domingo, 10 de julho de 2011

A Cor do Vinho da Última Ceia (5)


Este é o único VLQPRD - Biscoitos!

Por: Oliveira Figueiredo


CASTAS PRIMITIVAS, ORIGEM E DISSEMINAÇÃO

Foi da região conhecida como a Crescente Fértil, situada entre o Mar Cáspio e o Golfo Pérsico, refúgio da Vitis vinífera silvestre ou labrusca, que saíram os três géneros de videiras que deram origem a toda as castas conhecidas. A Vitis vinífera pontifica, junto às nascentes do Tigre e do Eufrades, na Mesopotâmia, na Arménia, com o Monte Ararat (onde Noé pousou em seco, depois do Dilúvio, plantou a vinha, fez vinho e embriagou-se) e na Ásia Menor. Esta variedade, propagada ao principio pelos Sumérios e, depois, pelos assírios e seus sucessores através do Helesponto e nas costas do Mar Negro, foram trazidas pelos Fenícios para a Europa a partir do que hoje é o Líbano, e são os antepassados da maior parte das novas castas brancas.

A Vitis vinífera ocidental, em ambos os lados do Alto Nilo, no Egipto, é a mãe de muitas castas tintas, como a Pinot, por exemplo.
Nas bodas de Cana (João 2, 1-10), os servos que transportaram as talhas cheias de água que Jesus lhes mandou levar ao chefe de mesa, não se terão apercebido de qualquer mudança de cor e o próprio chefe só se deu conta que era vinho (aliás, do melhor, como disse, admirado), depois de o ter provado. E provou-o, não talvez, por rotina natural de escanção mas porque lhe foi apresentado em talhas usadas para água, a água das abluções).

Aliás, as castas eram inúmeras e havia-as de muitas cores e para todos os gostos. Plínio, o Velho, a quem recorremos com frequência, para informações, diz que a opinião generalizada dos autores +e de que “as variedades são inumeráveis, mesmo infinitas” e isto tanto de pretas como brancas. Do mesmo passo, critica Demócrito que, a propósito das castas gregas se gaba de conhecê-las todas: “é o único a pensar que pode concretizar o número das variedades!”.


Também Virgílio, antes de Plínio, nas Geórgicas II (Ruy Mayer – GL- Sá da Costa 1948), afirma que as “as castas, como os nomes das videiras, são inumeráveis; tentar contá-las seria empresa tão vã como querer saber quantos grãos de areia dos desertos da Líbia revolve o Zéfiro, ou quantas ondas do mar Jónico rebentam nas costas quando o Euro enfurecido açoita as naus”.

“A propósito das cores do vinho, cada país tem o seu gosto o qual se circunscreve exactamente dentro das respectivas fronteiras. Fora a França, a Espanha e Portugal, onde o consumo do tinto ocupa francamente o primeiro lugar, a maior parte dos restantes países produtores bebem sobretudo branco. Para cada copo se encontra sempre uma explicação: o tinto, por exemplo, bebe-se às refeições e o branco em qualquer altura. Mas, o certo é que o gosto de cada um não obedece a leis e á imprevisível”. Emile Peynaud, Le Vin et les jours, Paris 1988

Continua

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