sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Exposição de Ex-líbris do Mar no Museu de Angra (2)

(o anterior aqui)

Rita Bebiano e Pedro Carlos Katzenstein


Iniciativa que contou com o empenho do Capitão do Porto de Angra, Diogo Vieira Branco, os apoios nos transportes pelas Força Aérea Portuguesa e do Museu d’Angra que acolheu esta interessante Exposição de Ex-Líbris do Mar idealizada e montada por Pedro Katzenstein e Rita Bebiano, tem sido bastante apreciada pelo público.

Prova do que refiro, o facto de pelo menos quatro pessoas me terem já procurado com o desejo de possuir um ex-líbris.
Esta mostra está patente até ao último dia do mês de Fevereiro.

Assim, há precisamente dezassete anos alinhavei o texto que transcrevo e foi publicado na revista de Bordo da SATA – Air Açores, para quem queira conhecer algo sobre esta modalidade, também, de coleccionismo.



“Quem lho achar
Lho torne a dar
Senão ao inferno irá parar
Com as pernas para o ar…”


Quem se não lembra algum dia ter usado tal ingénua sentença nos compêndios escolares? Isto escrito na parte interior da encadernação, “para não danificar o livro”.

A aposição manuscrita destes dizeres ou outros menos judiciosos, como do simples nome ou do “pertence a…”, constitui a expressão mais primitiva da marca de posse bibliotecária em uso desde há muitos anos e que é quase tão antiga como a própria escrita.

No Museu Britânico existe uma caixa dos tempos do Faraó Amennofis III que serviu para guardar papiros tendo na tampa uma marca de posse.

Na primeira fase, o ex-líbris era manuscrito, firmado nas obras, pois o preço elevado e a reduzida instrução, concorriam para que além do clero poucas pessoas tivessem livros.


Assim a definição mais completa de EX-LÍBRIS, é o símbolo pessoal estampado ou impresso geralmente em papel, de desenho heráldico, alegórico, simbólico, ornamental ou falante, onde figura também o nome e, facultativamente a divisa do bibliófilo que se cola no verso da capa de cada livro possuído, para garantir a pertença da obra e favorecê-la com esse derradeiro requinte artístico.

Exprimir a posse do livro é tão legítimo como usar monograma em objectos pessoais, é um acto de bom gosto.


Foi com o alargamento da cultura à burguesia enriquecida e já nos alvores do século das luzes que se “democratizou” o seu uso, passando a assumir paralelamente carácter ornamental, procurando traduzir, através dos motivos e da composição a maneira de ser, de sentir e até o ideário do dono.

Se na Baviera, por volta de 1188 Frederico I usava ex-líbris, em Portugal só se conhecem marcas manuscritas a partir do século XIII e na forma clássica parece que o primeiro terá pertencido ao Marquês de Sande (Francisco de Melo Torres (1620 – 1667). No entanto há quem sustente que Manuel de Moura Corte - Real, capitão - do - Donatário de Angra, seja utente da primeira marca portuguesa.



(continua)


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