José Mendonça Brasil e Ávila com Jácome de Bruges Bettencourt (09.01.2012)
Nasceu a 17 de Fevereiro de 1943 na freguesia de Santo Antão, do antigo concelho do Topo, pertencente atualmente ao concelho da Calheta, ilha de São Jorge, filho de Manuel Mendonça e Ávila e Amélia da Conceição Brasil e Ávila, neto paterno de Manuel de Sousa Ávila e Maria Delfina Mendonça, e materno de João Brasil de Sousa e Maria Amélia Brasil.
Faleceu, solteiro a 22 de dezembro de 2016, no Hospital de Santo Espírito, freguesia de Santa Luzia, cidade de Angra do Heroísmo.
Seus pais, possuidores de alguns meios económicos, desejando proporcionar ao único filho uma mais conveniente educação e instrução, após os estudos primários, logo se transferem para a ilha Terceira, para lhe facilitar a frequência do ensino secundário, entrando este no Liceu Nacional de Angra a 3 de outubro do ano letivo de 1955/56, com o nº30 da turma B do 1º ano, constituída então por 40 alunos.
Conclui no ano letivo de 1963/64, o curso complementar liceal, ficando apto a ingressar no ensino superior.
Entretanto, em maio de 1965 interrompe os estudos para frequentar na Escola Prática de Infantaria de Mafra, o curso de Oficial Miliciano e seguidamente faz a especialidade de Armas Pesadas e Morteiros, sendo logo mobilizado para Angola, onde já Alferes, comanda um pelotão independente de morteiros 81, distinguindo-se sobremaneira, pelas suas qualidades excecionais de organização e formação humana num cenário de guerra difícil, sendo-lhe reconhecidos os serviços prestados num amplo Louvor.
Em 1968 matricula-se na Faculdade de Letras, iniciando o curso de História na Universidade Clássica de Lisboa e instala-se simultaneamente no Colégio Universitário Pio XII, tendo como colegas figuras que hoje se destacam a nível nacional, como Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, Fernando Seara, antigo Presidente do Município de Sintra, renomado advogado e político, José Magalhães, também advogado e deputado esquerdista, entre outros.
Inicia a sua carreira como professor efetivo do ensino preparatório na Praia da Vitória em 1975, onde lecionou muitos anos, e depois em Angra até à aposentação.
Conheceu também, na década de 90 uma incursão de cinco anos como chefe das Divisões de Ação Cultural e Editorial, na Direção Regional dos Assuntos Culturais, a convite do então Secretário Regional da Educação e Cultura, Aurélio Henrique Silva Franco da Fonseca, feliz experiência que fez questão de abandonar com a saída deste governante, não obstante o novo titular Luiz Fagundes Duarte, desejar a sua permanência no cargo, mas ele entendia dever deixar o lugar para uma nova equipa.
Intercedeu muitas vezes na publicação de obras, ajudando os seus autores, até com a revisão integral dos textos, exigindo sempre que não lhe fossem feitas quaisquer referências, tal a sua modéstia…
Ajudou igualmente, muitos estudantes de todos os ramos ou graus do ensino, reunindo pacientemente elementos para licenciaturas, mestrados, doutoramentos, etc., além de facultar por empréstimo livros de apoio, provenientes da sua biblioteca pessoal.
O seu espírito de bem-fazer, levou-o não poucas vezes a dar acolhimento em sua casa a doentes vindos de São Jorge para tratamento na Terceira.
Homem de bom coração, Amigo verdadeiro, deixou os seus bens de São Jorge a familiares e a sua residência em Angra, ao Lar D. Pedro V da Praia da Vitória.
Aquilo que muito amava, os mais de 16 mil livros que levou a vida a reunir e assim constituir a sua valiosa biblioteca, que para as aquisições o fez levar 35 anos a receber catálogos de livreiros e alfarrabistas para enriquecimento de espécimes raros, legou à Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, constituindo assim a maior doação feita por um particular a uma instituição pública deste género nos Açores. Paralelamente deram entrada na mesma biblioteca e arquivo, os seus trabalhos inéditos sobre as genealogias das gentes do Topo, e outras histórias de São Jorge, bem assim documentação diversa reunida em investigação ao longo de muitos anos.
Possuía duas marcas de posse bibliotecárias – ex-líbris. Um desenhado pelo seu colega Álvaro d’Albergaria Vieira da Silveira em 1988, e o mais recente, de 2014, da autoria do arquiteto Dr. Segismundo Pinto.
Para além de sócio efetivo do Instituto Histórico da Ilha Terceira, era-o também do Instituto Açoriano de Cultura, e de outras instituições de caráter social, recreativo e desportivo.
Jácome de Bruges Bettencourt
Sem comentários:
Enviar um comentário