domingo, 29 de junho de 2008

A "Phyloxera Vastratrix" nos Açores

Na foto, um porta enxerto 99Richter(99R)-
origem: Berlandieri Las Sorras X Rupestris du Lot-
fortemente atacado pela Phyloxera

A Phyloxera que ataca a face inferior da folha

Em 1853, surgia a primeira guarda avançada das terríveis doenças, o Oídio. Cerca de 1857, o míldio e por volta de 1870 a phyloxera. Era o abandono dos vinhedos e o aniquilamento quase total da casta da “Verdelho dos Açores”.

A “ Phyloxera Vastratrix é um insecto homóptero da família dos afídeos, de acentuado polimorfismo. A forma mais nociva do parasita é a radicícola que provoca graves danos nas videiras de espécies “vitis-vinífera”, mas praticamente não ataca as raízes das videiras americanas, do Dicionário do Vinho de Francisco Esteves Gonçalves.

Um doido não varrido da história da vitivinicultura dos Açores

Volvidos alguns anos de desânimo surge Francisco Maria Brum que, com uma visão mais larga, começa a reconstituir os vinhedos nos Biscoitos (ilha Terceira).

Faz hoje, dia de São Pedro, 80 anos que faleceu Francisco Maria Brum, que fundou em 1890 a Casa Agrícola Brum na freguesia das Fontinhas, com uma produção de vinho a partir da casta da Verdelho em vinhas de brejo no Porto do Martim e Caldeira das Lajes. Em 1897 deu inicio à reconversão da vinha nos Biscoitos. Com trabalho e persistência, contra tudo e contra todos, fez ressurgir a abastança vitivinícola biscoitense. Eram terras em estado daninho que a phyloxera deixara então como herança. Terrenos mortos que Chico Maria converteu em solos lávicos produtivos.

Segundo Pedro de Merelim, in freguesias da Praia p 73, como regra geral acontece esta iniciativa suscitou a crítica dos cépticos. Apodaram-no de doido (!), vaticinando-lhe o fracasso como certo.

Tendo como base a casta da Verdelho entre outras, como por exemplo a “Terrantez da Terceira”, “Fernão Pires” e nas tintas “Bastardinho” e “Saborinho”, Francisco Maria Brum já em 1914 produzia 151 pipas de vinho branco e 16 de tinto.

O tipo de solo biscoitense influenciou Francisco Maria Brum na escolha da variedade Rupestris.

Um porta enxertos, com raízes menos abundantes, mas mais grossas e com maior poder de penetração para terrenos difíceis e mais resistentes à secura.

Durante uma entrevista ao “ Diário de Angra” (1), Francisco Maria Brum disse: (...)“Até 1897 as vinhas estiveram completamente abandonadas. Nessa altura resolvi fazer uma experiência em pequenos prédios que aqui possuía, começando imediatamente por estudos sobre o terreno e sobre as castas a plantar. Experimentei a vinha resistente americana “Rupestris” e verifiquei que ela se adaptava perfeitamente aos terrenos vulcânicos que como sabe, são os que aqui possuímos. Passados dois anos verifiquei a excelência dos resultados; comecei então a comprar prédios e na propaganda do desenvolvimento da cultura da vinha, no que fui seriamente contrariado, até mesmo pelos próprios proprietários.”

Actualmente existem nos Biscoitos dois porta enxertos desse tempo, Rupestris du Lot e a Rupestris Martin (Couderc)conhecidos localmente por “resistentes”. 

Também alguns produtores directos foram nessa altura trazidos por Francisco Maria Brum para a ilha, como o Jacquez, o Herbemont e a Elvira.

(1) In Diário de Angra n.º 408 – Ano 2.º - 7 de Setembro de 1923


     
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