domingo, 28 de agosto de 2011

Falando de Vinho e de Saúde (6)


Por: Jack Masquelier*

CONCLUSÕES

No seu livro “O regime saúde”, Serge Renaud escreve: “Como a peroxidação dos líquidos é um fenómeno implicado na doença coronária mas também no cancro e no envelhecimento, compreende-se melhor o motivo por que se pode falar de vinho e de saúde.” 

É verdade que, na primeira metade do século, o tema foi tratado de maneira académica por uma medicina rica sobretudo de palavras, mas praticamente ausente dos laboratórios de investigação. O aparecimento da biologia molecular foi o salto em frente que tirou a medicina do buraco. Mas, foi preciso ligar-se aos problemas mais urgentes e o efeito do vinho sobre o corpo humano não era desses. Nessa época os médicos não estavam preparados para tomar em conta as formas tóxicas do oxigénio. Isso explica por que razão a cosmética e a dietética foram as únicas disciplinas que deram atenção aos radicais livres, deparamos com o mesmo comportamento intelectual na concepção inicial do “French Paradox”, ideia redutora fundada sobre os únicos problemas do sofrimento cardíaco, enquanto que o risco de peroxidação se mostra universal. Com atraso representa-se diante dos nossos olhos o segundo acto desta tragédia. Para que serve o poder antioxidante do vinho se a gente o reduz apenas ao enfarte; é a mortalidade global que importa. O vinho está destinado a combater em primeira linha na prevenção do envelhecimento. Luc MONTAGNIER, na sua obra “vírus et hommes” confia ao poder antioxidante dos vegetais.

Uma terapêutica global do SIDA não deve excluir os extractos de plantas, porque são as melhores “químicas” da natureza, bem como as moléculas antioxidantes. Parece estar próximo o tempo em que a vinha se vai tornar uma planta medicinal de primeira importância. Então poder-se-á, sem dúvida, falar de vinho e de saúde.


*Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto, 18 de Junho de 1997
O Professor Jack Arthur Masquelier (n.1922 m.2009) da Universidade de Bordéus, foi o pioneiro no estudo dos componentes não alcoólicos do vinho.

Publicado na “A União” Janeiro 2001


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