segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Fisiologia da pontuação

O ponto de interrogação é um humilde rapaz com noções de civilidade, que de boca aberta, dorso curvado e boné na mão, cortezmente faz uma pergunta e aguarda resposta.
A vírgula é o botão do meio do vestido preto da frase. Serve para deixar ver as curvas da pele e as ideias do estilo.
O ponto é uma macia poltrona, onde o leitor ou leitora se encosta, enquanto o autor espirra.
A linha é uma cama destinada para a digestão momentânea do prato e vinho servido.
O ponto de admiração é uma flecha que parte veloz ao coração para despertar-lhe as sublimes emoções que ali gozam as delícias de Morféu.
O ponto e vírgula é o botão do casaco da frase, quando a camisa ou camisola é de cor frouxa ou duvidosa.
Os dois pontos são duas sentinelas postadas no portão do coração, para bradarem às armas ao leitor ou leitora, indicando-lhe novos horizontes.
A reticência forma a calçada de uma frase equívoca, por onde tem de marchar o leitor ou a leitora, guiado(a) pela luz da sua inteligência até chegar à conclusão.

Sinais da Vida

Na hora do nosso nascimento abriu-se um livro com o título ponto de interrogação. Este livro fechar-se-á, pontualmente, na hora do ponto final.
Mas, para além do grande ponto de interrogação do título, quantas interrogações se nos deparam no percorrer das diferentes páginas e capítulos para além de todas as vírgulas, muitas exclamações e algumas reticências...
Caminha-se, em busca da resposta certa às interrogações, abrandando o passo nas vírgulas para aquelas reflexões necessárias ao prosseguimento de uma estrada que chagamos a acreditar ser mais longa do que larga, até com todas as curvas assinaladas apenas por alegres pontos de exclamação e... Sem paragem obrigatória.
Desejo-vos uma estrada sem obstáculos até encontrarem o sinal


O tal ponto final do nosso livro.
Autor desconhecido

Sem comentários: