quarta-feira, 14 de outubro de 2009

HERÁLDICA – SUAS ORIGENS, EVOLUÇÃO, PRÁTICAS E APLICAÇÕES- VI

Por: Segismundo Pinto

(continuação)

O paquife – originado numa peça de pano destinada a evitar o aquecimento do elmo e da parte superior traseira da armadura em resultado da exposição ao sol, passou a ser representado com o aspecto dum tecido retalhado presumivelmente em resultado do seu dilaceramento e rasgos ocorridos durante uma actividade de cariz guerreiro. Dadas as suas dobras, são visíveis tanto a parte exterior como o forro tomando, respectivamente, as tintas da peça ou figura principal e a do campo do escudo. O seu desenho é sempre executado com uma preocupação ornamental figurando-se, preso ao elmo e saindo do virol, repartido por tiras que se prolongam pelos lados do escudo.

Carta de brasão de armas passada a António Soares de Sousa Ferreira Borges de Medeiros, figurando escudo, de formato francês, com sua diferença, elmo, virol, paquife, correias e timbre. 1739.04.08.

As correias – essencialmente usadas na heráldica ibérica, são tiras de cabedal que inicialmente serviam para prender o elmo à couraça, representam-se geralmente de vermelho, perfiladas e fiveladas de ouro, com tachões e biqueira do mesmo.

O timbre – peça ou figura representada sobre o virol do elmo ou sobre o coronel é, em regra, tirado de uma figura ou peça representada no brasão, podendo ser acompanhado doutras peças. Os timbres medievais eram, frequentemente, figuras de animais ferozes ou, mesmo, de animais fabulosos e crê-se que a sua escolha se relacionava com uma preocupação de infundir respeito ou temor.

Os suportes – animais, reais ou fabulosos, que se representam de cada lado do escudo, sustentando-o, tal como os tenentes. As duas figuras podem ser iguais ou representar animais diferentes. Em Portugal o seu emprego foi muito restrito e apenas se expandiu no século XIX, de uso legalmente autorizado por Cartas de Brasão de Armas de mercê nova.

Os tenentes – figuras humanas ou com figuração personificável, masculinas ou femininas, que se representam de cada lado do escudo sustentando-o, são uma variante de suportes. O seu uso resulta do costume de expor à admiração pública, os escudos dos cavaleiros, antes dos torneios, seguros por pajens ou homens de armas pelo que, geralmente, são representadas duas figuras. Em Portugal, e à semelhança dos suportes, o seu uso ainda foi mais restrito.

O grito de guerra – palavra ou palavras que os guerreiros entoavam, com o fim de levantar o moral ou incitar o combate, antes e durante uma batalha. Tradicionalmente utilizado pelas tropas dos reinos da península ibérica, até fins do século XIV, era Santiago. Com a crise de 1383-85 e a posterior guerra com Castela os portugueses mudaram-no para S. Jorge tendo voltado a usar Santiago já nos princípios do século XVI. Em heráldica é um ornamento exterior que se inscreve num lístel colocado na parte superior do ordenamento.

A divisa – chama-se divisa ou legenda a uma frase ou palavra que exprime os desejos ou intenções do portador do escudo. Em heráldica é um ornamento exterior que se inscreve, também, num listel mas colocado na parte inferior do ordenamento.

As condecorações – insígnias duma instituição honorífica, concedidas por quem de direito a fim de premiar serviços ou actos relevantes. Na Idade Média começou por se tratar da insígnia duma Ordem Religiosa ou Militar que identificava os seus membros que, com a gradual perda do espírito corporativo que animava estas organizações foram-se transformando em recompensas individuais e laicas, aos poucos transformando-se nas modernas condecorações.

(continua)

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