II- Um arraial á antiga
Meu coração, ao morrer,
Não pára, não arrebenta
Como a corda da viola
Quer a cravelha não aguenta.
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
Tu deste-me um pão de leite
Cu’a rosa na cabeça,
Para que eu saiba que és rosa,
Como se eu de ti me esqueça!
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
Quando estás triste comigo
Não negas a gentileza:
Fancas o queixo no peito,
Ergues-te logo da mesa.
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
Não quero rir, que me cansa,
Nem chorar, que me faz pena:
Quero ter a alma limpa
Como quando era criança.
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
Alcatra, confeitos, vinho
Enchei o meu coração,
Que faz mais barulho ardendo
Que um tambor de folião!
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
Sonhei que, á força das lágrimas,
Já não eras mulher, não!
Eras a pinga do caldo
E o conduito do meu pão
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
“Olhos pretos”, diz a moda:
Eu sei lá de que cores são!
São azuis se olhas para o mar;
Negros, se os poisas no chão.
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
Ponha aqui o seu pezinho
Ao pé do meu coração:
Uma coisa delicada
Tem lugar de estimação.
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
Quando te pões pensativa
Conheço-te plo cabelo:
Cai-te um fiinho nos olhos,
Só eu é que posso vê-lo.
Vitorino Nemésio -Festa Redonda
2 comentários:
É com as lágrimas a cairem-me pelo rosto que eu vejo estas imagens..........
Cara Tânia
As suas lágrimas são a linguagem muda da dor.
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