sábado, 20 de julho de 2013

Calceteiros angrenses (16)


INVESTIGADOR RICARDO TEIXEIRA TRAÇOU UM ROTEIRO PARA A CIDADE PATRIMÓNIO MUNDIAL

Há matemática 
nas calçadas de Angra

Rua da Esperança – "a vaca” da antiga Leitaria Regional

«Diz-se que a matemática está em todo o lado e também se encontra nas calçadas de Angra do Heroísmo. Ricardo Teixeira, do Departamento de Matemática da Universidade dos Açores, tem-se dedicado a estudar a matéria, não só na cidade Património Mundial, mas também em Ponta Delgada e na Horta.
Ricardo Teixeira construiu já um roteiro dos frisos (formas como se pode repetir um motivo ao longo de uma faixa) das calçadas de Angra do Heroísmo. Existem sete tipos possíveis de frisos e Angra do Heroísmo conta com cinco, bem como Ponta Delgada. A cidade da Horta tem seis tipos de frisos, ocupando o topo da lista das cidades com mais frisos do arquipélago.
De acordo com Ricardo Teixeira, a informação que foi recolhida no âmbito da construção dos roteiros para as três cidades açorianas pode ter várias utilidades.  
"As autoridades camarárias podem, quando procederem a trabalhos de repavimentação, adotar os frisos que estão em falta na sua cidade", exemplifica, acrescentando que, no país, até ao momento, apenas Lisboa parece apresentar os sete tipos possíveis de friso.
Há ainda um mercado turístico que se interessa pela ligação entre património e matemática. "Existe um turismo matemático. Um site no Reino Unido, por exemplo, faz a divulgação de sítios que são atrações turísticas e onde também se pode encontrar matemática nas ruas e nos edifícios de uma forma particular... A calçada portuguesa é um aspeto focado", adianta.
Outra ideia é a construção de guias turísticos, em várias línguas, que aliem a explicação dos conceitos de simetria que existem nas calçadas ao contexto histórico e cultural. "No fundo, há aqui um tripé, que assenta na cultura, no turismo e também no ensino, visto que, do primeiro ao terceiro ciclo se lecionam os conceitos de simetria... Esses conceitos não precisam de ser unicamente explicados na sala de aula, podem sê-lo enquanto se olha para as nossas calçadas", frisa.
Ricardo Teixeira encontra-se a desenvolver este trabalho numa altura em que se assinala o Ano Internacional da Matemática do Planeta Terra. O investigador debruçou-se sobre a matemática urbana: "O objetivo deste levantamento é demonstrar que a matemática está às nossa volta, nas varandas, nas calçadas, em coisas pelas quais passamos todos os dias e nas quais são reparamos".»


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