sexta-feira, 2 de maio de 2008

Clara Roque do Vale no II Simpósio de Confrarias

A Eng. Agrónoma Maria Clara Roque do Vale levou ao II Simpósio das Confrarias Báquicas e Gastronómicas de Portugal, que se realizou na Praia da Vitória (ilha Terceira - Açores) "A Evolução da Produção e Consumo de Produtos tradicionais de Qualidade – O Caso do Alentejo”. Trabalho de grande interesse, suscitando aceso debate, do qual apenas respingamos algumas passagens.

A Confrade Maria Clara Roque do Vale, Confrade de Honra e Confrade Fundadora da Confraria dos Enófilos do Alentejo; Confrade Fundadora da Colegiada dos Enófilos de São Vicente e da Confraria do Espumante; confrade Irmã da Confraria Gastronómica do Alentejo, entre outras.

A Eng Clara Roque do Vale durante a apresentação do seu trabalho

Durante a comunicação de Clara Roque do Vale já os participantes, no Simpósio, "estavam em pulgas" para para participar no debate.

“ (...) Embora os produtos tradicionais de qualidade tenham uma reduzida expressão em termos de volumes de produção e valor económico, se comparados com os valores globais das fileiras em que se integram, a sua importância não deverá ser desprezada uma vez que constituem um importante factor de valorização dos territórios e dos rendimentos das populações rurais, pela possibilidade que oferecem de diversificação de actividades, numa óptica de complementaridade, indispensável à sustentabilidade dos processos de desenvolvimento”.

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“ (...) A análise das produções de carne de bovino ao longo dos seis anos revela uma estabilidade para todas as carnes, à excepção da Carnalentejana que teve o seu pico máximo em 2003, registando uma quebra muito significativa de 2003 para 2004 e retomou o crescimento de 2004 para 2005. Esta é a carne com maior produção anual de carne de bovino de qualidade na região”.

“ (...) Segundo dados da DRAPAL, a vinha no Alentejo ocupa uma área próxima dos 22.000ha.

A área média de vinha por exploração é de 7,0ha, enquanto que a média nacional é de 1,15ha.

A idade média das vinhas é bastante baixa, comparativamente com todas as outras regiões. As vinhas plantadas antes de 1970 apenas representam 9% do total, enquanto que as vinhas plantadas após 1990 representam 54%.

É interessante verificar-se que nos últimos dez anos (1997-2006), a área total de vinha no Alentejo aumentou 66,5%, a área média de vinha por exploração duplicou (passou de 3,4ha para7,0ha) e a produção aumentou 221%.

Obviamente que a importância da cultura também sofreu alterações significativas. Em 1993 a área de vinha do Alentejo ficava-se pelos 5,2% da área vitícola do Continente e em 2006 já representava 9,6%”.

“ (...) A produção total de vinho em 2006 foi de 93.363.866 litros, o que corresponde a um aumento de 38% relativamente a 2005 e de 34% relativamente à média do período 2001-2005.

Dada a forte tendência do mercado para consumo de vinhos tintos, verificou-se, nos últimos dez anos, uma inversão na produção de vinhos brancos.

Se em 1995 e 1996 a produção de vinho tinto e vinho branco era idêntica, na última vindima o vinho branco apenas representou 20,5% do total, enquanto o tinto ascendeu a 79%.

O vinho rosé começou a ser produzido na região há seis anos, mas ainda tem uma expressão ínfima (cerca de 0,5%).

O sector cooperativo, representado por 6 adegas, é forte, suportado genericamente por unidades de transformação bem dimensionadas, verificando-se uma concentração geográfica no distrito de Évora (Borba, Redondo, Reguengos e Mourão), o que é perfeitamente lógico atendendo que a maioria da área vitícola também se localiza nesse distrito.

As adegas cooperativas transformam actualmente 56% da produção, estando os restantes 44% repartidos por 188 produtores.

Relativamente à dimensão dos produtores, de acordo com as produções declaradas na campanha 2006/2007, refira-se que apenas onze (grupo onde se integram cinco das adegas cooperativas) produzem mais de um milhão de litros, os quais são responsáveis por 71,6% da produção total; existem no entanto 107 produtores com dimensões inferiores a cem litros”.

“ (...) Não obstante o grande esforço de internacionalização efectuado ao longo de vários anos pelos produtores, conjuntamente com a CVRA, ANDOVI e ICEP, o principal mercado dos vinhos do Alentejo continua a ser o mercado nacional, o qual representa, em termos médios, 90% do total comercializado.

De qualquer forma resta-nos a satisfação de saber que, em Portugal, em cada duas garrafas de vinho consumidas uma é do Alentejo”.

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