sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Ratões nos Açores



Voltaram os "Ratões"ao nosso convívio!
Para já sabemos de um, na vinhateira freguesia dos Biscoitos. É natural desta localidade mas só aparecerá durante a quadra Carnavalesca, esperamos que volte para o ano (e todos os anos) e com ele traga outros "Ratões".
Destes precisamos nós! Infelizmente andam por aí alguns que bem dispensamos no Carnaval, e restantes dias do ano!...
O "Ratão" ou "Velho" (Velho da Dança) de que falamos é motorista de táxi, tem 62 anos de idade e escreve danças de Carnaval desde a sua juventude, mas é "Ratão" pela primeira vez.
«Passado e Presente» na Dança dos Biscoitos da ilha Terceira: O Título vem de encontro à nossa opinião. O Carnaval na Terceira, Património Cultural a defender, tem vindo a evoluir e por isso há quem diga que "já não é o que era". Ora, se evolui é sinal que não está moribundo, muito pelo contrário, vem-se adaptando aos tempos e isso o mantém vivo.
Todavia é preciso não esquecer a raiz para que possa continuar a reinar e encantar!...
Estamos aqui para ver como o "Ratão" do passado irá conviver com as dançarinas do presente pois no "tempo dele"... as mulheres limitavam-se a assistir, a uma certa distancia, não participavam. Tinham um papel muito passivo, em tudo... pobres criaturas!...
O "Ratão" raramente aparecia nas apelidadas "Danças de Espada" era quase exclusivo dos "Bailinhos".


Segundo Frederico Lopes Jr., em Danças de Entrudo, no B.I.H.I.T., nº 11 - 1953, descreve o "Ratão" assim:
«Comenta o Enredo com ditos picantes, por vezes desbocados, tomando à sua conta o papel de enrededor e intriguista. É o cómico por excelência, intérprete através do qual se expande, com toda a pujança, a veia satírica do poeta.
Ostenta um trajo ridículo, a dizer com as suas falas chocarreiras, tendo como acessório quase indispensável uma grossa e retorcida bengala de volta com que ameaça zurzir a multidão se acaso é necessário intervir no afastamento dos mais curiosos, e que simula descarregar sobre a cabeça de algum que finja recusar o óbulo solicitado, na colecta final que é uso proceder».
Já há muitos anos que não há colecta.

Sem comentários: