quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Cidade de Jaguarão (Rio Grande do Sul - Brasil)

* Uma gota de história

Jaguarão (Jaguanharo) que na lingua tupi significa cão bravo ou onça brava; ou ainda animal que habita as margens do rio que margeia a cidade. Situada na parte meridional do estado do Rio Grande do Sul na fronteira com a cidade de Rio Branco - República Oriental do Uruguai, país do prata que faz divisa com o Brasil, e tem o Rio Jaguarão, definindo este limite. Distante 383 km da capital gaúcha Porto Alegre, e 137 km de Pelotas cidade pólo da região mais meridional do sul do Brasil. Está a 400 km de Montevidéu capital uruguaia. Situada 11 metros acima do nível do mar, os ventos sopram de Sudeste a Nordeste com mais intensidade na primavera e no inverno.

Sua história tem início em um acampamento militar e sua divisa foi estabelecida durante a guerra entre Portugal e Espanha, o tratado de Santo Indelfonso (1777) estabelece como espanhola aquela porção de terra. No ano de 1801, no local da atual cidade de Jaguarão ergueram os espanhóis uma fortificação com o nome de Guarda da Lagoa e do Serrito que, nesse mesmo ano, foi tomada pelas forças do tenente-general Manoel Marques de Souza (fiel súdito da família real e partidário de D. Pedro I). No local, foi deixada uma guarnição de 200 homens, comandados pelo tenente – general Jerônimo Xavier Azambuja, estes foram os primeiros habitantes, logo seguidos de colonizadores enviados pela coroa portuguesa, lentamente uma população com base na agricultura e comércio, com grande religiosidade ali se formou.

A paz entre Portugal e Espanha é estabelecida a 31 de janeiro de 1812, e a localidade é elevada por alvará a freguesia do Divino Espírito Santo de Jaguarão. Por Decreto Lei de 06 de julho de 1832, a pequena freguesia ganha os fôro de Vila com denominação de Vila do Espírito Santo no Cerrito de Jaguarão. Elevada a cidade em 1855, se firmando como unidade do então continente de São Pedro do Sul. A herança histórica cultural da formação da cidade é visível, a ponte internacional Barão de Mauá (que já foi capa de livro sobre as mais belas pontes no Brasil) une duas cidades e dois países co-irmãos. O que as guerras de fronteira deixaram de legado foi uma tipologia humana diferenciada, estabelecendo características especiais à população das duas cidades.

Em sua arquitetura vemos representados diversos estilos, com um dos mais belos conjuntos representativos da arquitetura eclética no sul do Brasil. Podemos observar em suas principais ruas belos exemplares de casarões que datam de 1876/1920, no estilo clássico e neoclássico, conservando os frisos, marquises e portas com a típica artesania lusa. A mais bela porta nacional encontra-se em Jaguarão. A igreja matriz do Divino Espírito Santo foi construída entre os anos 1847 e 1863 em estilo barroco, seus altares em escadaria, são esculpidos em madeira de beleza e simplicidade impressionante.

A este município foram atribuídos dois cognomes: Cidade das Belas Portas e Cidade Heróica. O primeiro já explicado, o segundo se explica por ser de vital importância para a identidade de seus habitantes: No dia 27 de Janeiro de 1865 e uma força composta por dois corpos da Guarda Nacional resistiu durante 48 horas a uma tentativa de invasão do território brasileiro por mais de 1500 homens do exército uruguaio. Sitiada e em desvantagem bélica, a guarnição comandada pelo coronel Manoel Pereira Vargas acabou vencendo o inimigo no cansaço. Este último grande combate rendeu ao município o título de "Cidade Heróica" e ao Brasil, a demarcação da fronteira à margem esquerda do rio Jaguarão.


* Maria Roselaine da Cunha Santos
Professora Especialista em Geografia do Brasil.
Instituto Histórico e Geográfico



Arquitetura em Jaguarão (*Fotos )


Município de Arroio Grande

(cujas terras pertenceram ao município de Jaguarão)

* Fotos/arquivo: Maria Roselaine da Cunha Santos

1 comentário:

Giovane Alves disse...

Parabéns ao(s) autor(es) desse blog...Grandes textos de uma ótima pesquisa..Parabéns

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