Faleceu no passado domingo, com 70 anos, em Lisboa, o professor universitário Alfredo Saramago.
Natural de Arronches, onde nasceu a 10.05.1938, era considerado um dos principais investigadores portugueses da história da alimentação, tendo centrado grande parte da sua investigação na gastronomia nacional, designadamente do Algarve, Alentejo, Beiras, Minho e Trás-os-Montes.
Licenciou-se em História em Friburgo, onde fez um mestrado em Antropologia. Porém, foi na Sorbonne que se virou para a História da Alimentação, por influência do professor Jean-Louis Flandrin e que o entusiasmou a fazer pós-graduação nessa área e com outro seu mestre, Massino Montanari, abalançaram-se na obra "História da Alimentação" (Terramar, 1998).
Doutorou-se em Antropologia, em Inglaterra e aí trabalhou como investigador. Recentemente editou "125 vinhos" e "Cozinha Para Homens - a honesta volúpia".
Figura que se notabilizou na investigação da gastronomia portuguesa, sempre buscou o maior rigor e seriedade nos seus livros, que ultrapassaram a quinzena de títulos, entre eles, "Para uma História da Alimentação no Alentejo e "Doçaria Conventual do Norte – História e Alquimia da Farinha".
Foi um dos mais respeitados e profundos conhecedores dos hábitos alimentares portugueses, como se depreende nos seus seis livros "Cozinha Transmontana" e "Cozinha Minhota".
Alfredo Saramago não deixou de ser apreciador dos vinhos açorianos dos Pico e o Verdelho dos Biscoitos (ilha Terceira), zonas que visitou e onde mantinha Amigos.
Costumava mesmo dizer que foi o terceirense Jácome de Ornelas Bruges, que conheceu há mais de 40 anos, no Alentejo, quem lhe chamou a atenção para a cozinha das ilhas e, curiosamente, há 20 anos, passou a fazer amizade com outro Jácome da mesma Família, e também apreciador de boa mesa e vinhos de qualidade.
Colaborou na revista "Verdelho" da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos e visitou mais do que uma vez o Museu do Vinho da Casa Agrícola Brum, Lda. – Biscoitos que considerava um dos mais interessantes do País.
Era um amante incondicional das coisas boas e belas, o que às vezes o tornava controverso aos olhos de certa gente, por ser apreciador de grandes vinhos, da melhor gastronomia, dos charutos, das touradas e das colecções.
Por isso mesmo, dirigiu com saber a revista "Epicure" que assim espelhava o vasto leque dos seus interesses.
Que descanse em Paz.
J.B.B.
Fotos: L.M.B.
Alfredo Saramago com Clara Roque do Vale e Carlos Roque do Vale
Sem comentários:
Enviar um comentário