670 mortos.

Teatro de Tien-Tsin, Junho de 1872, 600 mortos.

Teatro do Sacramento, 10 de Dezembro de 1876, 110 mortos.

Teatro Municipal de Nice, 23 de Março de 1881, 200 mortos.

Teatro do Reng (Viena de Áustria), 8 de Dezembro de 1881, 794 mortos.

Teatro do Buff, Moscovo, 7 de Janeiro de 1883, 300 mortos.

Ópera Cómica de Paris, 25 de Maio de 1887, 77 mortos.

Teatro Real de Exeter, 5 de Setembro de 1887, 127 mortos.

Teatro Baquet, no Porto, 21 de Março de 1888, 170 mortos.

Teatro de Cantão (China), Fevereiro de 1897, 230 mortos.

Bazar de caridade, em Paris, que ocorreu a 4 de Maio de 1897, 124 mortos.

In Almanaque Açores ano 1919


27 de Março - Vamos ao Teatro

Angra do Heroísmo(Açores) ano 2008. Teatro na cidade Património Mundial

Hoje é dia de arte, diversão e cultura. Daquela arte, diversão e cultura que se veste de comédia e drama e por isso, tal como a vida, umas vezes nos faz rir e tantas outras chorar...
No palco da vida, cada um de nós é candidato ao papel principal e representá-lo não é fácil.
Muitos dos "actores" que sobem ao "palco" nem sempre dão atenção ao "ponto" papel desempenhado pela consciência de cada um.
Dizia Pascal: "A consciência é o melhor livro e o que menos se consulta."
Tomemos consciência da importância das diferentes formas de cultura nas nossas vidas e... vamos lá ao Teatro!

Fanda

O "Angrense" no Dia Mundial do Teatro

O início da edificação do Teatro Angrense na ilha Terceira (Açores) foi a 2 de Outubro de 1855.

Inaugurado a 22 de Novembro de 1860, por uma Companhia de Lisboa, dirigida pelo actor Porfírio Martins com um elenco sonante: Lino Mesquita, António Mendes Leal, Joaquim Silva, Nunes da Silva, Cordeiro, Maria da Assunção e Brito e Maria do Carmo.

A sua edificação foi abraçada por uma comissão de accionistas.

Dispunha de 50 camarotes em três ordens, 152 lugares de plateia, 63 cadeiras, de uma salão no andar nobre, e de um bar no rés-do-chão.

Comportava 14 camarins de exígua dimensão (Sampaio, Memória, 204).

Condenado em 1917, as obras de restauro começou no ano seguinte (“A União”, de 24 de Outubro de 1918).

A actriz Maria Matos reinaugurou-o a 19 de Março de 1926, depois da sua reconstrução sob projecto e direcção do coronel Eduardo Gomes da Silva.

Fonte: Pedro de Merelim. As 18 Paróquias de Angra. 1974. 668 a 669

Com o terramoto de 1 de Janeiro de 1980 foi modificado por outras acções...


quarta-feira, 26 de março de 2008

Dia do Livro Português

O Livro é um monumento fúnebre indestrutível
onde o autor depositou a sua alma
.
Os Livros
.
Não é difícil acreditar em Cícero quando diz que “uma casa sem livros é um corpo sem alma”.
Sempre defendemos que se deve conviver com livros desde a mais tenra e desde sempre nos temos empenhado em oferecer livros às nossas crianças em substituição das pistolas, espingardas, metralhadoras...ou qualquer outro instrumento bélico.
Pois não devemos incentivar à violência quando queremos acabar com ela.
Há livros para todas as idades, desde os livros de pano que se podem usar no berço...
O gosto pela leitura adquire-se e é saudável adquiri-lo desde muito cedo.
Um livro é a terapia ideal para combater a solidão e pode ser passaporte para quem gosta de viajar e não pode sair de casa...
Aprovamos por inteiro a actual frase publicitária: “Mexa-se pela sua saúde” e acabamos de criar outra para a complementar:”Leia, para se sentir melhor”.
“A Leitura é para a mente o que o exercício á para o corpo” disse Joseph Addison.
“Dia do Livro Português”. Leia, hoje, um deles e quererá conhecer outros. Temos tantos e tão bons!... Tantos dias dedicados aos livros! Porque os esquecemos?

Fanda

terça-feira, 25 de março de 2008

"Cem Anos sem Rei - Regicídio e Reposição da Justiça"

Da dinâmica Direcção da Real Associação da Ilha Terceira , recebemos a seguinte informação, relativamente à conferência a realizar amanhã em Angra do Heroísmo, nos Açores, pelo Professor Mendo de Castro Henriques, que passamos a divulgar na integra :





A Real Associação da Ilha Terceira promove amanhã, quarta-feira, dia 26 de Março, uma Conferência proferida pelo Professor Doutor Mendo de Castro Henriques intitulada “Cem Anos sem Rei – Regicídio, Juriscídio e Reposição da Justiça”, pelas 20:30 horas, no novo auditório da Caixa Económica da Misericórdia de Angra na Rua da Sé.
No ano em que se evoca o 1º centenário do Regicídio do Rei D. Carlos e do Príncipe Real D. Luís Filipe, o orador defende a tese que, na história de Portugal, o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908 é o passo decisivo para a destruição da embrionária democracia portuguesa da Monarquia Constitucional que culminou no golpe de Estado de 5 de Outubro de 1910. Crime de lesa-majestade contra o rei D. Carlos e o Príncipe real D. Luís Filipe, também é entendido como crime contra o povo português e objecto de repulsa pela maioria da população. Conforme sondagem recente da UCP (CESOP 2002), 76.5 % dos inquiridos considera-o "um crime horroroso", 18,8% "um mal necessário" e 4,6% "uma coisa boa para o país". Os tempos mudam. Há cem anos atrás, a campanha de apoteose dos regicidas desencadeada pelo Partido Republicano prenunciou a "balbúrdia sanguinolenta" da 1ª República, entre cujas centenas de mortos em atentados e revoltas tombaram em 1918 um dos seus presidentes, Sidónio Pais, e Machado Santos, Carlos da Maia e António Granjo, seus fundadores, em 1921.
A fórmula "Deus, Pátria, Autoridade" do Estado Novo de Salazar, foi o preço pago pelo "Anti-clericalismo, Regicídio e Revolução" da 1ª República. O marquês de Sade principia a sua Filosofia na Alcova com o incitamento "Ainda um esforço, franceses! Já matastes o vosso rei, falta matar o vosso Deus!" O código do regicídio é semelhante, embora a sequência das injunções seja diferente. Como escreveu Agostinho de Campos, «ninguém sabe ou calcula, quando se mata um rei, o que é que morre com ele e quantos séculos de história podem afogar-se numa pequenina gota de sangue.».


Angra, 24 de Março de 2008


A Direcção da Real Associação da Ilha Terceira

O Terrorista Português na TAP

O terrorismo, palavra-moda do século XXI, representante supremo do mal e o diagnóstico mais ouvido pelos políticos internacionais. Uma palavra que, de tantas vezes pronunciada, se torna banal e sem significado. Isto até que o mal bata à sua porta.

Deve ter sido assim que os passageiros num voo da TAP, durante a época do Natal de 2007 se sentiram. Retidos num autocarro durante uma boa meia-hora, por razões ainda desconhecidas, viram entrar um segurança do aeroporto de Lisboa, que com o laconismo típico, chama um nome: "Bruno Faria!" (este é um pseudónimo, pois claro).

Após um pequeno silêncio, há uma resposta do fundo do autocarro, quase apenas um murmúrio – Aqui! – Surge então uma figura, de porte encorpado, com um casaco preto e uma mala de aspecto pesado que obrigava a personagem a inclinar-se, cedendo ao seu peso. A cara era coberta por uma densa barba, terminando em cima com um chapéu de marinheiro, também preto. O segurança faz sinal para o acompanhar e ambos saem do autocarro.


Deixados sem informação e com espaço para especular, os ocupantes do autocarro começam a tentar deduzir a razão do atraso com as poucas peças que tinham. Um avião atrasado, um passageiro sombrio chamado por um segurança e uma mala pesada. Começam então a dizer: "É um terrorista português!", " ...e aquela mala é onde está a bomba!", " ...pois bem, viram que ele tinha barba?", "Mas é por causa dele que estamos atrasados, devem estar a prende-lo...". Isto até que os deixam no avião. Passados uns minutos, tendo pensado que tinham resolvido o caso, viram entrar o suposto "terrorista português" no avião, com a sua pesada mala. Com este novo facto as opiniões divergem. Há quem se acalme e pense que não deve ter sido por isso que se atrasou o avião, sendo ele um passageiro normal. Outros, pelo contrário, afirmam que ele foi a causa do atraso, e que se o deixaram ir foi porque ele afinal não tinha a bomba com ele, mas que não deixava de ser suspeito. E lá o avião seguiu a viagem sem mais delonga até à Ilha Terceira nos Açores.





A bomba com símbolo de qualidade: MADE IN PORTUGAL

Mas eis o que se passou com o alegado terrorista: Estava eu no autocarro à meia-hora, quando um segurança me chamou e disse-me para o seguir. Eu saio do autocarro, sigo-o pelo inferno que é o Terminal 2, até à zona das bagagens, para eu abrir a minha mala, porque dentro tinha um dispositivo suspeito. Esse dispositivo acabou por ser um fogão Primus, antigo, de colecção, que levava para o meu avô. Feita a verificação, pude seguir viagem e por ai ficou. Muito mais tarde, pelo Carnaval, no espaço Karnart, encontro um passageiro desse voo, sendo a primeira coisa que ele me conta exactamente isto que se passou entre os passageiros. Foi então por uma mera casualidade que descobri toda esta especulação pela minha ida à central de bagagens. Há coisas estranhas, não?

L.P.B.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Antigos Estudantes de Coimbra nos Biscoitos

Uma homenagem a Vitorino Nemésio

No dia 22 de Março 2008 um grupo de amigos, antigos estudantes de Coimbra, visitaram o Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum na Região Vitivinícola dos Biscoitos. Foram: a Dr.ª Ana Maria Albuquerque Matos Galvão da Silva, Directora do Gabinete de Coordenação de Colheita de Órgãos e Transplantação dos Hospitais da Universidade de Coimbra; a Dr.ª Maria da Conceição Toste Brum Pacheco, Proprietária e Directora Técnica da Farmácia Lisboa, em Angra do Heroísmo; a Professora Doutora Teresa Lima da Universidade dos Açores e Grão Escanção da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos; o Professor Catedrático João Galvão da Silva, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, membro do Conselho Superior de Magistratura, ex-deputado da Assembleia da República e ex-Secretário de Estado Adjunto do Professor Mota Pinto.
Tendo degustado os vinhos “Donatário” de 2006 e os licorosos doces e meio-seco “Chico Maria”. A aceitação destes foi francamente positiva e a prova está no entusiasmo com que os adquiriram para os transportar até à “Cidade que tem mais encanto na hora da despedida… "

R.L.

domingo, 23 de março de 2008

Dia Mundial da Meteorologia

O Palácio de Santa Luzia, demolido para dar lugar ao observatório Meteorológico

Construção iniciada nos primórdios do século XVII sofreu através dos tempos várias obras e sobretudo acrescentamentos, tornando-se numa das maiores casas de Angra.
Quando das partilhas dos bens do 1º Conde da Praia da Vitória, tocou o Palácio ao 2º Conde, sendo retalhado e demolido depois, tendo o Estado adquirido parte, para a construção dos edifícios do Observatório Meteorológico de Angra, que ainda existem no local.
.
O Observatório visto da zona histórica de Angra do Heroísmo


A pedra do antigo Palácio foi para a construção do seminário Diocesano, tendo até desaparecido nas demolições, a secular pedra de armas que ostentava na fachada.
Foi como que um castigo da Divina Providência, dizia-se, pelo Conde ter pertencido à Maçonaria, pois até o Bispado ajudou a desmantelar a casa, para que não ficasse pedra do lugar onde se terão realizado reuniões, onde eram debatidas ideias anticlericais.
O Observatório Meteorológico dos Açores foi chefiado inicialmente pelo Coronel Francisco Afonso Chaves de Melo e depois pelo Tenente – Coronel José Agostinho, dois cientistas açorianos de renome.

O Posto Meteorológico de Angra foi criado em Outubro de 1862, tendo começado a funcionar a 1 de Outubro de 1864.
Esteve colocado no edifício do extinto Convento de São Francisco e de seguida numa das Torres da Real Capela do Colégio.


J.B.B.

sábado, 22 de março de 2008

Levantamento dos pontos de água na Ilha Graciosa

Para melhor visualização clique na imagem.

Para assinalar o Dia Mundial da Água, publicamos a cópia do levantamento dos pontos de água (chafarizes, reservatórios e respiradoiros de água quente) efectuado por José da Silva Maya, em Abril do ano de 1902, na Ilha Graciosa nos Açores.
O original foi oferecido ao Museu da Ilha Graciosa pelo seu bisneto Luís Mendes Brum.

Joaquim Barbosa

sexta-feira, 21 de março de 2008

Devagar, devagarinho...

...chega o sono e acabamos por adormecer. Adormecemos com ou sem a protecção do deus dos vagares e felizes são aqueles que dormem "o soninho dos justos”. De evitar são os pesadelos, sobretudo os da consciência quando estamos acordados.

Luís de Torres de Lima, morgado da Ladeira, publicou em 1630 um livro intitulado “Compêndio das mais notáveis coisas que no reino de Portugal aconteceram desde a perda de el-rei D. Sebastião até ao ano de 1627”, no qual, queixando-se da morosidade com que já, por aquele tempo, corriam os negócios pendentes perante as estações oficiais, diz, a tal respeito, o seguinte:

“Conta Tullio que, no templo de Diana, havia um altar dedicado ao Deus dos Vagares, porque não respondia aos que o invocavam, senão depois de feito o dano e assim dizia o passado, e não o que estava por passar; e quando se queria acudir ao remédio, na detença que tinha, se perdia a resolução e o acerto. Em todos os conselhos e tribunais deste reino preside o deus dos vagares e como assistente no governo, não há poder dar fim ao que se começa, nem começar a remediar o que está acabado pela imortalidade de sua resolução, sendo mortal; e assim se acrescenta o dano e não diminui a perda.”

Queixa-se depois o autor das injustiças e arbitrariedades dos governantes, e fecha o assunto com esta sentença: “Que os mandamentos de Deus são dez, e as do governo infinitos.”

Se fosse dado ao morgado da Ladeira ressuscitar nos tempos que vão correndo, teria ocasião de observar que o deus dos vagares ainda hoje conta por cá muitos devotos. Em quanto aos tais mandamentos...é melhor não falar nisso!

Os Mandamentos de Deus continuam sendo dez. E, os do governo infinitos...
Esperamos que não acabem mesmo por adormecer.

21 De Março Dia da Árvore

ou do conjunto delas...floresta.

Devíamos seguir o exemplo das árvores.

Vestem-se de cor de esperança e, de forma inata e altruísta, dão-nos tudo, desde o berço ao caixão.

Sabem quanto devem estar caladas, passando despercebidas...

Sabem contar e ensinar tanto a quem as souber entender.

Acabam por morrer de pé.

Porém acontece que, como forma de reconhecimento a quem tanto de si deu, alguns seres vivos, considerados superiores, decidem antecipar-lhes a agonia natural do fim da vida. Quantas vezes por pura malvadez! São florestas inteiras...países a arderem!
...Do que os humanos são capazes!

Já teve a sorte de plantar uma árvore?

Voluntariamente destruiu alguma?

Que a Natureza o recompense ou perdoe, conforme o caso...

OS CIPRESTES

E os dotes de raparigas gregas:

Em geral os ciprestes têm um sentido funerário, excepção na Grécia onde constituem um pitoresco costume, representando o mais lírico de todos os dotes: “Cada família ao nascer-lhe uma filha, planta, em volta da casa, dos casalejos perdidos entre colinas, alguns ciprestes. Passam-se anos, os ciprestes crescem, a criança cresce também e torna-se mulher. Quando casar, os grandes fusos verdes serão cortados e, com eles, fará-se-há o leito conjugal, ou vender-se-hão os troncos, para mastros de barcos, entregando-se o dinheiro à noiva.

O símbolo da Morte torna-se o símbolo da Vida e de Amor. O Homem celibatário que ande por essas bandas não tem mais do que avaliar a altura dos ciprestes para saber, sem outros informes, quantas raparigas casadoiras existem nestes humildes lares...

Em geral, o grego do campo e da montanha á muito cioso de tudo quanto à mulher se refere. Quando, numa família, há filhos dos dois sexos, os varões não casam sem primeiro ver casadas as irmãs. Os rapazes e os pais trabalham afanosamente para dar um dote às raparigas – pois rapariga sem dote algum não encontra na Grécia quem a queira”.

(De “A Volta ao Mundo” ano 1944)

Arborização


"Na prosperidade das nações a arborização representa um dos papéis mais importantes.

As florestas modificam beneficamente as condições do clima das regiões próximas, quebrando a violência do vento e da chuva, regulando os excessos de temperatura, aumentando a humidade atmosférica tão benéfica para culturas, contribuindo para a salubridade do ar pelas emanações resinosas.

Nos terrenos despidos de arvoredo, as águas da chuva em vez de se infiltrarem no solo para depois formarem as fontes, as ribeiras e os rios, correm à superfície da terra em torrentes violentas arrastando a camada arável e deixando a nu a rocha escalvada e estéril e tornando-se por isso inútil para qualquer cultura que seja.

Os detritos arrastados pelas chuvas vão tornando os rios cada vez menos profundos, o que prejudica as terras próximas por causa da facilidade de inundações que, alastrando pelos campos marginais inutilizam as sementeiras e arruínam as construções.

Nos terrenos arborizados as nascentes tornam-se mais abundantes, são mais regulares os cursos dos rios, levando mais água no verão, e sendo menos caudalosos no Inverno, tornando-se menos frequentes as cheias.

Além de todas estas vantagens da arborização, há ainda a acrescentar os produtos importantes que nos dão as florestas, fornecendo-nos combustível, madeiras para construções rústicas, urbanas e navais, postes, travessas, etc.

E todas estas importantes vantagens se obtêm arborizando os terrenos que para nada mais servem, sendo impróprios para qualquer cultura.

No nosso país há cinco milhões de hectares de terrenos incultos, uma grande parte dos quais só para florestas podiam ser aproveitados.

Estão neste caso todos os areais das costas, parte do terreno formado por camadas arenosas do período quartenário, a maior parte da superfície das serras, e toda a superfície das encostas e cumiadas das serras de rochas graníticas e xistosas de altitude superior a 375 metros, no sul, e a 500 metros no norte.

Plantar árvores é valorizar a propriedade e enriquecer o país".

In Almanaque Açores de 1916 paginas 158 a 159

quinta-feira, 20 de março de 2008

Bem-Vinda !

Chegaste às 05:48 horas.
Madrugadora, hem?!...
Olá Prima!
Bem-vinda sejas.

Segundo nos disse o experiente velhinho Almanaque Camponez, um ainda confiável idoso de 91 anos, trazes Lua Cheia e tempo variável...à boa maneira açoriana.
Esperamos que a hora da tua chegada tenha sido a ideal para iniciares um ameno convívio com todos os primos dos Açores, pelo menos até à chegada do Verão.


Entretanto, agradecemos-te a maneira empenhada com que sempre vais colorindo de flores a ilha das Flores e as restantes manas do Arquipélago. Pedimos desculpa por quem ainda não sabe apreciar, respeitar e aproveitar as lindas cores com que teimas pintar as bermas das nossas estradas.
Gostamos muitos de te ter por cá. Embora possas não ser a melhor das estações por estas paragens do Atlântico, a verdade é que por aqui "tempo variável" é próprio de todas elas e as pessoas também variam com o tempo e até com a idade...
Quando "mudam os tempos mudam as vontades" por isso há quem "esteja nas tintas" para aproveitar as tintas com que pintas algumas bermas das estradas do interior da ilha Terceira. Por exemplo, quando pensaram no alargamento da via-rápida, o que terão feito das tuas tintas??...Será que as aproveitaram para colorir outros pedaços destes pedaços da terra no meio do mar açoriano plantado?
Suspeito que não tiveram tempo de repensar alguma ideia luminosa, pois como sabes a luz propaga-se a uma velocidade vertiginosa...
Mas tu, Primavera, voltas todos os anos!
Vamos procurar seguir o teu exemplo e não desanimar-mos.

As zonas de cultura e a criação do gado bovino na Ilha Terceira

No Dia Mundial da Agricultura recordamos o Engenheiro Agrónomo Jácome d' Ornelas Bruges quando, no ano de 1918, se referia às zonas de Cultura e a criação do gado bovino na Ilha Terceira.
.
Freguesia dos Biscoitos no ano de 2008.
Cultura da vinha a ver passar os navios.
.
"Podemos dividir a Ilha Terceira em três zonas de agricultura distinta.
A zona litoral, que compreende toda a região da beira-mar, com boas terras de cultura, bastantes vinhas, e alguns biscoitos bravos arborizados com faias e por vezes com pinheiros.
A zona média ocupada na sua maior parte pelas pastagens temporárias e pelos terrenos denominados relvas, é também trazida em cultura alternando com as pastagens.

Finalmente na zona alta apenas existem as pastagens, chamadas criações, os terrenos abertos de particulares e baldios, e uma parte importante plantada com matas de pinheiros, eucaliptos e acácias.
O gado bovino distribuem-se pelas zonas de cultura, representando esta espécie um valor muito superior a todas as outras espécies domésticas criadas nesta ilha.
Na linguagem vulgar costuma dividir-se o gado bovino em duas grandes categorias: o gado das terras e o gado de cima.
À primeira categoria pertencem as reses criadas na zona litoral e que também pastam na zona média; à segunda, o gado nascido nas criações e que habita toda a zona alta. Na origem não há diferença entre estes animais, todavia o tipo do gado das terras é completamente diferente do tipo do gado das criações.
É este facto devido a circunstâncias meramente locais e muito especialmente à sua alimentação.
Poderia ainda considerar uma terceira categoria de gado: o bravo; assim como nas zonas de cultura poderia considerar outras transições, mas esses detalhes pertencem a estudos especializados e não é a isso que me proponho no presente momento.
Como é feita a criação da espécie bovina?
De duas maneiras: o gado de cima vive e cria-se no regímen de transumancia, isto é, cada criador em pontos diferentes da ilha e dá mudas à sua manada, para enquanto umas criações rebentam e criam erva as outras lhe alimentarem as reses.
Este sistema seria o ideal se não houvesse Inverno; mas nesta estação de pouco servem as mudas, pois geralmente, tanta erva tem as criações guardadas como as que estão sendo comidas.
As ventanias encarregam-se de pastar as fracas rebentações do Inverno.
A forma mais eficaz de remediar este grande mal seria a construção de silos onde se guardasse o excesso do verão para o gado de alimentar no Inverno.
Exactamente o que fazem as formigas.


Relativamente ao gado das terras a sua sorte é um pouco melhor, visto viver em terras baixas mais temperadas, e ser alimentado durante o Inverno com uma ração suplementar de forragens secas.
A palha dos cereais pragonosos, a comida do milho e a folha das maçarocas e a casca do tremoço são as forragens habituais para suprir a falta de erva no Inverno até as terras terem Outonos próprios para comer.
Estas duas formas de criar gado, ambas primitivas, e igualmente defeituosos, urgem ser modificadas, para que esta industria dum altíssimo valor para esta terra, não dê lucros miseráveis aos criadores e para se poder melhorar o gado indígena, introduzindo-lhe bom sangue e dando-lhe boa alimentação.
De que serve arraçar sem alimentar?
Os silos e os abrigos nas pastagens resolvem o problema.



O criador das terras que desde a primavera (visto que semeia as suas terras) luta com grandes dificuldades para alimentar o gado e que é obrigado de Junho em diante a meter na renda as suas vacas, crie prados artificiais, luzernais, etc., e terá também resolvido a questão.
Há ainda uma forma, ou melhor um expediente, para resolver a questão de alimentar o gado no estado actual da nossa agricultura.
Se o criador possuir terras no litoral, na parte média a zona alta ficará em muito melhores condições do que aqueles que se limitam a uma só zona.
A razão é simples; no Inverno na zona média tem alguma erva e com as forragens secas provenientes das culturas feitas no litoral mantêm o seu gado com um certo bem estar, na primavera come os Outonos nas terras que vai novamente semear e finalmente no verão leva o seu gado para a zona alta onde nunca lhe falta erva nem pasto.
Isto como gado melhor; o gado alfeirio de Inverno vai ora à zona alta ora à média roendo os pastos que as vacas leiteiras despontaram.
E, assim vai vivendo na Terceira a sua indústria mais importante".

Angra, Julho de 1918
Jácome d’Ornelas Bruges
(Engenheiro Agrónomo)