Dobram os sinos, choram os sinos
nas altas torres da catedral,
lembrando aos homens que a vida é nada,
que a morte arrasa, tufão fatal.
Grandeza, orgulho, luxo, vaidade...
em sete palmos de terra vão
findar as glórias, findar as honras,
findar as ancias do coração...
Ódios, rancores, tredas vinganças,
Raivas audazes- visando a dor,
doces amores, puros, serenos
vão para o mesmo profundo horror...
O branco e o preto, bem lado a lado,
na mesma terra repousar vão,
dos mesmos vermes dilacerados,
da mesma feia, vil podridão...
Sonhos de rosas feitos em lama,
risos cantantes, prantos de dor...
a mesma estrada tudo percorre...
corpos chagados, corpos de flor...
Pequenos, grandes, ricos e pobres,
os que viveram sempre a gozar,
os que choraram na luta insana,
a morte justa vem nivelar...
Iguais são todos perante o nada,
embora mesmo de morte após,
queira a vaidade nos monumentos,
- insulto aos pobres- erguer a voz...
Os sinos dobram. choram os sinos
os seus lamentos, lembrando assim
a ricos, pobres, pretos e brancos,
pequenos, grandes, da vida o fim...
E as flores abrem nas sepulturas,
- pétalas lindas, caule gentil -
estrelas vivas do pó nascidas,
astros nascidos da lama vil!
Horácio Nunes
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
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