(continuação)
4 – DOM DUARTE E OS PARTIDOS POLÍTICOS
É sabedoria de Dom Duarte a clara superação dos dilemas da direita e da esquerda, reafirmando sempre que o ideal monárquico é supra-partidário (108). É evidente, por conseguinte, que os membros das Reais Associações são partidários das várias forças políticas, exceptuando-se obviamente aquelas que porventura sejam antidemocráticas e manifestamente antimonárquicas ou coloquem em causa os valores morais da “fisionomia da pátria”, expressão várias vezes utilizada. Procura-se um «rejuvenescimento democrático do ideal monárquico», numa clara projecção para o futuro. Só assim se entende o restabelecimento das ordens honoríficas dinásticas (98), como a de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa ou a de Santa Isabel, numa lógica de promoção das actividades de mérito em prol do país, antes de mais. Dom Duarte distingue perfeitamente aquilo que são as expressões datadas da monarquia daquilo que é a sua essência, por isso intemporal. Afirma sem rodeios:
«As monarquias são sempre modernas e simbolizam sempre as suas épocas. Na Idade Média, o rei era o cavaleiro, o militar e guerreiro à frente nas batalhas; na Renascença, o rei era um cientista, defensor das artes e da cultura.» (121)
Acrescentaria eu que hoje é pedido aos reis que sejam de forma especial os guardiães da esperança e a garantia de que não se perderão irremediavelmente as riquezas da Tradição. Afirmações como: «A monarquia evoluiu do poder total para a ausência de poder» (122), aí morando a sua força, «A monarquia é democrática ou não é» (34), «O Rei é símbolo da república e a sua melhor garantia» (27), «a democracia implantou-se em Portugal à sombra da Monarquia» (118) revelam-nos uma lúcida visão do ideal monárquico para o nosso tempo e a sua perfeita realização. Cita-se Jacques Monet:
«Um rei é rei, não é porque é rico e poderoso, não porque pertence a um credo particular ou a uma minoria nacional. Nasce rei. E ao deixar a selecção do chefe de estado a este denominador o mais comum no mundo – o acaso do nascimento – proclama-se implicitamente a fé na igualdade humana; a esperança no triunfo da natureza sobre a manobra política e sobre os interesses sociais e do capital financeiro e na vitória da pessoa humana.» (27)
(continua)
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