Por: José Manuel Costa e Oliveira*
Gostaria de, na pessoa de V. Ex.ª Senhor Grão – Mestre da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, cumprimentar todos os participantes do I Simpósio das Confrarias Báquicas e Gastronómicas de Portugal e transmitir o meu pesar por não poder participar pessoalmente.
Aconteceu, como na altura da aceitação do convite não me lembrei que a minha actividade politica fica normalmente afecta ao período de comemoração que, nos presentes dias atravessa o nosso país, foi com pena que não marquei presença física.
Porém, aceitei a disponibilidade e amabilidade do nosso Ilustre Grão-mestre para, saudar todas as senhoras e senhores e, também, pedir a todos vós que escutem, embora de forma reduzida, uma ou outra reflexão que, nesta ocasião, pretendia abordar convosco.
Pedem-me, o que aceito com gosto, para falar sobre a União das Federações: Vantagens e Inconvenientes. Vejamos então:
Falar de união, seja do que for, merece, à partida, a aprovação e, mesmo entusiasmo, seja de quem for. É natural e, até vários provérbios ilustrariam esta verdade sendo que, o mais popular é aquele que nos diz que a “união faz a força”.
Penso, até que a principal causa de algum reconhecimento atraso no nosso sector agrícola, tem a ver com isso mesmo, ou seja, a evidente incapacidade de fazermos muitas mais coisas em conjunto.
Quem, como muitos de nós, acompanhou os primeiros passos do nosso País na sua adesão à Europa Comunitária, decerto notou o que nos distanciava dos outros parceiros, todos eles mais evoluídos do que os portugueses. De entre tudo o mais, a realidade do Associativismo estabelecia uma enorme diferença, ao ponto de se constatar que, em Portugal, se davam os primeiros passos na matéria enquanto que, outros, levavam dezenas de anos de prática de fazerem coisas em conjunto.
De facto, este aspecto ditou, dita e, infelizmente, ditará uma muito grande diferença.
Neste contexto, a actividade da Vinha e do Vinho poderá salientar-se, pela positiva. Reconheçam-se, quer na produção quer na comercialização, organizações dos diversos interventores na fileira, que asseguram o associativismo e cooperativismo, ou seja, que asseguram a defesa dos interesses sócio-profissionais e económicos deste sector.
Logicamente, esta mais valia, que tenho gosto em salientar, reporta-se, de forma mais clara, ao contexto nacional pois se, como também devemos analisar num quadro internacional então, com a mesma sinceridade, devemos reconhecer o muito caminho que ainda teremos que percorrer.
Nesta reflexão, o Vinho e a Gastronomia têm um lugar de honra. De facto, as denominadas Confrarias vêm desempenhando um papel de relevo, defendendo os interesses deste tão importante património nacional, assumido a sua defesa e valorizando-o da forma que ele bem merece.
De maneira claramente evidente, ambos estes sectores devem fazer um trabalho em conjunto.
Pensar em Vinho sem Gastronomia e vice-versa, será contrariar aquela que deve ser uma união natural. Na realidade, beber sem comer e comer sem beber, não faz sentido. Mais, defender e pugnar por um sem o outro, será atitude que poderá sair cara pois, tudo o que não seja um consumo inserido em dieta alimentar equilibrada, constituirá erro difícil de reparar.
Por tudo isto, se saúda este Simpósio do qual, permita-se-me a opinião, deverá sair uma organização forte, Federação ou qualquer outra instituição de grau superior que, cada vez mais, defenda os interesses do Vinho e da Gastronomia Portugueses.
* Secretário-geral da Fenadegas e Deputado à Assembleia da República.
I Simpósio das Confrarias Báquicas e Gastronómicas de Portugal - Angra do Heroísmo
In Revista Verdelho - órgão informativo e cultural da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, ano 2004
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