terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Jantar dos Conjurados na Ilha Terceira

Como tivemos ocasião de referir aqui a Real Associação da Ilha Terceira realizou no dia 30 do passado mês de Novembro o Jantar de Conjurados.

Na ocasião para além da saudação do seu Presidente Dr. João Maria Sousa Mendes, o Secretário da mesma Associação Dr. Sérgio Toste disse:



1 DE DEZEMBRO DE 1640 – 1 DE DEZEMBRO DE 2008


Caros Consócios e Simpatizantes da Causa Real,

Há 368 anos os Portugueses voltaram a afirmar a sua independência e restauraram um Portugal livre e soberano. Sabemos que a Restauração de 1640 não foi fruto do acaso nem um mero impulso: exigiu uma longa preparação e uns bons trinta anos para ser consolidada. Dificilmente podemos hoje imaginar as tremendas dificuldades dessa empresa – o poderio castelhano, os entraves diplomáticos da Europa, a inanição da economia, o flagelo dos holandeses, etc. A Portugal nunca foi fácil a existência, por isso teve de se reinventar permanentemente.
Como Sá de Miranda ainda no século XVI, hoje podemos afirmar que não nos tememos de Castela «donde guerra inda não soa / mas temo-me de Lisboa / que ao cheiro desta canela / o reino nos despovoa». Não cremos, de facto, que venha de Espanha nenhum mal, ainda que muitos iluminados – como Saramago ou Pérez-Reverte recentemente – de quando em vez acenem a um iberismo tão desejável para nós quanto uma jangada de pedra em alto mar. Mas um país, uma pátria, é uma construção permanente, requer vigilância. Cada geração acaba por ser também geradora da pátria, consoante as opções que segue, os valores que defende, o sangue que por ela derrama ou não, a forma como transmite aos vindouros aquilo que herdou. Assim sendo, há muito que temer em Portugal, e muito que restaurar.
Como estamos de patriotismo? Se for apenas o do futebol, muito mal vão as coisas. Não creio que acenar, aos uivos, a verde-rubra num estádio seja coisa de patriota. Quem nos dera que os Portugueses entendessem que o trabalho, o esforço, o civismo, o estudo, a educação, o respeito e conhecimento do passado, a preparação esperançosa do futuro, a defesa, enfim, dos altos valores da nossa mais lídima tradição (ainda que tantas vezes maculados pela humana insuficiência que é também nossa) são os únicos caminhos que um patriota tem de trilhar.
O nosso convívio de hoje é um sinal de festa. Valeu a pena Portugal! Nas nossas grandezas e misérias fomos livres, quisemos ser livres e Portugueses ao longo destes quase novecentos anos. Queremos ser ocidentais, europeus, ibéricos, açorianos… mas sempre e antes de tudo Portugueses!
O nosso convívio de hoje é também sinal de preocupação. Pela frente vemos a gigantesca tarefa de restaurar um Portugal mais ciente do seu valor, que seja capaz de harmonizar aquilo que sempre lhe estruturou o ser e o justificou com os permanentes desafios de um futuro que cedo se faz presente. Ainda que pequena, possamos nós cumprir a parte que nos cabe.
Seja-me permitido colocar a coroa das nossas preocupações, desejos e esperanças aos pés da Bem-Amada Rainha de Portugal. Que a Senhora da Imaculada Conceição nunca nos desampare!

Viva a Restauração!
Viva a Causa Real!
Viva o Senhor D. Duarte de Bragança!
Viva Portugal!

Fotos: RAIT

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