PHILIP DE EDIMBURGO
Por Jácome de Bruges Bettencourt*
Foi há, precisamente, trinta anos que esteve na ilha Terceira, no dia 24 de março de 1991, Philip Mountbatten, ou melhor S.A.R. o duque de Edimburgo, conde de Meríoneth e barão de Greenwich, marido da rainha Isabel II de Inglaterra, desde o dia 20 de novembro de 1947, em cerimónia matrimonial realizada na Abadia de Westminster transmitida pela BBC para todo o mundo, vista por mais de 200 milhões de pessoas, iam agora completar 74 anos de união, não fosse ele falecer hoje, 09 de abril de 2021.
Sua Majestade Britânica vai fazer no dia 21 do corrente mês, 95 anos de idade e o Príncipe Philip, completaria no próximo dia 10 de junho, um século de vida extraordinariamente intensa. Nascido em território grego, em Mon Repos, ilha de Corfu, (que visitei em 2007 ao participar de 2 a 10 de junho num cruzeiro no “Splendour of The Seas” da Royal Caribbean International que incluiu algumas ilhas gregas, saído de Veneza, passando por Mykonos, Pireu, Atenas, Katakolon, Corfu, Split (Croácia), nova estada em Veneza e passagem via terrestre por Pádua, Verona e Milão, onde apanhei avião para Lisboa), filho do príncipe André da Grécia e da Dinamarca e da princesa Alice de Battenberg, neto do rei Jorge I da Grécia, assassinado em 1913, corria-lhe nas veias sangue das principais casas reais europeias. Por força das circunstâncias então vividas, viu-se obrigado a estudar em vários países como França, Alemanha e Inglaterra (Escócia) e em 1939 foi integrado na Marinha Real Britânica, onde se distinguiu como o melhor cadete do seu curso na Real Escola Naval. Esteve embarcado em vários navios, como no couraçado HMS Ramillies a proteger embarcações australianas no Índico, no Ceilão (atual Sri Lanka), etc. Tripulou navios da frota do Pacífico e do Mediterrâneo em outubro de 1940 e participou durante a guerra, nas batalhas de Creta e do Cabo Tênaro, que lhe valeram a Cruz de Guerra grega por bravura e valorizaram a sua brilhante carreira que primou por grande tenacidade, coragem e engenho. Quando o Japão capitulou, Philip estava, como tenente, a bordo da frota aliada na baía de Tóquio. Serviu em diversos navios de guerra sempre com grande competência, tendo comandado a fragata HMS Magpie.
Philip era sobrinho dessa ímpar figura que foi lorde Louis Mountbatten (1900-1979), último vice-rei da Índia e primeiro governador-geral do Independente Domínio da Índia, Supremo Comandante Aliado do Sudeste da Ásia na 2ª Guerra Mundial, 1.º Lorde do Mar, etc.
Ao tornar-se príncipe consorte, Philip dedicou a sua vida a representar oficialmente a coroa britânica em substituição da monarca em cerimónias públicas e oficiais, excetuando as do Parlamento, durante as mais de 7 décadas em que foi rosto importante da Monarquia Inglesa.
Aposentou-se da vida pública nos finais de 2017.
Entre as dezenas de condecorações que possuía, figuram as portuguesas: grã-cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor Lealdade e Mérito, 1955; grande-colar da Ordem do Infante D. Henrique, 1973; grã-cruz da Ordem Militar de Avis, 1979 e grã-cruz da Ordem Militar de Cristo, 1993.
· Aurélio F. Fonseca, Jácome de Bruges Bettencourt, Duque de Edimburgo, José Guilherme Reis Leite, J.H. Simões Flores (vice-cônsul honorário da Grécia). Solar da Madre de Deus em Angra, 1991.03.24.
Na sua passagem por Angra do Heroísmo em 1991, o então Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores, general Vasco Rocha Vieira, ofereceu-lhe após a receção, um jantar em sua honra no solar da Madre de Deus, onde ficou instalado, estando presentes cerca de 20 convidados. Como aperitivo foi servido um verdelho dos Biscoitos, Praia da Vitória, Brum (seco) da Casa Agrícola Brum, Lda e como digestivo um Madeira da Henriques & Henriques, Lda.
No último dia da visita do Duque de Edimburgo aos Açores, este deslocou-se a S. Miguel, tendo o então presidente do Governo Regional, Mota Amaral, organizado um almoço em sua honra no palacete do Parque Terra Nostra, propriedade da empresa detentora do Hotel das Furnas, ou seja, o Grupo Bensaude.
Recordo que na minha última estada pela 5ª vez em Londres, de 3 a 12 de junho de 2010, mas nessa altura, percorrendo a Inglaterra, Irlanda, Escócia e País de Gales, voltei a avistar o Duque de Edimburgo dia 5, no parque circundante ao palácio de Buckingham, numa espetacular cerimónia com desfile de militares a cavalo, de que guardo imagens fotográficas.
Curiosamente, quando esperava, no dia 12 à noite, no aeroporto de Heathrow o avião de regresso, eis que reparo se dirigirem a mim e à minha mulher, S.A.R. o senhor D. Duarte de Bragança e o Príncipe da Beira, D. Afonso, que igualmente aguardavam o mesmo voo para Lisboa. Eles, também com parentescos em todas as casas reais europeias…
O Príncipe Philip reuniu uma biblioteca pessoal de cerca de 12 mil obras e para além de leitor atento, escreveu 14 livros e fez 5.500 discursos, marcando presença sozinho, em mais de 22.300 atos oficiais. Gostava de pintar. Apreciava cozinhar.
Pescava, assim como adorava tudo o que se relacionasse com o mar, como marinheiro que foi. Praticou várias modalidades desportivas. Viajou como poucos, por todo o Mundo.
As homenagens ao Duque de Edimburgo multiplicaram-se extraordinariamente por toda a Inglaterra e Comunidade Britânica. Sem dúvida, o que vem demonstrar a estima que o Povo tem pela sua monarquia e a figura de Isabel II.
Casa da Quinta da Estrela, em Angra do Heroísmo, 2021.04.09
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