Por: João Afonso *
O interesse açoriano, designadamente angrense, pelo ex-librismo abrange cultores assaz informados e que se vão internando, esclarecidamente, na tão exigente área de apreço temático e artístico que é a dos ex-líbris. Em resumo: há quem cultive entre nós, tal como no país e além fronteiras, essa curiosidade de subida expressão.
Pode, de momento, ser lembrada uma série das várias exposições de época recente no átrio superior da casa da Câmara desta cidade que assumiram evidencia de um promotor, por sinal membro da Confraria que publica este boletim. Jácome Augusto Paim de Bruges Bettencourt. O seu coleccionismo insistente é reconhecido…universalmente.
Em qualquer livraria particular ou pública que dedique atenção aos ex-líbris para valorização de todas ou das principais espécies impressas suas. E não apenas as impressas, o pequeno “ex-líbris” atinge significações várias, uma das quais está bem próxima do que se denomina bom gosto. Entretanto, dispor de um manual ou de obra mais elaborada de ex-librismo torna-se instrumento de competência abrangente de informação rigorosa, pois que «passar como gato sobre brasas» é manifestamente insuficiente tal como se verifica quer aqui quer lá por fora em milhentas publicações, umas tantas – é certo – até aparentemente bonitas mas de somenos conteúdo.
Ex- libris xilografiat de re vinica, realizat Cap al 1955, per António Gelabert i Casas (1911-1980) per a Rafael Masó
Não é o caso de recente obra intitulada – a edição foi impressa em catalão – Ex- Líbris de la proprietat dels llibres, obra de Francesc Orenes, Arola Editores, Barcelona, 2000, 345 p. il. O seu preço é o do que vale por si um trabalho de acumulado tempo laborioso.
Francesc Orenes apresenta a sua extensa, selecta colecção de dezenas de espécies, algumas tão antigas quanto de tempos ”clássicos”, medievos, outras modernas assinadas por artistas autores.
O que trago para esta revista – excelente – da Confraria constitui curiosidade aparte porque se relaciona com a res vinica no seu latim que, facilmente aliás, se traduz: coisa de vinho e da vinha, báquica talvez…
Artística e graficamente admirável, este ex-líbris merece apresentação nestas páginas com …«autorização prévia» do director do Museu do Vinho: Biscoitos, Ilha Terceira, Açores, Luís Brum, e – claro está – de quem mais sabe de ex-librismo por estes lados.
Ao aproveitar Barcelona e ao ir por livrarias complementar o giro de cidade como essa, pois, então, esse encontro (ainda de tinta impressora fresca) de obra como a de Francesc Orenes que, embora no catalão discrepante do castelhano, se vai entendendo ou… procurando entender. Pôr os olhos nos ex-líbris deste belo livro reproduzidos, folha a folha, já isso contenta.
* Escritor e técnico superior principal aposentado, da BPARAH
In Revista Verdelho nº 5 – ano 2000
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