terça-feira, 25 de março de 2008

"Cem Anos sem Rei - Regicídio e Reposição da Justiça"

Da dinâmica Direcção da Real Associação da Ilha Terceira , recebemos a seguinte informação, relativamente à conferência a realizar amanhã em Angra do Heroísmo, nos Açores, pelo Professor Mendo de Castro Henriques, que passamos a divulgar na integra :





A Real Associação da Ilha Terceira promove amanhã, quarta-feira, dia 26 de Março, uma Conferência proferida pelo Professor Doutor Mendo de Castro Henriques intitulada “Cem Anos sem Rei – Regicídio, Juriscídio e Reposição da Justiça”, pelas 20:30 horas, no novo auditório da Caixa Económica da Misericórdia de Angra na Rua da Sé.
No ano em que se evoca o 1º centenário do Regicídio do Rei D. Carlos e do Príncipe Real D. Luís Filipe, o orador defende a tese que, na história de Portugal, o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908 é o passo decisivo para a destruição da embrionária democracia portuguesa da Monarquia Constitucional que culminou no golpe de Estado de 5 de Outubro de 1910. Crime de lesa-majestade contra o rei D. Carlos e o Príncipe real D. Luís Filipe, também é entendido como crime contra o povo português e objecto de repulsa pela maioria da população. Conforme sondagem recente da UCP (CESOP 2002), 76.5 % dos inquiridos considera-o "um crime horroroso", 18,8% "um mal necessário" e 4,6% "uma coisa boa para o país". Os tempos mudam. Há cem anos atrás, a campanha de apoteose dos regicidas desencadeada pelo Partido Republicano prenunciou a "balbúrdia sanguinolenta" da 1ª República, entre cujas centenas de mortos em atentados e revoltas tombaram em 1918 um dos seus presidentes, Sidónio Pais, e Machado Santos, Carlos da Maia e António Granjo, seus fundadores, em 1921.
A fórmula "Deus, Pátria, Autoridade" do Estado Novo de Salazar, foi o preço pago pelo "Anti-clericalismo, Regicídio e Revolução" da 1ª República. O marquês de Sade principia a sua Filosofia na Alcova com o incitamento "Ainda um esforço, franceses! Já matastes o vosso rei, falta matar o vosso Deus!" O código do regicídio é semelhante, embora a sequência das injunções seja diferente. Como escreveu Agostinho de Campos, «ninguém sabe ou calcula, quando se mata um rei, o que é que morre com ele e quantos séculos de história podem afogar-se numa pequenina gota de sangue.».


Angra, 24 de Março de 2008


A Direcção da Real Associação da Ilha Terceira

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