O progresso tem vindo a modificar as condições climáticas e a reduzir as pequenas planícies dos Açores.
Na ilha Terceira, por exemplo, o Ramo Grande, considerado "o celeiro da Ilha" cedeu, no final da colheita de 1944, o trigo aos aviões.
Campo das Lajes cantado por Vitorino Nemésio:
A moda da gasolina
Secou o trigo do chão;
Fez das Lajes um terreiro,
Oh que dor de coração!
Ó avião da carreira,
Carregadinho de bombas,
Tu foste a nossa desgrácia
E o espantalho das pombas!
- Oivi uma chocalhada,
Di noite, em riba das telhas;
Mas não era caçoada,
Reses, cabras nem ovelhas.
Eram quinhentos queimados
Voando por trás da serra,
dando nicões de aço fino,
Traques de fogo de guerra!
Tanto caga-fogo de alto!
tanto bidom, tanto prigo!
cimento não dá pão alvo
como dava o nosso trigo.
Percebe-se. Eram os terrenos mais apropriados à construção do grande Aeroporto das Lajes e um aeroporto é indispensável numa ilha. Agora, ali mesmo, muito perto, (até porque na Terceira tudo fica perto...) estão a comer muitos terrenos à terra no alargamento de uma auto-estrada. Será mesmo indispensável?
Produzir batatas? P'ra quê? Já não se tira semente...É importar.
Produzir leite? P'ra quê? É importar... nem que seja em pó.
Produzir vinho? P'ra quê? É importar... nem que seja mosto concentrado.
Água? Água! P'ra quê? Embora haja alguma... nos poços, bastante salgada, é importar em garrafas ou garrafões plásticos...
Carne... é importar...
Peixe? É importar!...
Cultivar Beterraba? P'ra quê? É importar ... açúcar...
Cultivar ananases? P'ra quê? É importar abacaxis.
Mão- de- obra? Que importa? É importar subsídios... para não produzir?...
Perante o que nos narra o "Almanaque Açores" de 1912, "nunca digas nunca" a cultivar os Açores!
«Todas as plantas tem os seus antecessores no estado selvagem, mas dos quais se deriva a raça, com as numerosas ramificações. A maior parte dos legumes e árvores de fruto procede da Pérsia, onde existem ainda representantes espontâneos. Todas as batatas provem de tubérculo americano " Solanum Commersonu", do qual conseguiu extrair um certo número de variedades muito interessantes um engenhoso agricultor do Poiton.
A videira cresce espontâneamente, ao que parece nas altas planícies da Ásia Central.
O trigo também deve ter o seu berço nas altas planícies asiáticas, que foram o berço da humanidade.
Um engenheiro-agrónomo fazendo uma viagem através da Alta Galileia, diz ter encontrado um trigo silvestre que deve ser o progenitor do nosso trigo moderno.
O trigo bravo, que cobre, às vezes, campos extensos, é um planta cujos grãos medem onze milímetros de comprimento, termo médio, e cujas propriedades nutritivas nada tem que invejar às dos cereais domésticos. Por último, esta é a consideração mais interessante, o trigo silvestre, cuja origem remonta aos tempos da Génesis, resiste admiravelmente a todos os climas, não teme o sol nem as geadas, e adapta-se facilmente aos terrenos mais áridos e rochosos.»
Joaquim Barbosa
Na ilha Terceira, por exemplo, o Ramo Grande, considerado "o celeiro da Ilha" cedeu, no final da colheita de 1944, o trigo aos aviões.
Secou o trigo do chão;
Fez das Lajes um terreiro,
Oh que dor de coração!
Carregadinho de bombas,
Tu foste a nossa desgrácia
E o espantalho das pombas!
Di noite, em riba das telhas;
Mas não era caçoada,
Reses, cabras nem ovelhas.
Voando por trás da serra,
dando nicões de aço fino,
Traques de fogo de guerra!
tanto bidom, tanto prigo!
cimento não dá pão alvo
como dava o nosso trigo.
No Festa Redonda. Vitorino Nemésio-
Cantigas ao Campo das Lajes, páginas 103 a 106.
Cantigas ao Campo das Lajes, páginas 103 a 106.
Percebe-se. Eram os terrenos mais apropriados à construção do grande Aeroporto das Lajes e um aeroporto é indispensável numa ilha. Agora, ali mesmo, muito perto, (até porque na Terceira tudo fica perto...) estão a comer muitos terrenos à terra no alargamento de uma auto-estrada. Será mesmo indispensável?
Que as espécies marinhas ainda existentes nas costas das ilhas outrora tão abundantes e variadas não se extinguem por completo...Já vai faltando na terra e no mar a abundância que a Natureza controlava e oferecia.
Perante "os dilúvios" do actual milénio não terá chegado a hora de pensar numa nova "Arca de Noé"?
Produzir trigo? P'ra quê? É importar.Produzir batatas? P'ra quê? Já não se tira semente...É importar.
Produzir leite? P'ra quê? É importar... nem que seja em pó.
Produzir vinho? P'ra quê? É importar... nem que seja mosto concentrado.
Água? Água! P'ra quê? Embora haja alguma... nos poços, bastante salgada, é importar em garrafas ou garrafões plásticos...
Carne... é importar...
Peixe? É importar!...
Cultivar Beterraba? P'ra quê? É importar ... açúcar...
Cultivar ananases? P'ra quê? É importar abacaxis.
Mão- de- obra? Que importa? É importar subsídios... para não produzir?...
Perante o que nos narra o "Almanaque Açores" de 1912, "nunca digas nunca" a cultivar os Açores!
«Todas as plantas tem os seus antecessores no estado selvagem, mas dos quais se deriva a raça, com as numerosas ramificações. A maior parte dos legumes e árvores de fruto procede da Pérsia, onde existem ainda representantes espontâneos. Todas as batatas provem de tubérculo americano " Solanum Commersonu", do qual conseguiu extrair um certo número de variedades muito interessantes um engenhoso agricultor do Poiton.
A videira cresce espontâneamente, ao que parece nas altas planícies da Ásia Central.
O trigo também deve ter o seu berço nas altas planícies asiáticas, que foram o berço da humanidade.
Um engenheiro-agrónomo fazendo uma viagem através da Alta Galileia, diz ter encontrado um trigo silvestre que deve ser o progenitor do nosso trigo moderno.
O trigo bravo, que cobre, às vezes, campos extensos, é um planta cujos grãos medem onze milímetros de comprimento, termo médio, e cujas propriedades nutritivas nada tem que invejar às dos cereais domésticos. Por último, esta é a consideração mais interessante, o trigo silvestre, cuja origem remonta aos tempos da Génesis, resiste admiravelmente a todos os climas, não teme o sol nem as geadas, e adapta-se facilmente aos terrenos mais áridos e rochosos.»
Joaquim Barbosa
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