terça-feira, 26 de maio de 2009

APRESENTAÇÃO – DOM DUARTE E A DEMOCRACIA – UMA BIOGRAFIA PORTUGUESA, DE MENDO CASTRO HENRIQUES, 25 DE MAIO DE 2009 – POR SÉRGIO TOSTE


1 - SAUDAÇÃO

Alteza Real
Senhor Dom Duarte de Bragança,

Ex.mº Senhor
Presidente da Real Associação da Ilha Terceira,

Caros Consócios da RAIT,

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Antes de desempenhar a grata e leve incumbência que me foi atribuída – a de vos apresentar o livro Dom Duarte e a Democracia – Uma Biografia Portuguesa, do Professor Mendo de Castro Henriques, já nosso conhecido – permita-se-me que, em nome da Direcção da Real Associação da Ilha Terceira e em meu nome, possa expressar a nossa mais alma alegria pela presença de Sua Alteza Real.
Senhor Dom Duarte, cremos que só um monárquico poderá sentir e entender o júbilo de estar perante o penhor da sua fidelidade! Em Vós reconhecemos «a Pátria em figura humana»; há em todos nós esse inefável sentimento que consiste em viver de uma lealdade antiga a um Portugal que já foi e há-de ser, sem desviarmos o rosto do Portugal que vai sendo. Creia, Senhor Dom Duarte, que a presença da Vossa Real Pessoa entre nós é renovação e alimento desse ideal que nos une. Bem-haja! É um alto privilégio falar perante o Herdeiro dos Reis de Portugal! E alegro-me de modo particular quando o autor desta Biografia afirma, falando de Vossa Alteza, «Quando se inicia a biografia de um rei de Portugal» (p. 25), e ainda com p. 433 desta obra, onde, sob o título de «Reis de Portugal», se encontram de forma naturalíssima os actuais Duques de Bragança e os Infantes.
Não sou historiador, nem faço investigação. Atrevo-me a falar-vos deste livro apenas na minha condição de monárquico e de leitor habitual, que se presume capaz de distinguir o trigo do joio no cenário das nossas publicações. E esta obra é seguramente trigo, e um trigo que poderá ser bom alimento de muitos ideais. Por coincidência, esta leitura surpreendeu-me a meio do ensino do Memorial do Convento, que tenho de leccionar, por manifesta insuficiência dos nossos Programas escolares, condenados a “formar” a juventude apresentando um Portugal que se ri do seu passado, como que em delirante perpetuação da Geração de 70. De facto, obrigar todos os finalistas do 12.º Ano a lerem o romance de Saramago, sem nenhuma outra opção, como já chegou a haver, é um sinal bem forte dos ventos que sopram de Lisboa. E demoro-me neste ponto, porque, de acordo com a Biografia de D. Duarte (p. 75), há em Sua Alteza uma grande preocupação com a educação dos jovens, como se vê, por exemplo, na fundação do Prémio Infante D. Henrique. É uma questão de auto-estima nacional e de justo ensino e reflexão sobre o passado, não de liberdade de publicação e de leitura, que está fora de questão. Entendo, como é óbvio, que se deve poder publicar e ler tudo, mas é bem diferente o que se elege para ser lido e pretensamente assimilado por várias gerações! Neste sentido, os nossos Programas do Secundário são um desastre: pela pobreza das leituras exigidas em quantidade e qualidade. Permanece uma excessiva tendência ideológica no nosso ensino: Monarquia e Igreja são dois temas especialmente cobiçados para se fazer sátira, sem nenhuma preocupação de aprofundar as realidades! Não é difícil que, assim, seja apresentado um rosto desfigurado de Portugal. Curiosamente, cita-se, em epígrafe, no capítulo 8 desta obra, José Adelino Maltez: «Em vez de jangada de pedra de saramagos descrentes temos de ser uma estrada boiante de agostinhos convictos». Por tudo isto, considero feliz a coincidência de ter lido neste momento a Biografia do Senhor Dom Duarte, como uma espécie de antídoto contra os efeitos deletérios dessa propaganda anacrónica e, muitas vezes inconsciente, quero crer. Por outras palavras: a monarquia do presente, vivida e incarnada no Duque de Bragança, mostra a bondade da Causa, pois «Dom Duarte reinventa o papel social e político de herdeiro dos Reis de Portugal» (68), pugnando por um perfeito esclarecimento do que se entende por monarquia quando dela falamos nos dias de hoje, ao mesmo tempo que nos obriga a ler o passado de forma mais profunda.


(continua)


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