Variam no infinito as opiniões dos sábios acerca deste mistério da criação. Enchiam uma biblioteca as máximas aplicadas à mulher, e não há epíteto que lhe não tenha dirigido. Anjo, demónio, enigma, rosa, criança, grande, mal necessário, tudo tem sido dedicado à mulher pelos romancistas, que são os melhores peritos na matéria.
Sobre tão grave assunto também vou pronunciar o meu juízo.
A mulher é um fósforo que nos acende o coração e inteligência. Tem as vantagens e os inconvenientes dos lumes prontos, dá luz com rapidez, mas por um descuido traz muitas vezes um desses incêndios enormes, para os quais não há ainda inspectores, nem máquinas de salvação.
A mulher magra e nervosa, de pouca vida nos olhos, e nenhum mimo nas faces, mas cheia de zelos e melancolia, é um fósforo de madeira. Custa acender e depois de aceso apaga-se muitas vezes antes de comunicar a luz. Não estão em moda estes fósforos por serem os que mais cansam a paciência.
A coquete, galante, espirituosa, de meiguices estudadas, e sorriso ensaiado ao espelho, é um fósforo se cera. Basta tocar-lhe para o acender; a sua luz chega à farta para seis corações, e ainda sobra para um caso urgente.
A virgem sentimental, com alma cheia de poesia, e a cabeça desvairada pelos romances, que desdenha esta prosaísmo da vida, porque aspira a um mundo melhor, é um fósforo de isca, o qual, uma vez aceso, sem chama, e sem que as ventanias da desgraça o apaguem.
A mulher de rara formosura, gentil, esplêndida, tentadora, que nos perfuma a alma e embriaga os sentimentos, é um fósforo de almíscar.
Segundo esta teoria, o que vem a ser as mulheres do grão-sultão?
Uma caixa de fósforos?
Estética feminina : http://bagosdeuva.blogspot.com/2008/03/esttica-feminina.html
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