quarta-feira, 31 de agosto de 2011

“Armed Force Net Work” nos Biscoitos


Monique Benedict da estação de televisão AFN – Armed Force Net Work, da Base Americana das Lajes, esteve no Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum Lda., onde colheu imagens para um programa de divulgação da cultura e tradição da ilha Terceira. Monique Benedict fez-se acompanhar de Hollie Dinwiddie, cantora de soul.

Festas de Verão na Vila Nova

O Cortejo de Abertura das Festas de Verão da freguesia da Vila Nova, concelho de Praia da Vitória, recordou o século passado, voltando a sair à rua com “O Carnaval”, tema do Bodo de Leite.    








terça-feira, 30 de agosto de 2011

Festa da Vinha e do Vinho dos Biscoitos - Programa




Sexta-Feira, 2 de Setembro de 2011 

-21h00 – Colóquio “A Saúde e o Vinho” pela Dra. Cláudia Meneses (nutricionista).  
Seguir-se-á um “Biscoitos d’Honra” e Animação Musical.  

Sábado, 3 de Setembro de 2011 

“Vamos vindimar”

 -14h30 – Saída do Museu do Vinho para a vinha 
-15h30 – Carregamento das uvas e regresso ao Museu do Vinho
-16h00 – Pisa das uvas
-16h30 – Bênção e prova do mosto
-17h00 – Jantar dos Vindimadores
-18h00 – Baile e animação musical.  

Confecção do Jantar, Baile e Animação Musical a cargo do Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense.  

NOTA: A entrada no recinto do “Jantar dos Vindimadores” será permitida apenas a quem possuir uma taladeira (peça de barro que estará à venda no local).  


“A Festa da Vinha e do Vinho dos Biscoitos, freguesia do concelho da Praia da Vitória, completa 20 anos de existência anual e consecutiva pela mão do Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense em parceria com o Museu do Vinho – Casa Agrícola Brum e a Fundação INATEL.” Ler notícia completa (In "A União”).


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vindimas já em curso


Abençoadas pela chuva, as vindimas nos Biscoitos tiveram início durante o derradeiro fim-de-semana com o vitivinicultor José Machado de Sousa a abrir a respectiva época. 

Nesta região vinhateira da ilha Terceira a colheita das castas brancas (Verdelho dos Açores e Terrantez da Terceira) acontece durante a última quinzena de Agosto e a primeira semana de Setembro.


Adegas de produtores/engarrafadores de castas brancas nos Biscoitos:

Adega de Rufino Simas (Adega Simas); Adega de António Nogueira; Adega de José Manuel Cardoso; Adega de José Manuel Machado de Sousa; Adega da Casa Agrícola Brum Lda. (Museu do Vinho dos Biscoitos), Adega de Dimas Manuel Simas Lopes, Adega Cooperativa dos Biscoitos C.R.L. (associação de produtores da ilha Terceira) e a Adega de Avelino Rocha Laranjo Rodrigues.


domingo, 28 de agosto de 2011

Falando de Vinho e de Saúde (6)


Por: Jack Masquelier*

CONCLUSÕES

No seu livro “O regime saúde”, Serge Renaud escreve: “Como a peroxidação dos líquidos é um fenómeno implicado na doença coronária mas também no cancro e no envelhecimento, compreende-se melhor o motivo por que se pode falar de vinho e de saúde.” 

É verdade que, na primeira metade do século, o tema foi tratado de maneira académica por uma medicina rica sobretudo de palavras, mas praticamente ausente dos laboratórios de investigação. O aparecimento da biologia molecular foi o salto em frente que tirou a medicina do buraco. Mas, foi preciso ligar-se aos problemas mais urgentes e o efeito do vinho sobre o corpo humano não era desses. Nessa época os médicos não estavam preparados para tomar em conta as formas tóxicas do oxigénio. Isso explica por que razão a cosmética e a dietética foram as únicas disciplinas que deram atenção aos radicais livres, deparamos com o mesmo comportamento intelectual na concepção inicial do “French Paradox”, ideia redutora fundada sobre os únicos problemas do sofrimento cardíaco, enquanto que o risco de peroxidação se mostra universal. Com atraso representa-se diante dos nossos olhos o segundo acto desta tragédia. Para que serve o poder antioxidante do vinho se a gente o reduz apenas ao enfarte; é a mortalidade global que importa. O vinho está destinado a combater em primeira linha na prevenção do envelhecimento. Luc MONTAGNIER, na sua obra “vírus et hommes” confia ao poder antioxidante dos vegetais.

Uma terapêutica global do SIDA não deve excluir os extractos de plantas, porque são as melhores “químicas” da natureza, bem como as moléculas antioxidantes. Parece estar próximo o tempo em que a vinha se vai tornar uma planta medicinal de primeira importância. Então poder-se-á, sem dúvida, falar de vinho e de saúde.


*Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto, 18 de Junho de 1997
O Professor Jack Arthur Masquelier (n.1922 m.2009) da Universidade de Bordéus, foi o pioneiro no estudo dos componentes não alcoólicos do vinho.

Publicado na “A União” Janeiro 2001


Saúde e o Vinho - os três paradoxos - por Mário Saraiva Pinto


Consumo de Bebidas Alcoólicas na ilha Terceira - por Jorge Ávila

Malefícios do Álcool e benefícios do Vinho - por Daniel Serrão


sábado, 27 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Falando de Vinho e de Saúde (5)


















Por: Jack Masquelier

EFEITO NEUTRALIZANTE DO VINHO

Demonstrar um efeito neutralizante in vitro não apresenta dificuldade: alguns tubos bastam. O D.P.P.H. (dipénylpierylhydrazyl), radical livre estável e colorido convém a este teste. A sua solução no metanol, de um tom violeta intenso, perde a cor por adição de um neutralizante. O vinho tinto faz outro tanto e a espectrometria permite quantificar o fenómeno. É então o desaparecimento do radical livre que se encontra registado e posto em acção pela eficácia do neutralizante.

In vitr, tudo se complica. Como “fotografar” os R.L.O. durante a sua curta existência? Chega-se lá indirectamente, doseando certos produtos da sua actividade que, lá esses, vivem muito tempo. Assim, o ataque dos A.G.P.I. faz aparecer aldeídos perfeitamente avaliáveis: a sua taxa desce se o neutralizante agir. Uma tal investigação revela-nos que a maior parte das moléculas eficazes in vitro revelam-se inactivas sobre o ser vivo. Introduzidas na boca não passam para lá da barreira digestiva. Este efeito de biodisponibilidade é redibiditório: um neutralizante deve chegar ao local e a toda a parte em que os R.L.O. atacam.

Os O.P.C.do vinho possuem esta qualidade. LAVOLLAY tinha-a descoberto em 1944: a R.C. das usas cobaias, mediada sobre a pele, crescia uma hora após a ingestão de vinho tinto. Podemos achar estranho que tenha sido preciso combater tanto antes da admissão desta evidência. No homem, a ingestão de uma gélula de O.P.C., faz aparecer, 30 minutos mais tarde, na saliva, a reacção da cinidina especifico dos polifenóides intactos. A riqueza da saliva em prolina explica este fenómeno.

O teste ao ditranol confirma aeficácia dos O.P.C. do vinho. Este produto, muito diluído, provoca na pele uma reacção inflamatória muito severa, devido à produção de R.L.O. A reacção torna-se apenas perceptível sobre um zona cutânea pelos O.P.C.


O “FRENCH  PARADOX”

“O álcool é um dos medicamentos mais eficazes que temos para reduzir a mortalidade coronária”. Esta ideia provocadora, lançada em 1991 na televisão americana por Sege RENAUD, provocou grande agitação. Retomada na obra de Lewis PERDUE um ano mais tarde, esteve na origem do “French Paradox”, uma campanha mediática em favor do vinho que se espalhou no mundo inteiro. O paradoxo era francês, porque, apesar do nível de factores de risco ser igual ao das nações desenvolvidas, a França apresentou a mortalidade coronária mais baixa. Tabaco, álcool, abuso de gorduras, hipertensão, colesterol, vida sedentária: os franceses parecem desdenhar desses inimigos do coração. E a sua mortalidade é mesmo pouco elevada, segundo as estatísticas recentes da O.M.S. Uma vês aceite que o vinho constitui a maior parte do álcool que eles consomem, a relação impõe-se: na curva que expressa a mortalidade por enfarte em 21 nações desenvolvidas que bebem vinho, a França é a melhor colocada, seguida de muito perto por Portugal. O humor de RENAUD foi amenizado com a afirmação: “Eu não imaginei logo que o consumo do vinho pudesse explicar a protecção observada”. Esta afirmação foi feita em 1995.

Numa palavra, o”French Paradox” responde a dois factores maiores: o consumo habitual de vinho e um regime alimentar de tipo mediterrânico. Por que motivo foi preciso esperar o inicio dos anos 90 para constatar e mediatizar ao extremo uma situação conhecida muito antes? Sem dúvida que era preciso que os resultados de numerosas investigações epidemiológicas lançadas desde há 20 anos atingissem a massa crítica e que a verdade fosse obrigada a impor-se.

Veja-se agora algumas etapas notáveis desse percurso. Em 197, TURNER propõe três hipóteses para ligar o consumo de álcool aos seus efeitos fisiológicos:

1. Nenhuma acção nociva, em todas as doses.
2. Efeito nulo com fraca dose e nocivo para além disso.
3. Efeito favorável e princípio e nocivo de seguida.

Para TURNER, a terceira eventualidade é a única aceitável. Ela verifica-se em patologia cardíaca, onde os benefícios de um consumo moderado levam vantagem sobre uma abstinência total. O efeito protector sobre a arteriosclerose coronária aumenta com a dose mas com 100 gramas por dia, o risco de hemorragia cerebral anula o benefício previsto.

Em 1979, STLEGER publica no Lancet o seu artigo tornado para sempre célebre. Confirmados os pontos de vista de TURNER, ele mostra que o efeito protector do álcool sobre a morte por enfarte existe na realidade, mas que atinge a sua plena significação epidemiológica sempre que o vinho está em causa. A tal ponto que, neste fenómeno, é preciso procurar algures o mecanismo na fase alcoólica do vinho. ST LEGER aconselha começar as investigações sobre os líquidos do sangue, sobre a agregação das plaquetas e sobre todo o constituinte sanguíneo que pode estar ligado à formação do eteroma. É preciso também ligar-se ao estudo dos efeitos preventivos ou curativos de um consumo moderado de vinho ou de álcool sobre o enfarte. Que pena que este distinto perito em epidemia tenha ignorado a existência dos O.P.C. É verdade que os britânicos são pouco enólogos.

Segundo os votos de ST LEGER, a década de 80 foi consagrada a conhecer melhor a patologia do ateroma. Tornou-se evidente que fenómenos de oxidação estavam implicados nele, em particular no circuito que permite purificar o sangue do seu excesso de colesterol. Normalmente, este esterol deixa a artéria graças aos H.D.L. encarregados de a limpar. Mas logo que os L.D.L. que o transportam da parede do vaso sofrem uma peroxidação, o esterol acumula-se nos glóbulos brancos, que ficam enormes e morrem logo, perto da futura lesão. Os H.D.L. partem sem produzir efeito. Graças aos O.P.C. o vinho tinto opõe-se a esta peroxidação e restabelece o circuito normal. Tudo acaba por se explicar: em 1961, eu tinha atribuído aos polifenóis do vinho o seu feito hipocolesterolmianto e agora o mecanismo molecular está à vista.

A agregação das plaquetas foi igualmente objecto de pesquisas aprofundadas, porque o risco de enfarte assenta em parte sobre ela. Útil no caso de hemorragia, torna-se, no entanto, perigosa por excesso, criando um obstáculo ao fluxo sanguíneo na artéria. Dois resultados se tiram destes trabalhos:

 1. A agregação das plaquetas sucede à peroxidação dos ácidos gordos do plasma. O vinho tinto, uma vez mais, pode desempenhar um papel de travão ao seu antioxidante.

2. O álcool em dose moderada é um antigregante. Mas considerá-lo um salvador das coronárias +e sinal de ingenuidade. Porque algumas horas após a sua ingestão aparece o ressalto que inverte a sua acção e amplia a agregação. No caso de grande consumo, um conglomerado de plaquetas pode formar-se e obstruir a artéria. A paragem cardíaca ou a morte por apoplexia podem, pois suceder ao estado de embriaguez de um fim-de-semana seguida de ressaca.

Só existem duas respostas para tais contrariedades: um é embebedar-se de álcool sem parar, o que conduz à hemorragia cerebral; outro é beber vinho regularmente a cada refeição, sabendo que, mesmo a quando da ressaca, o vinho tinto, graças aos O.P.C., anula o efeito – ressalto do seu próprio álcool.

Continua

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Falando de Vinho e de Saúde (4)


Por: Jack Masquelier

O LADO ESCONDIDO DO OXIGÉNIO 

Que o oxigénio, conhecido por todos como “o ar vital”, o gás que favorece as combustões e reanima os asfixiados, nos possa ser hostil, isso choca a nossa sensibilidade. E, no entanto, à nossa volta, múltiplos exemplos mostram-nos que a matéria inerte sucumbe muitas vezes à oxidação: o ferro que enferrujem, o óleo que fica rançoso, as roupas que desbotam, o perfume que perde intensidade… Estaríamos nós ao abrigo de tal fatalismo, nós que começamos a envelhecer desde o dia do nascimento? Infelizmente não. Nós partilhamos com as coisas muitas das desgraças da oxidação. Chega até nós da face escondida do oxigénio uma variedade hiper-agressiva desse gás, a sua forma radical. 

DO OXIGÉNIO AOS R.I.C.

Falo agora de um livro saído da minha biblioteca, um tratado de Matéria Médica aparecido no fim do século passado. Tem cem anos e as suas páginas amarelas trazem os estigmas disso. O seu contorno escureceu, a sua proximidade com o ar permitiu ao oxigénio exercer os seus malefícios. Uma experiência muito simples anda-me a tentar: colocar ao sol forte do meio-dia o jornal do dia, dispondo uma zona à sombra, debaixo de um prato, por exemplo. Três horas mais tarde esta zona destaca-se pela brancura do resto do amarelecido do papel. A conjugação Sol+Oxigénio permitiu obter em três horas um envelhecimento quase secular do jornal. A formação de radicais livres oxigenados acelera 300.00 vezes o fenómeno.

Quimicamente, isso inscreve-se deste modo:

Oz…..hv……O2

O oxigénio molecular O2, o que nós respiramos, activado pela energia dos fotons solares hv, transforma-se parcialmente em O2:

Este radical, o primeiro que nasceu da família dos R.L.O. vai engendrar numerosos radicais mais agressivos do que ele. Apesar da sua breve existência (mede-se em micro segundos) os R.L.O. exercem as suas destruições graças à sua expansão o que evoca a reacção em cadeia de tipo nuclear. Como é de esperar, a nossa constituição corporal resiste a muito custo a esse tipo de agressão. O cologénio do tecido cutâneo degrada-se. Vê-se o resultado disso no rosto das pessoas que vivem em altitude. 

OS R.L.O. ENDÓGENOS

Se os R.L.O. só se formassem ao sol, o mal seria evitável: um guarda-sol, filtros para U.V. bastariam. Infelizmente, eles nascem também no nosso organismo, onde a sua presença é, por vezes, indispensável. Pensa-se que 2 a 5% do oxigénio que respiramos produz R.L.O.. O seu papel pouco famoso consiste em queimar nas células os resíduos que ficam da depuração pelo oxigénio banal. A sua aplicação ao trabalho leva-os a destruir não somente esses resíduos, mas também o que os envolve.

O álcool perfila-se entre as substâncias votadas à acção radical. Bebido em dose moderada, a sua depuração põe a funcionar a enzima hepático A.D.H. previsto para esse efeito. Consumido em excesso, o álcool ultrapassa as possibilidades do A.D.H. e, desde então, os R.L.O. entram em jogo. Uma boa parte das perturbações e lesões orgânicas que outrora se imputavam ao álcool devem-se na realidade à invasão radical.
 Nos tecidos vivos, os lípidos constituem um alvo de escolha para os R.L.O., com preferência marcada para os ácidos gordos poli-insaturados (A.G.P.I.) componentes essenciais das paredes celulares. 

A membrana, longe de ser uma parede protectora intransponível, exerce na célula múltiplas funções fisiológicas. Ela dirige o transporte activo das moléculas que, por necessidade vital, entram no citoplasma ou saem dele.

A expressão de identidade imunitária, o reconhecimento da sua identidade incumbem-lhe igualmente.  

Tudo isso exige a manutenção permanente de um estado fluído, tornado possível por uma taxa elevada de A.G.P.I. Sabe-se que a membrana mostra aí o seu ponto fraco. Com efeito, todo o excesso de R.L.O. provoca a peroxidação dos seus ácidos gordos, a sua destruição seguida do endurecimento local da parede arrastando a sua incapacidade funcional. O exemplo das membranas celulares ilustra o efeito do envelhecimento acelerado próprio dos R.L.O. Adivinhámo-lo à base dos grandes síndromas de degenerescência que atingem nos nossos tempos as populações das nações evoluídas. Nelas o crescimento de esperança de vida assegura aos R.L.O. uma “ceifa” abundante de indivíduos sem defesa.

AS PROTECÇÕES NATURAIS

Se a idade avançada deixa o homem carenciado face aos R.L.O., o seu organismo pôde entretanto resistir até ao limite da velhice graças ao sistema de defesas naturais de que estava provido. Trata-se de uma bateria de enzimas tendo por missão conter a produção dos R.L.O. ao nível exigido para a sua missão de depuração celular.

Superóxido, dismutase, glutathion, peroxydase, catálese, tais são os agentes que asseguram a nossa protecção. Duas sombras no quadro: as deficiências genéticas e a idade. A formação das enzimas obedece ao código da A.D.N., e nada assegura que os genes em causa sejam funcionais em cada indivíduo. Além disso, na pessoa idosa, a síntese das proteínas e, portanto, das enzimas é mais lenta e o efeito esperado atenua-se.

Felizmente, existem nos alimentos substâncias dotadas de um forte poder antioxigénico e capazes de atenuar a deficiência das enzimas. São os neutralizantes de radicais livres, como as vitaminas E e c e o betacaroteno.

É condição que esses neutralizantes estejam operacionais quando a reacção radical se instaura; então pode-se confiar na sua eficácia. Um único problema põe-se em função da sua origem exógena: ignora-se se os alimentos os contêm suficientemente e se o nosso organismo pode ainda armazená-los.

Urge portanto mostrar-se vigilante quando, chagada a idade, a necessidade desses captores se torna imperativa.


Continua

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Falando de Vinho e de Saúde (3)



Por: Jack Masquelier

Experiências terapêuticas levadas a cabo no homem resultaram em frustração: um medicamento à base de epicatequina tem de ser retirado do mercado devido à sua instabilidade. Mais recentemente, uma nova experiencia com catequina não resultou: conseguiu-se tornar o produto estável, mas a má solvabilidade do princípio activo provoca a formação de cálculos renais inaceitáveis. A descoberta de LAVOLLAY estaria condenada ao esquecimento?

No caminho da descoberta, o investigador tropeça em muitos impasses e alguns podem ser-lhe fatais. A história da vitamina P ilustra esta afirmação, SZENTGYORGYI esbarra num impasse quando escolhe a citrina como padrão. A casca de citrinos não é a parte comestível desses frutos. Ora, uma vitamina tem forçosamente de se consumir. LAVOLLAY, com a epicatequina entra num impasse. Esta molécula provém da madeira de diversas acácias da Índias e não é mais do que um artefacto devido ao processo local de extracção. As suas experiencias sobre o vinho tinto irão pô-lo no caminho certo? Infelizmente o seu teste para identificar a epicatequina reage também com os O.P.C. cuja existência ele ignora. Deste modo, não pode atribuir confiança senão a um constituinte improvável e frágil. 

Ao caracterizar os O.P.C. no vinho, pude evitar esses erros.

No decurso dos 10 anos que separam da descoberta de LAVOLLAY, eu tinha introduzido em terapêutica dois medicamentos vásculo–protectores à base de O.P.C. retirados de outros vegetais. Pareceu-me, pois evidente que a cobaia de 1944 tinha reagido aos O.P.C. do vinho. Faltava ainda afinar os conhecimentos sobre o mecanismo desta espantosa actividade. Vinte anos de investigação foram-lhe consagrados.

MECANISMO DO EFEITO VASCULAR

O exame ao microscópio electrónico de um capilar sanguíneo cuja ruptura se acaba de provocar leva a compreender em que consiste o efeito protector vascular dos O.P.C. do vinho. Pela brecha entreaberta, podemos ver os elementos do sangue: hemácias, glóbulos brancos, plaquetas envolvidas da parede feita de uma única fileira de células. No exterior, à volta da lesão, fibras de cologénio em desordem testemunham o estrago sofrido aquando da medida da R.C. Como é de costume, o cologénio serve de tecido de embalagem dando ao mesmo tempo leveza e resistência, ao minúsculo vaso. É precisamente pela sua acção sobre o cologénio que os O.P.C. exercem o seu papel protector. Este exprime-se quer de imediato quer a prazo.

O efeito imediato traduz-se por uma subida da R.C. na hora imediata. Num tão curto espaço de tempo não se pode contar com a criação de um cologénio novo, mas de preferência sobre a consolidação daquele já estabelecido. A afinidade dos O.P.C. para as proteínas entra então em jogo. Ela permite a sua intervenção rápida e distingue-os das outras moléculas já citadas, segundo a progressão seguinte:

Resveratrol -0
Quercetol – 0

Conhece-se o sítio da fixação das O.P.C. sobre as proteínas é a prolina, ácido aminado que abunda no cologénio. Este acolhimento da prolina permite então a junção dos O.P.C. sobre as cadeias peptídicas do cologénio. Acontece que o espaço que separa duas cadeias corresponde à acumulação das moléculas do O.P.C. Imaginemos uma escala que perdeu uma boa parte das suas barras: nenhuma barra de madeira pode assegurar a a separação Por isso, é preciso respeitar o afastamento dos dois montantes bem como a forma dos encaixes. Os O.P.C. preenchem as duas condições para estabelecer rapidamente a ligação voltando a dar às fibras a sua solidez perdida.

A ACÇÃO A PRAZO

Ela começa imediatamente, mas o seu efeito nota-se mais tarde, porque se trata de uma síntese acrescida de cologénio novo. Os O.P.C. intervêm a dois níveis:

 - Como factores da vitamina C. No estado inicial, a síntese do cologénio exige que os ácidos aminados prolina e lisina sejam hidrolizados antes de ser incorporados. A vitamina C participa desta hidrolização. A sua carência bloqueia a síntese, o que provoca o escorbuto com o desfazer do R. C. Tudo o que ajuda a vitamina C favorece em contrapartida a formação de cologénio novo. Está demonstrado que, no organismo vivo, o poder antioxidante elevado dos O.P.C. assume um tal papel: são considerados como factores como co-factores do ácido ascórbico.
- Como inibidores de enzimas: fibras de cologénio tratadas pelos O.P.C. ou pelo vinho tinto resistem às colagenases, enzimas destruidoras do tecido conjuntivo. A esse nível, o rendimento da síntese melhora de maneira indirecta, pelo prolongamento da duração de vida do cologénio.

Sabemos agora que as cobaias de LAVOLLAY reagiam aos O.P.C. do vinho tinto e de que maneira a sua parede vascular recuperava o seu bom estado funcional.

VINHO E RADICAIS LIVRES

Em 1985, um novo e importante capítulo abriu-se na história das propriedades higiénicas do vinho. É o pôr em evidência do efeito – cilada dos O.P.C. sobre os radicais livres oxigenados (R.L.O.). Pressentindo a importância desta descoberta, um pedido de brevet foi feito esse ano aos Estados Unidos. O brevet 4698360 foi-me concebido no dia 6 de Outubro de 1987.

O que vem de seguida descreve todas as consequências que esta descoberta implica sobre o bem-estar daqueles que consomem o vinho de maneira habitual e em quantidades moderada. Mas o que são esses radicais livres de que toda a gente fala hoje em dia?

Continua

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Família Sieuve Seguier

Encontra-se de férias nos Biscoitos a simpática família Sieuve Seguier: Maria Alice, António, Bárbara, Luís Fragoso, Tomás e Liliana Pardal. Durante a estada naquela freguesia do concelho de Praia da Vitoria encontraram-se com o velho “Chico Maria”.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Falando de Vinho e de Saúde (2)


Por: Jack Masquelier

OS O.P.C. do VINHO

Poderia ter acontecido que, na vinha, só as folhas contivessem O.P.C.. Felizmente, as uvas também os contém particularmente nas grainhas, quer as cepas produzam vinho tinto ou branco. Mas, então os O.P.C. encontram-se no vinho?

Até 1955, nenhum tratado de enologia menciona a sua existência. Só aparece o tanino ou matéria afim, vaga mistura de produtos fenólicos doseados em conjunto segundo o seu poder redutor, de resto não especifico. Conhece-se tão mal o tanino do vinho que é o carvalho quem fornece o tanino chamado “enológico”.

Tendo em conta o modo de vinificação, incluindo uma maceração das partes sólidas da vindima, os vinhos tintos são tidos como os mais ricos em matéria de tanino.

Mas, como descobrir os O.P.C., dado que a sua caracterização, assenta sobre a produção de uma coloração, também ela vermelha, e não detectável no líquido examinado? Foi pela electroforese que eu resolvi o problema. A corrente eléctrica separa em duas zonas específicas o pigmento visível de uma parte, e, de outra parte, o cromogénio incolor que fazemos sobressair graças a um ácido a quente. Os O.P.C. manifestam-se então pela aparição dessa segunda zona vermelha.

Seguro da presença dos O.P.C. no vinho, restava-me extrai-los e doseá-los, o que foi feito em 1956. Estava assim remediado o atraso químico. Foi possível abordar o estudo das propriedades higiénicas dos vinhos sobre bases mais sólidas. Este trabalho prossegue nos dias de hoje.

Estabelecida a unanimidade sobre o papel desempenhado pelos O.P.C. neste domínio, diversos investigadores interessaram-se por constituintes fenologicoas menores da uva e do vinho que pareciam dotados de efeitos similares. Em relação aos O.P.C., as taxas relativas destas substâncias são as seguintes:

Resveratrol -1
Quercetol- 10
Catequina-100
O.P.C. – 1000 a 2000 

O progresso das técnicas analíticas deixa prever que, munidos de instrumentos sempre mais aperfeiçoados, os investigadores encontrarão no vinho moléculas sempre mais raras e supostamente activas. Pode recear-se um desvio homeopático do tema vinho e saúde. Porque impõe-se uma escolha: ou confiar a moléculas cada vez mais minoritárias o cuidado de proteger o nosso organismo, o que obriga a beber quantidades enormes de vinho em busca dessas aves raras, ou atribuir a esses traços de substâncias uma actividade extraordinariamente poderosa, e algumas gotas de vinho num copo de água bastarão às nossas necessidades quotidianas.

Felizmente, os O.P.C. ocupam no vinho um lugar humano. Para beneficiar dos seus efeitos, um consumo habitual e moderado basta. Sejamos razoáveis. 


O VINHO, PROTECTOR VASCULAR

“Consumido sob a forma de vinho, o álcool mostra-se muito menos nocivo”.Tal foi, durante muito tempo, o maior argumento destinado a contrariar os assaltos repetidos das ligas anti-alcoólicas. 

Esta doutrina baseava-se em resultados experimentais. A uma quantidade igual de álcool consumido, os animais de laboratório aos quais se ministrava vinho, distinguem-se por um crescimento mais rápido e por melhores resultados em provas de esforço. Pesavam-se as cobaias, punham-se os ratos a nadar, mas cada clã permanecia na sua posição e o debate entrava em sonolência.

Em 1944, LAVOLLAY apresenta à Academia da Agricultura uma comunicação intitulada: “O vinho tinto considerado como alimento rico em vitamina P”. Sem o saber, tira os debates do buraco em que tinham mergulhado. Se se prova que o vinho exerce um efeito protector no aparelho vascular, então fica implicado numa função vital que diz respeito, em último caso, a cada uma das células que constituem o nosso corpo. Numerosos anos foram necessários para fazer triunfar esta teoria e muito espantados ficariam os actuais “descobridores” do French Paradox ao saberem que cinquenta anos atrás LAVOLLAY havia já adivinhado  o espantoso poder do vinho sobre as nossas artérias.

Nessa época, a noção de vitamina P dava a ardentes debates. Proposta oito anos antes por SZENT-GYORGYI, a vitamina de permeabilidade vascular nascera sob a má estrela. Em boa verdade, o pai da vitamina C tinha considerado urgente limpar o ácido ascórbico das suspeitas que suscitava. Considerava-se, apesar de tudo, curioso que uma vitamina tida por anti-escorbútica falhasse onde o sumo de limão fazia maravilhas. Sabe-se hoje que a vitamina C pura se esgota rapidamente com o esforço se anti-oxidantes poderosos, tais como os O.P.C. não a recarregarem. O erro de SZENT GYORGYI esteve no conceber prematuramente o estatuto de vitamina à citrina, um extracto da casca de citrinos numa altura em que ninguém tinha conseguido descobrir perturbações de carência desse produto.

Participando nessa controvérsia, LAVOLLAY procurava, no reino vegetal, uma substância mais fiável do que a citrina e mais capaz de consolidar a tese de SZENT-GYORGYI. A epicatequina pareceu-lhe apresentar as qualidades requeridas porque, entre as suas mãos, ela afigurava-se-lhe 1000 vezes mais activa. A eficácia deste tipo de substância aprecia-se pela medida da resistência capilar, RC.

Escolheu-se a cobaia para esta experiência, porque partilha com o homem uma dependência total face à vitamina C, facto muito raro no mundo animal.

A R.C. expressa por um algarismo a solidez da parede dos pequenos vasos submetidos a uma pressão barométrica exercida sobre a pele.

Uma E.C. de 25 significa que i limite de ruptura se situa a 25 cm de mercúrio. Uma micro hemorragia cutânea demonstra o fenómeno. Certos estados patológicos fazem ruir a R.C. em algumas unidades, Um protector vascular deve trazer de novo este valor ao estado de normalidade, que se situa à volta de 25 no homem e na cobaia.

No decurso de múltiplas experiencias, LAVOLLAY fez ingerir à cobaia 1ml de vinho tinto. A R.C. elevou-se desde logo. Em 24 horas, cresceu de 50p 100 3e não voltou ao valor inicial senão apões 4 dias. Uma actividade tão intensa, LAVOLLAY só a pode atribuir à epicatequina. Mas isto é apenas uma hipótese, porque nessa época nenhum processo analítico fiável permitia dosear essa substância no vinho, que sabe-se contém centenas de constituintes…


Continua

domingo, 21 de agosto de 2011

Francos sorrisos

Na companhia dos angrenses Cristina Costa Franco e de João Franco visitou, nos Biscoitos, o Museu do Vinho da independente Casa Agrícola Brum Lda. Sandra Santos. 

Antes de deixarem território “Da Resistência” os simpáticos visitantes encontraram-se com o tranquilo “Donatário” e o generoso “Chico Maria”.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Falando de Vinho e de Saúde

Por: Jack Masquelier


O avermelhado da folhagem no Outono cria um dos mais belos espectáculos que a natureza nos oferece. Quando, no Quebec, milhares de aceres se vestem de púrpura no espaço de alguns dias, o visitante fica fascinado por esse inesperado chamejar que surge de um oceano de verdura.

Desde remotos tempos, os estudiosos interrogam-se sobre o mecanismo deste fenómeno. É bom sublinhar que o tom vermelho produz-se nas folhas prestes a morrer. Elas são, deste modo, incapazes de estar na base de sínteses de tal envergadura. A explicação mais simples, mas infelizmente falsa, sugere que a clorofila escondida até então um pigmento vermelho já presente e que vem ao de cima logo que o verde desaparece. Hipótese errónea, porque, se se dissolver pela benzina a clorofila das folhas de Outono ainda verdes, nenhum tom avermelhado se revela. Na realidade, há nas folhas um pormenor incolor ou cromogéne que, no momento de morrer, se tingem de cor sob o efeito das enzimas que se libertam nessa altura.

Assim, nada de síntese grandiosa, mas antes uma transformação programada que exige tão somente um mínimo de carga de energia. Compreende-se que a cor vermelha outonal não diz só respeito a todas as espécies vegetais, mas apenas àquelas que possuem o cromogéne. A vinha é uma dentre elas; e esta propriedade vai reflectir-se de uma maneira primordial sobre as qualidades higiénicas do vinho.

UMA QUÍMICA SIMPLES PELOS O.P.C.

Os pólifenóis, é um nome dado aos cromogénes  cuja presença eu descobri no vinho há quarente anos e que lhe conferem espantosas propriedades medicinais. Este nome complicado, muitas vezes reduzido à abreviatura O.P.C. merece uma explicação a fim de se compreender o elo que liga estas substâncias ao precursor do avermelhado foliar.

Uma experiência muito simples vai levar ao resultado; a uma solução aquosa de O.P.C., juntemos 20p.100de ácido mineral forte e levemos essa mistura a banho-maria. Em apenas alguns minutos, aparece uma intensa coloração vermelha. Assim se reproduz, in vitro, por meios energéticos, o que se passa naturalmente na folha outonal. A análise mostra que o corante obtido é um pigmento muito banal do reino vegetal, o cianidol, que está presente, por exemplo, nas rosas vermelhas. O precursor é, pois, um procianidol. Porquê “ologomére”? Porque a molécula deste precursor resulta da união de um pequeno número (oligos, em grego) de unidades de base: de 2 a 5 em geral. Para além de 5, entra-se no mundo dos taninos condensados, constituídos por polimeres.

O JOGO DE CONSTRUÇÃO

Existem poucas fábricas tão perfeitas como a célula vegetal. Por necessidade, ela renuncia aos processos brutais da síntese industrial e põe em prática uma química muito delicada. Da sua actividade silenciosa saem, no entanto, moléculas por vezes tão complexas que o laboratório evita reproduzi-las. Os O.P.C. são disso um exemplo. O material de base consiste em unidades todas idênticas, as catequinas são os tijolos do pedreiro vegetal. Elas não existem senão com vista a edificar O.P.C. e taninos – os muros e as casas da nossa alegoria. Tal como num estaleiro humano, tijolos em excesso ficam espalhados à volta de edifício que se acaba.

As catequinas não se transformam se transformam directamente em cianidina, visto serem desprovidas de possibilidades cromogéneas, as quais não surgem senão quando 2 catequinas pelo menos se unem a um polifenol – como um jogo de construção, a missão das peças mais simples consiste em fundir-se na complexidade. O “comportamento O.P.C.” quer na folha outonal, quer no tubo de ensaio, exige em primeiro lugar a junção de unidades de base e em seguida, a ruptura do elo que as unia. O jogo de construção do O.P.C. tem esta particularidade. O puzzle só serve uma vez. A sua demolição produz um material novo, um pigmento vermelho que parece não ter outra utilidade senão a de emprestar beleza às florestas pouco antes do seu sono de inverno. 

Continua

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Compilação da imprensa (29)


(Jornal "A União" de 16 de Novembro de 1999)

A colheita continua!


Outras "Parras" :


Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui

Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.

"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.

"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.

"Biscoitos: que futuro? "-José Aurélio Almeida (ano 1996) - aqui.

"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.

"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.

O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui

“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.

“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.

"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.

"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.

“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.

"Fadiga sensorial" (ano 2007) aqui.

"Defender curraletas!" (ano 2007) aqui.

"Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI"- por Rute Dias Gregório (ano 2008) aquiaqui e aqui.

“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

“Da Resistência”, sempre!

Vindos da Catalunya encontram-se acampados na agora denominada Paisagem Protegida das Vinhas dos Biscoitos Gerard Valls e Elisabet Rocamora. Os simpáticos catalães durante a estada naquela freguesia da Ilha Terceira encontraram-se com o “Da Resistência”. 

Ainda no Museu do Vinho da independente Casa Agrícola Brum Lda. apreciaram ao pormenor as típicas curraletas e trincaram uvas

domingo, 14 de agosto de 2011

Liceu de Angra - Antigos Alunos e Funcionários homenageados

 No dia 11 de Agosto pp a Associação dos Antigos Alunos e Amigos do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo em cerimónia realizada no Convento de São Francisco, antigo Liceu e actualmente Museu de Angra, homenageou os antigos estudantes Maria do Carmo Fraga, Vicente Teixeira de Matos, Manuel Gonçalves Pereira, João Afonso, Manuel de Sousa Meneses, José Francisco Duarte, Nair Azevedo, e os antigos funcionários Elvino Bettencourt, Maria de Lourdes Lima e Manuel Vieira Rodrigues.



 Durante a cerimónia foi ainda recordada a camaradagem estudantil vivida naquele antigo estabelecimento de ensino, desde os anos 30 até fins da década de sessenta do século passado, pelos antigos alunos Carlos Enes, Jorge Forjaz, Reis Leite e João Eduardo Laranjeira.



Inserido nas Comemorações do 160 anos do Liceu de Angra do Heroísmo, este encontro, que reuniu várias gerações de estudantes, terminou com um jantar no Lawn Tennis Club.

Uma(s) estória(s) do Convento aqui

sábado, 13 de agosto de 2011

Exposição “Folclore do Litoral Catarinense”



Desde 9 de Agosto pp que se encontra aberta ao público, no Espaço Cultural do Núcleo Estudos Açorianos (Florianópolis), a Exposição “Folclore do Litoral Catarinense”.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pelos caminhos da Terceira

Pelo 10º ano consecutivo que o Grupo de Caminhantes da Fonte do Bastardo, constituído por oito simpáticas e cativantes filhas daquela freguesia do concelho de Praia da Vitória, percorre caminhos da ilha Terceira, percursos efectuados "pedindo boleia", a pé ou de “camioneta da carreira”.
Ao passarem pelos Biscoitos não esqueceram os amigos, nomeadamente o “Chico Maria”!
Após terem cantado o Hino do G.C.F.B. pousaram para a fotografia, Eulina Toste, Lourdes Pacheco, Teresa Pacheco, Bernadet Toste, Lúcia Borges, Albina Lamano, Maria Zélia Pacheco e Barina Ferreira.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Arte e Ciência do Vinho

 Na companhia da Dr.ª Susana de Melo Abreu, encontra-se na Terceira o Enólogo Carlos Silva. Nos Biscoitos visitaram o Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum Lda. onde conheceram a história e a vida da vinha e do vinho da região. (Paisagem Protegida das Vinhas dos Biscoitos).
Ainda em território “Da Resistência”, o simpático casal encontrou-se com o tranquilo “Donatário” e o generoso “Chico Maria”.


O Dr. Carlos Silva, é licenciado em Enologia e Mestre em viticultura e enologia; membro da Câmara de Provadores da CVR-Dão; enólogo na UDACA; sócio da Vines e Wines, empresa de consultoria em viticultura e enologia. Confrade da Confraria dos Enófilos do Dão.
 Conhecedor de diversas castas, Carlos Silva, trabalha, entre outras, com as tintas Alfrocheiro, Jean e Rufete, TN e Tinta Roriz, e com as brancas Encruzado, Malvasia, Bical, Cerceal, Fonte Cal, Semillon e Síria. São conhecidos os vinhos com a sua chancela, “Vinha Paz”, “Vinha de Reis”; “Casa da Ínsua”, “Quinta do Perdigão”, “Pedra Cancela”, entre outros.


A Dr.ª Susana de Melo Abreu é licenciada em engenharia Agrícola; Mestre em Controlo de Qualidade Alimentar; Doutorada em Ciências de Engenharia (estudos de resíduos de pesticidas em uvas, mostos e vinhos).
Acompanhou a viticultura na Região do Douro e fez vindimas na Sogevinus e em outras Quintas.
Actualmente trabalha em Viseu.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Jácome de Bruges Bettencourt, O relógio no Faial, Horta, Núcleo Cultural da Horta, 2011. Sep. de «O Faial e a Periferia Açoriana nos séculos XV a XX»: actas do V Colóquio.



O último trabalho de Jácome de Bruges Bettencourt denúncia bem o fascínio e rigor do autor em descobrir novos temas que nos proporcionam o (re)encontro muito importante para o conhecimento da nossa História e para o alargamento do horizonte dos açorianos e da açorianidade, como característica fundamental daquilo que nos liga e une, independentemente da ilha onde vivemos.

O relógio no Faial transporta-nos para outra Era onde o tempo marcava, ainda que de forma diferente, a vida dos ilhéus. Qual D. Quixote de la Mancha, o relógio, nas suas várias formas, surge-nos como o incontestável senhor do tempo que trava uma constante luta para conseguir o aperfeiçoamento e descobrir o toque final que lhe permitirá sentir a sensação de dever cumprido, última recompensa reservada apenas e só aos heróis. 

Na sua incessante busca pelo domínio das coisas, o homem tenta aprisionar o tempo dentro de uma caixa. O relógio não é mais do que a caixa que aprisiona o tempo. Tal como Prometeu que presenteou a humanidade com o fogo, todos os que dedicam a sua vida e saber aos relógios procuram controlar e dominar o tempo.

Graças a este trabalho minucioso, e de grande rigor científico, podemos conhecer as pessoas que nas ilhas do Faial e Terceira dedicaram a sua vida a conservar e a preservar estes belos exemplares do talento humano dedicando-se ao seu coleccionismo. Infelizmente, e graças ao desconhecimento ou simples descuido, muitas vezes quando os seus primitivos donos desaparecem muitos deste belos exemplares de arte são rapidamente desbaratos, perdendo-se por completo o seu rasto, o que nos deixa a todos nós mais pobres.

Podemos, igualmente acompanhar e conhecer a actividade de todos os relojoeiros que, nestas duas ilhas, dedicaram o seu tempo e saber a consertar estas delicadas e precisas máquinas. Entre todos os relojoeiros referidos nesta obra merece especial destaque o nome de Anna Luísa Silveira, natural da Fajãzinha, ilha das Flores, que nos finais do século XIX abandona a sua ilha e parte à conquista, não apenas de novos horizontes, como em busca de novas perspectivas de vida, fixando-se nos Estados Unidos da América. 

Tendo como limite o horizonte, e como vontade a necessidade de conquistar o tempo, Anna Luísa Silveira torna-se uma relojoeira afamada, transpondo o seu nome para além das fronteiras do tempo em que viveu. Nos Estados Unidos da América, encontrou naturalmente muitas dificuldades, em virtude de se infiltrar numa actividade dominada pelo Homem, mas com a sua tenacidade, vigor e coragem, conseguiu galgar o pódio do sucesso com muito trabalho. Conseguiu demonstrar que uma jovem oriunda da Fajãzinha conquistava os apreciadores do bom design em relógios, bem como deixar marcas para os coleccionadores do presente e do futuro. Anna Silveira, tal como o autor refere, tinha uma personalidade fora do vulgar, marcando presença interventiva na comunidade portuguesa e açoriana na zona de São Francisco. Esta personalidade que, por volta de 1874, com 6 ou 7 anos de idade, parte com a família, provavelmente numa barca baleeira, em direcção a porto americano da costa leste e daqui para São Francisco. Integrou-se plenamente na comunidade norte-americana. Onze anos de trabalho na nova comunidade foram o suficiente para ser a presidente da União Portuguesa Protectora do Estado da Califórnia; da Sociedade Portuguesa da Rainha Santa Isabel, bem como de outras instituições de relevo para a comunidade portuguesa e americana.

Graças a este trabalho, a História dos Açores fica mais rica e todos nós podemos conhecer melhor um tema tão apaixonante e complexo que, de forma clara e transparente, nos transporta para um mundo de requinte e de imaginação. O relógio tem a magia de nos guiar no quotidiano, mas também de fazer as delícias da nossa admiração pelo design e materiais subsequentes que apresenta a cada um de nós. Por esta razão, o bom relógio, que está ligado a um bom relojoeiro, alia-se inevitavelmente a um bom coleccionador.

O relógio caminha lado a lado com a existência do homem e marca todos os momentos mais importantes da sua vida. É o Alfa e o Ómega da vida de todos os homens, registando o primeiro e último sopro no momento do seu nascimento e da sua morte. Termos consciência deste facto é aliar a beleza, o requinte, o bom gosto e o aspecto prático num só instrumento. Muito poucos objectos podem vangloriar-se de ter a importância do relógio.

Jácome de Bruges Bettencourt, Cônsul Honorário da República de Cabo Verde nos Açores, no próximo ano faz 50 anos que trilha os passos da escrita no passeio da sua memória. Estreou-se, simultaneamente, em dois jornais: o semanário O Debate e o diário O Telégrafo. O primeiro de Lisboa e o segundo editado na cidade da Horta.

Sempre com a preocupação de carregar constantemente os cartuxos da memória, não só para informar e formar quem necessita da escrita como pão para a boca, mas também para construir, pedra sobre pedra, palavra a palavra, o mundo hodierno e globalizado em que vivemos.

Este trabalho é, sem dúvida, fruto desse berço de construção, de desconstrução e de reconstituição da História do Homem sobre a Terra com o intuito de deixar a sua marca no presente. A História dos Açores, está constantemente a ser reescrita, porque autores como Jácome de Bruges Bettencourt com a sua minúcia, seriedade na investigação, bem como a busca constante da verdade dos factos, obriga-a a ser uma ciência dinâmica e constantemente insatisfeita com os resultados encontrados. Por isso, por cada investigação feita, a História passa por um crivo de perfeita reflexão, sempre em busca de uma maior verdade.

Para além do rigor e minúcia referidos anteriormente, este trabalho encontra-se muito bem documentado com um vasto conjunto de fotografias que, do princípio ao fim, ajudam a compreender melhor todos os aspectos nele tratados. Ao aliar a informação histórica com a riqueza das fotografias apresentadas, Jácome de Bruges Bettencourt conseguiu de forma harmoniosa, séria e ao mesmo tempo bastante simples, transmitir, a leigos e especialistas, um conjunto de novas informações que muito nos enriquecem e ajudam a compreender a realidade histórica em que nos inserimos.

Avelino Santos
Lúcia Santos

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Acerca do vinho

Por: Francisco Maduro-Dias*

Vamos a ver se nos entendemos de uma vez por todas! O vinho de cheiro não é nem antigo nem tradicional nos Açores.

Pode ser conhecido agora como o vinho das Funções e do Espírito Santo, mas durante séculos – nada que se compare com os apenas 150 anos que o de cheiro tem entre nós – os vinhos das funções foram outros, como por exemplo o verdelho ou o terrantêz nomeadamente dos Biscoitos, da Graciosa e do Pico.

Antes de serem feitas com vinho de cheiro as alcatras terão sido feitas com vinho branco, pois só esse existia (já a experimentem e vejam a diferença e como fica mais leve). Não é também de agora que se sabe serem as ilhas pouco propicias ao vinho tinto. Daí que, desde o início de presença humana nestas ilhas, aquando se ouve falar de vinho com alguma qualidade é de uma casta branca.

Dizer que o vinho de cheiro é “nosso”, é tradicional, é uma herança a proteger, etc. etc., é atirar às urtigas, séculos de saber cultivar, séculos de trabalho e de ciência vitivinícola, séculos de história e de património cultural, apenas para proteger alguns interesses instalados.

É certo que o vinho de cheiro também já tem a sua história nos Açores. Ou bem ou mal sempre são já uns cento e cinquenta anos de vida aqui.

Porém, mesmo sem pensar na questão da malvina (que uns dizem que tem e faz mal, e outros dizem que não tem ou não faz mal) temos de convir que é fraco concorrente se pondo em comparação com todos os outros, desde logo em graduação.

Mais do que tudo isto porém, o que nos deve preocupar é o facto de estarem a tentar subverter o que é tradição, cultura, herança identitária – a base de um uso dos elementos de sustentação do turismo cultural que queremos - em favor dessa ideia peregrina  que é dizer que o vinho de cheiro é uma tradição essencial que interessa salvaguardar dos senhores de Bruxelas. Porque não é!

Nem as curraletas dos Biscoitos foram feitas para vinho de cheiro, nem os patamares de S. Lourenço em Santa Maria, nem os currais da Graciosa ou do Pico. As pessoas aproveitaram, isso sim, técnicas e lugares antigos para implantarem a vinha nova que parecia resistirem às novas pragas.

Por muito que se goste do vinho de cheiro, o nosso caminho como terra com regiões produtoras é outro. Tem de ser outro!

Não inventando mentiras acerca da tradição e procurando a qualidade.

* In “Vela de Estai” do Diário Insular de 18 de Agosto de 2003



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Filarmónica Lira e Progresso Feteirense


Encontra-se na Terceira, a fim de participar nas festividades da freguesia da Terra-Chã, a Filarmónica Lira e Progresso Feteirense da freguesia da Feteira, concelho da Horta, ilha do Faial.

Os cerca de 35 elementos desta colectividade faialense, fundada a 1 de Outubro de 1921, durante a estada na Ilha de Jesus Cristo, entraram em território “Da Resistência”, onde encontraram o generoso “Chico Maria”.

domingo, 7 de agosto de 2011

“In Concreto” pisou território “Da Resistência”



Na companhia das simpáticas jovens Renata Medeiros e Joana Duarte Silva, estiveram em território “Da Resistência” os autores do irreverente blogue o In Concreto, mais concretamente Tibério Dinis, Tiago Gonçalves e Rui Ataíde.

Ainda no Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum Lda. tiveram a oportunidade de se inteirarem dos reais problemas da vitivinicultura biscoitense, fazendo in loco uma análise sensorial a um dos vinhos ali produzidos.