O anterior
Este é o vinho que alguns “filhos de Judas” condenaram em 1998 d.c.
COR
Por: Oliveira Figueiredo
Quanto à cor do vinho que se bebia há quem garanta, sem hesitar, como Daniel Rops, por exemplo, que era tinto, cor que é assinalada muitas vezes no Antigo Testamento, como o Génesis 49, 14 e o Deuteromómio 32, 14. No primeiro caso trata-se da bênção de Jacoob aos seus filhos. Referindo-se a Judá, ao qual não será tirado o ceptro do poder, diz que “à videira ata seu jumento e à cepa o potro da asna; lava em vinho as suas vestes e no sangue de uvas o seu manto”. Contudo, esta frase não passa de alusão às vinhas de Engaddi e Hebron, encravadas no seu território e que davam os melhores vinhos de Cannan.
O que a passagem do Génesis quer significar e, precisamente, a abundância de vinho nas terras de Judá. Por outro lado, é absurdo lavar as roupas em vinho tinto.
Quando ao Deuteronómio 32, 14 “bebeste o sangue da uva, a espumosa bebida”, “o vinho puro”, na tradução da Vulgata de S Jerónimo, de João Ferreira de Almeida “… que fermenta (fermentado)”, segundo a tradução da Bíblia de Jerusalém, não quer dizer necessariamente que fosse tinto. À frase, na sequencia da admoestação de Moisés em que este recorda os benefícios de Deus ao seu povo, durante a travessia do deserto:
Deus deu-lhes a Tara. Lei e velou por eles. Alimentou-os com as melhores comidas e deu-lhes a beber o melhor vinho “sangue das uvas”.
À volta do Mediterrâneo, na Antiguidade, e não só em Israel, o vinho era considerado o “sangue da terra”. Plínio, por exemplo, recorda no seu livro XIV, a história do sábio Androcydes o qual, escrevendo a Alexandre Magno para o aconselhar a reprimir a intemperança, dizia-lhe: “antes de beberes vinho lembra-te, ó rei, que estás a beber o sangue da terra. Alguns comentadores, ao analisarem esta citação de Plínio, dizem que a expressão do sábio veiculava a ideia de que “o vinho é o sangue da terra e participa, portanto, do poder divino que o produz. Este produto foi, sem dúvida, na sua origem, assimilado ao sangue”. A cor poderá ter tido influencia nesta crença generalizada a quase todo o mundo, mas não é suficiente para afirmar que só o tinto era sangue da terra, até porque, noutras culturas onde não se conhecia o vinho das uvas mas o de outros frutos, este não era tinto e não deixava, por isso, de ser considerado, igualmente, sangue da terra. (Vide Frazer, por exemplo).
Continua
2 comentários:
Um excelente amigo que partiu tão cedo.
Saudades dele
Obrigada
Vanda
Um Amigo que está Sempre presente!
O desaparecimento (7.6.2003) do confrade Mário D’ Oliveira Figueiredo foi uma grande perda para o mundo vinícola.
Obrigado
Luís
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