(1931-2018)
No passado dia 7 de dezembro de 2018, na freguesia de Ramalde, Porto, faleceu Pedro Jácome de Ornelas da Câmara Paim de Bruges, de 87 anos, nascido na freguesia da Matriz, Ponta Delgada, a 30 de outubro de 1931, solteiro, proprietário, filho de Guilherme do Canto Paim de Bruges (1901-1972), n. Quinta da Estrela, S. Pedro, Angra do Heroísmo, f. Ponta Delgada, proprietário, que desempenhou vários cargos como provedor da Misericórdia de P. Delgada e de Dona Maria Luíza Raposo do Amaral Viveiros Bruges (1905-1986), natural de P. Delgada.
Há mais de 50 anos que Pedro Jácome deixou P. Delgada para se radicar no Porto, onde adquiriu casa na freguesia de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, onde tinha familiares. No entanto, mantinha ligação com São Miguel, onde conservava propriedades e possuía família, tanto do lado paterno como do materno. Não esquecendo que entroncava em gente terceirense que a história fixou, cultivava amizade, igualmente, com alguns parentes da Terceira, como Álvaro Monjardino e o autor desta notícia, tendo o Pedro marcado presença a 27/06/1997 no Ateneu Comercial, aquando o lançamento do meu livro "A Cerâmica Terceirense", na cidade do Porto, numa iniciativa da Casa dos Açores do Norte.
Detinha uma razoável biblioteca com obras, sobretudo de história dos Açores, e foi sócio subscritor de instituições de natureza cultural, como o Instituto Histórico da Ilha Terceira, tal como seu pai, já o fora, desde 1946 e ele desde os anos setenta.
Pedro Jácome mostrava um certo orgulho em antepassados, como o avô, Pedro Alvares da Câmara Paim de Bruges (1872-1910), bacharel em Direito (Univ. Coimbra, 1895), notário, delegado do Procurador Régio, conservador do Registo Civil (Lisboa), advogado, dirigente do Partido Progressista, director de "O Angrense", presidente do Município Angrense (com excepcional dinamismo, faleceu no cargo em março de 1910) e maçon com o nome simbólico de "Dom Carlos de Noronha", originário da Loja Opressão e Liberdade, regularizando-se no GOLU em 1905, com o grau 25, sendo venerável da Loja União e Liberdade. Era casado com Dona Genoveva do Carvalhal do Canto Brum Bruges (1876 – 1958), neta do morgado José do Canto.
Porém, os seus avoengos maternos, micaelenses, também se distinguiram como o coronel Nicolau Maria Raposo do Amaral (1770-1865), grande negociante com interesses no comércio com o Brasil e José Maria Raposo do Amaral (1856-1919), donos de casas ricas e opulentas, ocupando cargos como governador civil, presidente da C.M.P.D., presidente da Comissão da Junta Monárquica de P. Delgada, etc, etc.
Não esquecendo, igualmente, seu avô Rolando de Viveiros (1882-1965), industrial, presidente da Junta Geral de P. Delgada, presidente da Associação Comercial, poeta, prosador, com crónicas em jornais de São Miguel mormente no Diário dos Açores, tradutor de contos, cônsul da França, Noruega, Dinamarca, vice-cônsul de Inglaterra, etc.
Pedro Jácome, deixou disposições testamentárias que contemplaram instituições públicas de que se destaca a doação ao Município de P. Delgada, de um retrato pintado a óleo sobre tela, representando o seu antepassado Nicolau Raposo do Amaral, entregue ao seu presidente a 28 de março de 2019 pelo primo Miguel Tavares, bem assim a oblação de condecoração e respectivo diploma da comenda da Ordem de Benemerência concedida a seu pai, Guilherme do Canto Paim de Bruges, pelo Presidente da República Portuguesa em 8 de março de 1969, agora entregue ao Museu de Angra do Heroísmo a 26 de abril de 2019 pelo seu primo médico veterinário António Estrela Rego, o que sem dúvida vem enriquecer o património público açoriano que estas famílias souberam honrar e engrandecer.
Pedro Jácome deixou indicações para ser transladado para o jazigo de seus pais no Cemitério de S. Joaquim, P. Delgada pelo que, logo no início de Janeiro de 2019, foi cumprida essa sua vontade, transferindo-se, definitivamente, os seus restos mortais do Cemitério da Lapa, no Porto, onde estivera cerca de um mês em jazigo de parentes até o dia 3 de Janeiro seguinte.
Ponce de Leão
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