quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Os confeitos no Japão (2)

Confeitos = compeitos

Por: Paulo Ávila de Melo


Angra do Heroísmo - Rua do Rego - Padaria Angrense

E vem isto a propósito da visita do senhor Taku Nomura, Presidente da Osaka, Co., Ltd., que veio a Portugal com outros empresários japoneses, na “Portugal Tour”, organizada pela “Associação Japão Portugal”, de Osaka, fundada há três anos, da qual também é membro.

Quando chegou a Lisboa, o senhor Nomura decidiu visitar a ilha Terceira por ter sabido que nesta ilha existiam os confeitos. Assim, esteve na “Ilha de Jesus Cristo”, com a sua mulher, a Senhora Motoko Nomura, entre os dias 21 e 23 de Maio próximo passado, investigando a origem dos confeitos, um doce de origem conventual, bem como a sua confecção local.

Pessoa deveras curiosa, o Senhor Taku Nomura, visitou a Fábrica de confeitos da Padaria Angrense, propriedade da firma “Basílio Simões e Irmão”, a qual considerou como um museu vivo, tirando apontamentos, fotografias, filmando tudo, em vídeo, e recolhendo amostras dos nossos confeitos e das nossas sementes de funcho.

O Senhor Taku Nomura desfez-se em perguntas, quis saber os nossos processos de confecção dos confeitos e também explicou os seus, mostrando e deixando, ainda, nesta ilha, alguns dos exemplares dos diferentes processos da sua fábrica japonesa, “compeitos” de tamanhos diferentes, grandes, como os nossos, e alguns muito pequenos, com três milímetros de diâmetro. Fantásticos, acima de tudo, os “compeitos” japoneses, são muito mais finos que os nossos, das mais variadas corem e sabores. Autenticas “obras de arte”, parecem feitos de jade ou de outras pedras semi-preciosas, e, tal como tudo o que de bom gosto, se faz no Japão, os pacotes de “compeitos apanham-nos de surpresa, por serem incrivelmente exóticos, tirando-nos a coragem necessária para os abrir.

A sua fábrica faz embrulhos de “compeitos”, em papel e em plástico, com diferentes formatos, nomeadamente, cachos de uvas, morangos, espigas de milho, girassóis, lírios e até com o formato de hortênsias, azuladas ou arroxeadas.

O senhor Taku Nomura deixou-se encantar pela nossa Ilha, a única que visitou, admirando-se com a proficuidade de flores e árvores endémicas do Japão, destacando as hortênsias, “nos lados dos caminhos” e as criptomérias, as quais encontrou um pouco por toda a Ilha. Ficou maravilhado coma a Lagoa das patas (da Falca), com o Museu do Vinho, com as nossas vinhas e rochas negras dos Biscoitos. As “muitas vacas no nevoeiro”, lembrou-lhe a paisagem do mote Aso, em Kyush, no Japão.

Após ter encontrado a fábrica dos confeitos, aquilo que mais procurava, regressou a Lisboa, onde se juntou ao seu grupo.

Post Scritptum

O senhor Taku Nomura, achou ainda curiosas as pinturas de motivos japoneses, nas madeiras do arco do Coro Alto do Convento de São Gonçalo, (Angra do Heroísmo), e identificou-as como tendo um desenho típico da cidade de Nagazaki.

In Boletim Municipal de Angra do Heroísmo- 1996


Nota: nas suas pesquisas não utilize a palavra compeitos (com c ) mas com K (kompeitos)



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