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Por: Joaquim Pires *
Nesse sentido o Governo Regional ao abrigo do estatuto Politico - Administrativo da Região Autónoma dos Açores, resolveu, em Junho de 1998, criar um grupo de trabalho multidisciplinar encarregado de promover e supervisionar a realização do estudo de salvaguarda do património natural e o edificado característico da cultura da vinha dos Biscoitos, propondo-se a delimitação geográfica da respectiva área, com vista à sua eventual classificação como “Paisagem Protegida de Interesse Regional”.
O desenvolvimento dos meios rurais passa fundamentalmente pelas questões de ordenamento do território.
Na verdade, um espaço ordenado é um espaço onde se encontram em equilíbrio os recursos e a sua utilização. A integração harmoniosa deste equilíbrio será de certo beneficiada pela classificação de paisagem protegida que se pretende, já que no presente, o verdadeiro desenvolvimento local exige cada vez maiores prudências ecológicas e ambientais.
O contributo para este desenvolvimento passa, obrigatoriamente por todos aqueles que residem nos Biscoitos, pela sua capacidade em cooperarem e em se associarem em organizações conscientes e activas.
As associações locais são parceiros, insubstituíveis no Desenvolvimento, de forma a dar cada vez mais conteúdo à cidadania responsável, que deverá ser assumida por grupos interessados na concretização de um projecto. Aqui deve constatar-se o empenho e o interesse já demonstrado pela Confraria do Vinho de Verdelho dos Biscoitos, solicitando junto das autoridades do Governo e Autarquias, a classificação de paisagem protegida da referida área.
Não deixa de ser verdade que os projectos que promovem resultados imediatos e com espírito de curto prazo, são aqueles que mais facilmente atraem o entusiasmo dos movimentos e organizações da sociedade civil e até mesmo das instâncias públicas. No entanto, simultâneamente, para além de serem efémeros nos seus resultados, são também os que mais suprimem a criatividade social.
Contudo, este não deve ser um raciocínio a generalizar, muito mais quando estamos perante questões de desenvolvimento rural, em que as intenções em nos atraírem para a solução fácil e de curto prazo deverão ser completamente postas de parte.
Caso contrário colocaria em risco, ou poderíamos inviabilizar, a consistência para as potencialidades do turismo rural, do aproveitamento do património rural, do reviver dos costumes, da busca da autenticidade que tantas vezes falta nos meios citadinos, bem como o encontro e a utilização de produtos naturais, frescos, puros, caseiros e tradicionais, que sairão potencializados pela existência de um ambiente ordenado e devidamente certificados, o que permitirá o beneficio de contrapartidas imensuráveis para o meio rural onde um sistema deste se desenvolve.
A isto chama-se Desenvolvimento Rural, que muito dificilmente se conseguirá com projectos ou planos de curto prazo, não sendo demais sublinhar que a descaracterização de uma paisagem, ou a sua colonização por algo que apenas se faz por cópia de outro lugar, não favorecerá em nada o local de origem, que descaracterizado da sua essência ou autenticidade, não conseguirá por ventura qualquer valor acrescentado ou beneficio, antes pelo contrário, no futuro só terá a perder, concretizando-se sempre essa descaracterização no curto prazo e “num abrir e fechar de olhos”. Por isso as soluções que envolvem diversidade de opções com maior afectação estrutural e preservando o tradicional, embora tarefa mais fácil, serão decerto as mais seguras, nos seus resultados, no tempo e no espaço.
Nesse sentido, é impensável delinear estratégicas de desenvolvimento rural, se estas não assentarem numa base de evolução estrutural conveniente para a agricultura, mas simultâneamente adaptável à preservação do ambiente e da qualidade de vida.
A questão dos produtos de qualidade e a sua certificação, como é o caso do V.L.Q.P.R.D. Verdelho dos Biscoitos – são um bem precioso para o homem rural, já que os bens que se produzem
* Angra do Heroísmo, 29 de Dezembro de 1998
Director Regional do Desenvolvimento Agrário
In Revista Verdelho nº3 ano 1998
Outros :
Planta da Freguesia dos Biscoitos (ano 1830) aqui
Plantas Vasculares nas Vinhas dos Biscoitos (ano 1971) aqui.
"A vinha perde-se e a população nada ganha" (ano 1994) aqui.
"Região de Biscoitos, nos Açores - Casas em vez de vinhas" - Santos Mota (ano 1994) - aqui.
"Biscoitos: que futuro? "-José Aurélio Almeida (ano 1996) - aqui.
"As Vinha dos Biscoitos" -Bailinho de Carnaval da Freguesia das Fontinhas. (ano 1997) aqui.
"Uma virada nos Biscoitos"(Açores)- (ano 1998) aqui.
O viticultor açoriano está envelhecido (ano 1998/99) aqui
“Provedor de Justiça dá razão à Confraria” (ano 1999) aqui.
“Museologia de Interpretação da Paisagem Ecomuseu dos Biscoitos, da ilha Terceira” - por Fernando Santos Pessoa (ano de 2001) aqui.
"Carta de risco geológico da Terceira" (ano ano 2001) aqui.
"Paisagem Báquica - Memória e Identidade" - Aurora Carapinha (ano 2001) aqui.
“A Paisagem Açoriana dos Biscoitos” - por Gonçalo Ribeiro Telles (ano 2002) aqui.
“A Vinha, o Vinho dos Biscoitos e o Turismo” - por Margarida Pessoa Pires (ano 2009) aqui.
(continua)
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