2 – O TÍTULO DA OBRA
Desde o título, em boa hora encontrado, lemos todo o sentido desta biografia de 470 páginas, em belíssima edição da Bertrand. Falar de Dom Duarte e da Democracia significa falar de uma acção empenhada, sistemática e ininterrupta em prol de Portugal, numa sugestiva harmonia entre o Dom e a Democracia; e assim podemos ler: o poder representado no Dom, de Dominus, é um dom, donum, uma dádiva para o regime democrático; ser Senhor-Dom não é um óbice a que se trabalhe pela Democracia, antes uma exigência de serviço, unindo o melhor da autoridade com o melhor da liberdade e do poder do povo. Uma Democracia sem autoridade, que é muito diferente de “autoritarismo”, condena-se a si mesma, e nós acreditamos que Rei e Povo podem formar uma aliança inquebrantável, pois o Rei há-de ser o guardião desinteressado do bem-estar do seu Povo, e o Povo delega livremente no Rei a sua soberania. E o subtítulo – Uma Biografia Portuguesa – revela ainda uma intrínseca unidade entre a vida de Dom Duarte e Portugal: contando-se a sua vida, conta-se a biografia do próprio país, e, ao invés, falando-se do país, tem de se falar de Dom Duarte.
(continua)
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