Estiveram presentes a Federação das Confrarias Báquicas de Portugal, Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos(ilha Terceira), Colegiada dos Enófilos de São Vicente, Confraria dos Enófilos da Estremadura, Confraria dos Enófilos do Alentejo, Confraria da Alcatra, Confraria dos Gastrónomos do Alto Minho, Confraria da Chanfana,Confraria do Vinho do Pico, Academia das Carnes da Madeira, Academia do Bacalhau, Confraria do Queijo São Jorge, Confraria dos Enófilos da Região Demarcada do Douro, Confraria Saberes e Sabores da Beira - Grão Vasco, Confraria do Vinho de Lamas, Associação Portuguesa de Jovens Enófilos delegação dos Açores e LASVIN- Liga dos Amigos da Saúde, Vinho e Nutrição.
A primeira comunicação foi do Secretário Regional de Agricultura, Pescas e Florestas dos Açores, que hoje publicamos, assim como algumas fotografias referentes aos participantes.
Vendo-se na mesa Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e o Grão -mestre da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos
“O vinho é o bem-estar da alma…”
Antigo Testamento
O vinho, que genericamente se define como uma bebida alcoólica produzida por fermentação do sumo da uva (legalmente define-se como o produto obtido exclusivamente por fermentação parcial ou total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas ou de mostos) tem uma longa história.
Já no antigo testamento, Noé – que terá sido um homem justo e até perfeito (como diz o Livro do Génesis) e por isso é que terá sido escolhido para povoar a terra após o dilúvio – Noé, plantou uma vinha e embriagou-se, tendo adormecido, na sua nudez, no meio da tenda onde vivia.
Seu filho mais novo CAM, que era pai de Canaã, assim o viu e o denunciou aos irmãos (SEM e JAFET). Por o ter visto nu e pela denuncia, Noé condenou-o e a Canaã à escravidão.
Para os apologistas bíblicos da abstinência alcoólica, creio que maioritários, esta passagem do antigo testamento são um problema.
Também na mitologia o vinho se encontra amplamente referenciado.
Para os Gregos, Dionísio, que havia sido criado pelas ninfas após a morte da mãe, era o deus da diversão e do vinho.
Para os Romanos, era Líber o deus do vinho.
Mas mais conhecido é Baco (expressão mais universal de Dionísio, seu nome grego, ou de Líber, seu nome latino).
Baco, o deus do vinho e da folia, mas também o deus promotor da civilização e o legislador amante da paz, que representava o poder embriagador do vinho mas também as suas benéficas e sociais influências.
No percurso investigatório que fiz, é muito ténue a ligação entre o homem justo e perfeito que era Noé, o deus da civilização e legislador amante da paz que foi Baco ou Montesquieu, político, filósofo e escritor francês, crítico severo da monarquia absoluta, que elaborou vasta teoria política sobre a separação dos poderes e é conhecido pela sua obra mais famosa – “O espírito das leis”
Montesquieu, que dizia não haver leis mais ou menos justas ou injustas, mas leis mais ou menos adequadas a um determinado povo, a uma determinada circunstância de época ou lugar, afirmou a propósito de leis: “Dai-lhes bons vinhos e eles vos darão boas leis.”
Maiores, embora não seguros, são os indícios de que o vinho tem clara e benéfica influência nas relações sociais.
O poeta Eurípides, mal compreendido no seu tempo – 400 anos a. C – dizia que “onde faltava o vinho não havia lugar para o amor”.
Já Napoleão Bonaparte, numa prova de champanhes, observou que “nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário”, e ainda hoje, com vinho brindamos, com vinho saudamos ou com vinho nos afogamos!
Mais claras, mas ainda sem prova irrefutável, são as referências benéficas do vinho sobre a saúde.
Segundo os Romanos, o vinho tinha propriedades medicinais, nomeadamente quando misturado com ervas ou minerais. Era mesmo comum dissolver pérolas no vinho na busca de saúde!
Ainda hoje, o vinho continua a ser referência e objecto de estudo quanto às suas virtudes medicinais.
Na última década do século passado, por exemplo, o consumo de vinho tinto verificou um excepcional crescimento nos Estados Unidos.
Diz-se que tal ocorreu em reacção à publicação de várias notícias, segundo as quais, em França, haveria menos incidência da doença da coronária do que nos Estados Unidos, apesar do elevado consumo de gorduras saturadas na dieta tradicional francesa.
Suspeitaram, os investigadores, que os melhores indicadores franceses na doença da coronária se deviam ao maior consumo de vinho por parte dos franceses.
Apesar de serem escassas as evidências científicas, a suspeita dos epidemiologistas reavivou a ideia de que o vinho “moderadamente bebido, é medicamento que rejuvenesce os velhos, cura os enfermos e enriquece os pobres”, como já dizia Platão.
Não consegui apurar a razão de ser o vinho tinto e não outro, o melhor colocado nesta aparente influência benéfica sobre a coronária.
Também não consegui apurar se os outros tipos de vinho (o branco, o rosé, os espumantes ou os fortificados) reclamam virtudes terapêuticas semelhantes, nem sequer do vinho verde, que podendo ser tinto ou branco, é só nosso, português de gema, constituindo um tipo específico de vinho pela grande acidez que o diferencia dos demais.
E o nosso Verdelho?
Que lugar ocupa na saga de Baco?
À arquitectura edificada foi atribuída a função de proteger as videiras dos ventos de primavera temperados com sal, ao suor do homem a função de regar o solo pedregoso, e á negritude do espaço após a vindima e a desfolha, o mérito de ser a estufa que adoça a uva e enobrece o seu vinho.
Percorrendo a enorme estrada do tempo, detive-me no Império Romano, pelo muito que fizeram pela selecção de variedades e castas, pelo grande domínio das técnicas de cultivo da vinha, pela criação dos barris para a armazenagem e transporte do vinho e pela tecnologia de fabrico do vinho que melhoraram e dominaram como nenhuns outros ao tempo.
E que dizer daqueles que, sem os benefícios imperiais, da pedra fazem vinho?
E no uso da palavra final vos digo que, em meu pequeno entender, merecem que se divulgue e defenda este secular património báquico, que se promova o vinho verdelho como produto ímpar, genuíno e com personalidade forte e marcante sem igual.
E mais merecem que a “Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos” e todos os seus confrades, lhes concedam todo o apoio e protecção como é da sua missão.
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