5 – ARGUMENTOS PRÓ-MONARQUIA
Estas páginas são uma serena e profunda argumentação a favor da monarquia. Pretende-se exorcizar os fantasmas e preconceitos acerca da realeza: cortes faustosas, privilégios, casamentos de estado, cerimoniais bizantinos… estas são meras formas históricas que, num dado momento, acompanharam a monarquia, mas a sua essência é cousa bem diversa. Hoje, segundo Dom Duarte, os reis constitucionais vivem com o realismo do nosso tempo: cumprem os deveres do seu ofício, casam-se com quem estimam, representam o poder dos sem-poder e continuam a evocar o que há de melhor em cada um dos seus povos (120). Permanece, deste modo, intacta a alma da monarquia: a estabilidade, a preparação de toda uma vida para se ser chefe de Estado e a consequente fidelidade dessa vida à missão assumida, a “capitalização” de conhecimento e de contactos, a duradoura comunhão com a Nação, a equidistância em relação a todas as forças políticas e grupos de interesse, a prudente moderação, a pertença livre e soberana a uma Pátria, sem haver necessidade de disputa política, nem de retórica empolada, nem muito menos de demagogia, o profissionalismo genuíno no serviço ao Estado, a independência perante o “fazer carreira”, a garantia da defesa dos valores comuns. Perante a triste feira em que por vezes se transforma o sistema republicano, perguntamo-nos onde mora a democracia. O facto é que a expressão do “poder do povo” não passa frequentemente de fruto de uma operação de marketing, do triunfo das oligarquias, de um mercado, enfim, em que vende mais quem fala melhor, quem melhor veste e se mascara, quem pode exercer mais ou menos influências. O elevadíssimo nível da abstenção em todas as eleições, e mesmo referendos, é um sinal muito claro de um mal-estar democrático. Diante deste cenário, os monárquicos afirmam sem tergiversar que um Rei é a melhor garantia do interesse comum. Afirma-se: «Um rei reforça a vida colectiva e fortalece a democracia» (207). Um monarca, uma família real, pertencem à Nação, não o contrário. Muito mais do que uma bandeira ou um hino, o Rei é o símbolo de uma comunidade; na hereditariedade encontra-se a espinha dorsal e o sustentáculo de um país. Não nos enganemos: na organização das comunidades humanas, a dimensão simbólica está longe de ser secundária. Pelo que fica dito, na nossa situação de europeus que querem continuar a ser soberanamente Portugueses é de todo indispensável repensar os benefícios de uma restauração da monarquia, da sua perfeita viabilidade e mesmo oportunidade, não para derrubar a República, como fica bem expresso nesta obra, mas para a coroar! Talvez não esteja longe o tempo em que se chame os Reis de Portugal como garantia plena da nossa portugalidade.
(continua)
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