(Continuação do anterior)
Por: António Batalha Reis
O grau de cultura dum povo avalia-se pelo estado de desenvolvimento da sua museologia
Ora, é tudo isto, são todos os interesses, actividades, valores, que gritavam à volta do vinho, ou a ele estão ligados, que podem ser representados – e devem sê-lo - num museu. Ao lado da representação puramente industrial e técnica da evolução dos seus processos de amanho e de fabrico, coloquem-se os espécimes de arte, que receberam directa influencia da vinha, e ter-se-á a medida da expansão da “Cultura” nascida na cepa.
Realizado em extensão e em profundidade o Museu do Vinho contribuirá poderosamente para demonstrar o nível da vida portuguesa em muitos aspectos curiosos, fornecendo subsídios para que se crie a consciência justa sobre o valor que para nós representa “a mais sã e a mais higiénica da bebidas”, na frase de Pasteur, legada pela sabedoria de Noé e divulgada pela propaganda de Baco.
O Museu do Vinho, planeado nas largas linhas gerais que ficam esboçadas, vai ser uma realidade em Portugal e ficará sendo único pela concepção que o engendrou. Existem já em França, na cidade borgonhesa de Beauce, e na Alemanha, na cidade, Renânia, de Tréveris colecções de alfaias vinárias, de copos, de utensílios usados pela vitivinicultura regional, mas nenhum “museu” ainda foi criado, embora aquelas colecções locais assim sejam denominadas.
O nosso museu terá carácter nacional, abrangerá o geral e o particular, considerando o pormenor regional, mas integrado no todo, a fim de dar uma vista completa da Técnica e da Cultura do Vinho em Portugal.
Situado numa importante região vinícola, constituirá ainda, apreciável atracção turística, enquadrada num ambiente próprio.
António Batalha Reis
In Revista "Panorama" – n.º 13. Ano 3.º. 1943
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