quarta-feira, 26 de maio de 2010

25º Aniversário do GFFNI (54)

II- Um arraial á antiga

Meu coração, ao morrer,
Não pára, não arrebenta
Como a corda da viola
Quer a cravelha não aguenta.

Vitorino Nemésio -Festa Redonda

Tu deste-me um pão de leite
Cu’a rosa na cabeça,
Para que eu saiba que és rosa,
Como se eu de ti me esqueça!

Vitorino Nemésio -Festa Redonda

Quando estás triste comigo
Não negas a gentileza:
Fancas o queixo no peito,
Ergues-te logo da mesa.

Vitorino Nemésio -Festa Redonda


Não quero rir, que me cansa,
Nem chorar, que me faz pena:
Quero ter a alma limpa
Como quando era criança.

Vitorino Nemésio -Festa Redonda


Alcatra, confeitos, vinho
Enchei o meu coração,
Que faz mais barulho ardendo
Que um tambor de folião!

Vitorino Nemésio -Festa Redonda


Sonhei que, á força das lágrimas,
Já não eras mulher, não!
Eras a pinga do caldo
E o conduito do meu pão

Vitorino Nemésio -Festa Redonda

“Olhos pretos”, diz a moda:
Eu sei lá de que cores são!
São azuis se olhas para o mar;
Negros, se os poisas no chão.

Vitorino Nemésio -Festa Redonda


Ponha aqui o seu pezinho
Ao pé do meu coração:
Uma coisa delicada
Tem lugar de estimação.

Vitorino Nemésio -Festa Redonda

Quando te pões pensativa
Conheço-te plo cabelo:
Cai-te um fiinho nos olhos,
Só eu é que posso vê-lo.

Vitorino Nemésio -Festa Redonda


Ó cantiga, cala a boca!
Quem te chamou a terreiro?
Amor que não tem remédio
Só calado é verdadeiro.

Vitorino Nemésio – Festa Redonda


Namorei-te pelos Bodos,
Deste uma fala a meu pai,
Casámos pelo SãNunca…
Oh meu Deus, onde isso vai

Vitorino Nemésio – Festa Redonda

(continua)

2 comentários:

Tânia Marta disse...

É com as lágrimas a cairem-me pelo rosto que eu vejo estas imagens..........

Bagos disse...

Cara Tânia

As suas lágrimas são a linguagem muda da dor.