sábado, 10 de outubro de 2009

HERÁLDICA – SUAS ORIGENS, EVOLUÇÃO, PRÁTICAS E APLICAÇÕES – II

Por: Segismundo Pinto

(continuação)

Sendo necessário usar armadura – conjunto de armas defensivas que revestiam o corpo dos antigos cavaleiros e se compunha de cerca de 250 peças destinadas a proteger a cabeça, o tronco, os braços e as pernas. Algumas tinham nomes específicos como barbeira, gargal, braçais, ombreiras, etc. Contudo, particularmente o elmo e a cota de malha, que lhes escondiam o rosto e dificultavam ou impediam a identificação originaram uma necessidade de identificação específica, nas batalhas e nos torneios – actividade festiva que, regra geral, se prolongava durante três dias, de carácter militar, em que os cavaleiros participavam reunindo-se em dois grupos de combatentes, perante numeroso público, destinada a exercício e a demonstração de destreza e bravura em que os Reis de Armas tinham um papel importante, enumerando os participantes e as suas armas, descrevendo os principais lanços da contenda e proclamando os vencedores.

Sob a forma medieval, os torneios apareceram no século XI, numa região compreendida entre os rios Mosa e Loire, e mais do que a guerra, foram o principal agente de difusão da heráldica do século XII, no período compreendido entre 1125 -1175.

Assim, os cavaleiros que neles entravam mandavam, cada um, pintar o seu escudo como queria assumindo – isto é, escolhendo, adoptando e usando um brasão de armas pessoal – conjunto de peças e figuras que constituem o escudo heráldico, representadas na superfície do escudo -sem prévia autorização ou consentimento de outrem.

"Folha da iluminura com o ordenamento heráldico da Carta de brasão de armas passada a João de Ávila, morador em Angra, figurando escudo de formato português, posto ao ballon, com sua diferença, elmo, virol, paquife, correias e timbre. 1522.06.26."

O escudo era, portanto, uma arma defensiva que se trazia no braço esquerdo para cobrir o seu portador e protege-lo das investidas dos inimigos, variando de formato consoante as épocas e os países. O escudo em Portugal, tal como noutros países teve inicialmente um formato alongado e amendoado tomando, mais tarde, a forma rectangular cuja parte inferior é substituída por um semicírculo.

Em heráldica o escudo é considerado o elemento constituinte mais importante do ordenamento por ser na sua superfície que se pintam os móveis que constituem o brasão.

Teoricamente considera-se o escudo dividido por linhas imaginárias que servem para definir a localização das peças e das figuras. Assim, por simplificação, considera-se que o escudo tem formato quadrado sendo constituído por nove quadrados iguais, três no sentido horizontal e três no vertical que se designam por pontos. O centro, abismo ou coração é o ponto central. Chefe é o conjunto dos três pontos superiores enquanto campanha o é dos três inferiores. Flanco dextro e flanco sinistro são, respectivamente, os conjuntos dos três pontos laterais, à esquerda e à direita do observador porque se considera que sendo o escudo destinado a ser usado por um cavaleiro, as suas partes esquerda e a direita, para quem observa o escudo, são vistas à direita e à esquerda. O escudo pode ser dividido pelas chamadas linhas ou traços, originando as partições que são espaços em que se divide a sua superfície.


(continua)

1 comentário:

ermelinda souza disse...

senhor doutor segismundo gostei de o ver na sua casa