quarta-feira, 18 de junho de 2008

Introdução da vinha e consumo de vinho nos Açores

Curraletas de Vinha nos Biscoitos

Nos Açores, a par do incremento da produção de trigo e de pastel, introduziram-se outras culturas de mercado, cujo cultivo nunca foi predominante. Refira-se por exemplo, a urzela (século XV), ao açúcar (desapareceu nos finais do século XVII) e ao vinho.

Segundo Sampaio (ob, cit, 366) a cepa da Verdelho aparece como a mais antiga, na ilha Terceira, aliás também Veloso e Bettencourt a primeira a receber a cultura da vinha no Grupo Central do Arquipélago dos Açores.

O vinho começou a fazer parte da dieta alimentar açoriana ao longo dos séculos. Há notícias abundantes relativas à exportação de vinho açoriano, para o reino e estrangeiro. Todavia, a produção vinícola dos Açores, nunca atingiu grandes quantidades e a da vinha, não marcou uma etapa no desenvolvimento económico do Arquipélago, como aconteceu, por exemplo na Madeira.

Segundo Frederic Mauro, nos séculos XV e XVI a produção vinícola centrava-se nas ilhas de S. Miguel, Terceira, Faial e Pico.

Por meados da centúria de quinhentos, F. Mauro alude á exportação para diversas parcelas do império português e Europa do Norte, de vinhos açorianos, que, em termos de qualidade, se equiparavam aos algarvios.

Relativamente a uma crise vinícola, em 1584, que afectou a ilha Terceira deveu-se parcialmente à invasão e saque dos espanhóis que no dizer de Hermano Ortiz del rio, danificaram cerca de quatro quintos das vinhas (AG.S.G.A. leg. 148,doc.336, carta de Hermano Ortiz del Rio, Angra 18 de Agosto de 1585.

Assim, e segundo Drumond, procedeu-se á importação de vinho da Madeira em 1589, o qual foi vendido a 40 reis a canada, enquanto o da terra, se cotava a 20 reis.

Ainda nos finais do século XVI, a produção vinícola decresce em S. Miguel e na Terceira, persiste no Pico e no Faial e desenvolve-se em S. Jorge e na Graciosa (c.F.F.Mauro ob. Cit. P, 352).

Como vemos o cultivo da vinha passa a circunscrever-se ás ilhas do Grupo Central. Aliás, em 1580, a produção vinícola da ilha de S. Jorge era já considerável como se depreende do facto da erupção vulcânica que teve lugar nesse ano, ter ocasionado a destruição de cerca de 300 adegas (C.F. Gaspar Frutuoso ob. Cit. Livro sexto, pp. 245-248. PD: 1926).

Em 1649, depois de uma crise vinícola na ilha Terceira mais concretamente um Sebastião Gonçalves, da Caldeira das Lajes vendeu a certos pescadores uma pipa de vinho por 100 reis e na freguesia dos Biscoitos, trocou-se uma pipa (550 litros) de Vinho de Verdelho por cinco cavalas e um tostão. Drumond, in anais da ilha Terceira, II, pp. 99.

Segundo o “Arquivo dos Açores”, em Angra, venderam-se nas tabernas no ano de 1693 conforme o rol do medidor do Concelho, 1.463 pipas de vinho de Verdelho. Sendo a medição de cada pipa de 225 canadas, que, foram vendidas umas pelas outras a 50 reis.

Além do vinho vendido nas tabernas, havia o consumo dos proprietários, dos conventos e segundo cálculos da época, montaria junto com as 1.463 pipas umas 3000 pipas consumidas cada ano em Angra, o que junto com o que se fornecera ás frotas e armadas, bem como o que se exportara para o Brasil e outros países, sobe a 5.000 pipas, (Arquivo dos Açores, ib-116).

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