segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Dia Mundial do Doente II

Aproveitando o Dia Mundial do Doente, deixo aqui algumas notas históricas acerca dos estabelecimentos hospitalares em Portugal.
Os hospitais foram conhecidos no nosso País desde o princípio da monarquia, especialmente as albergarias (hospitais de peregrinos e caminhantes) e as chamadas gafarias (hospitais de leprosos).
No testamento de D. Sancho I apareceram diferentes legados e em favor do hospital dos Cativos em Santarém, e dos gafos em Coimbra.
No tempo de D. Afonso III eram já tantos aqueles institutos, e tão avultadas as suas rendas, que o bispo do Porto e outros prelados se queixaram ao Papa de que o monarca lhes usurpava a administração e os bens dos hospitais e albergarias.
Foi porém no reinado de D. João II que a instituição hospitalar começou a ter maior desenvolvimento, graças ao zelo da Rainha D. Leonor, auxiliada nos seus intentos pelo seu confessor o venerando Frei Miguel Contreiras, da Ordem da Santíssima Trindade, natural de Valência, em Espanha e que veio fixar residência em Lisboa no Convento da sua Ordem, onde faleceu.
Foi a Rainha D. Leonor que fundou o hospital das Caldas da Rainha, e é também do seu tempo que data a instituição do Hospital de Todos-os-Santos, no Rossio de Lisboa, e no qual foram incorporados outros pequenos hospitais, que então havia na capital portuguesa.
Este estabelecimento, por duas vezes, em épocas diferentes, foi vítima de terríveis incêndios e arrasado pelo terramoto de 1755. Vinte anos depois foi transferido para o colégio dos jesuítas tomando a designação de Hospital de São José.


Portão do antigo Hospital da Santa Casa da Misericórdia
de Praia da Vitória, nos Açores (hoje clínica privada).

Frei Domingos foi também o instituidor da Misericórdia de Lisboa, confraria que viria sob os auspícios da Rainha, se desenvolveu por todo o País, dando maior amplitude e melhor organização aos institutos hospitalares.
Entretanto, no fim do século XV, nascia na Vila de Monte-Mor-o-Novo, um outro benemérito da humanidade que veio depois a representar na Espanha o mesmo glorioso papel. Trata-se de S. João de Deus, que, tendo nascido naquela vila, de pais humildes, e indo para a Castela, ainda criança, foi ali pastor, soldado e vendedor ambulante, até que, aos quarenta, abraçou a vida monástica, e, à custa de boas vontades, fundou em Granada um hospital a que dedicou toda a sua vida com extremo zelo, que granjearam a fama de santo, que mais tarde a Igreja confirmou.
Vinte anos depois do falecimento do santo enfermeiro, foi criada por bula pontifícia a Ordem dos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus, que tantos e tão relevantes serviços tem prestado à humanidade enferma.
O primeiro convento da Ordem que fundou foi na sua própria casa onde nasceu.

Joaquim Barbosa

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