* Rute Dias Gregório
Continuação do "Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI" (1).
Os preceitos da concessão, a mais antiga que na Terceira deixou escritura completa, cumpriam as exigências habituais de arroteamento e exploração no prazo de 5 anos, mais outro tanto tempo para o solo se manter continuamente produtivo.
A terra, essa, em matos maninhos, ia do mar e angrada atee ho pee da serra grande augoas vertentes, localizando-se entre os biscoitos sitos além e no termo da pouoraçam e logo das Quatro Ribeiras 3) .
Este primeiro registo, sem informações complementares e no quadro do povoamento e da toponímia ainda em esboço da então chamada jlha terçeyra de jhesu christo, apontava para uma área erma no dito ano de 1482, com localização um tanto imprecisa aos nossos olhos.
O mesmo quase se repetia, quando o espaço foi novamente dado em sesmaria a Pero ou Pedro Álvares das Quatro Ribeiras. Esta última concessão faz-se em 2 cartas, dos anos de 1486 e de 1488. A primeira pelo capitão da Praia, a segunda pelos almoxarifes de ambas as capitanias e numa época em que a distribuição das terras na área estava interditada aos capitães 4) .
Embora espacialmente mais aclaradas, mantinham-se aqui referências toponímicas que exigiriam um esforço acrescido de investigação. Entre estas, o dito biscoyto d’allem das quatro Rybeiras, uma cassa da salga, uma fagãa, que se “transformará” em duas – do Porto da Cruz e da Salga –, a serra grande… tudo referências espaciais que se foram perdendo no tempo ou deixaram de constituir menções de localização centrais (ou as mais conhecidas) nos nossos dias.
O que relevava então, em termos de povoamento da área, era que se em 1482 as terras continuavam em matos maninhos, em 1486 algumas delas já eram dadas por feytas e o nome do dito Pero ou Pedro Álvares das Quatro Ribeiras emergia como o primeiro abytador que se lla foi morar sendo tudo ermo. É também nesse mesmo ano de 1486, e depois em 1488, que fica referenciada uma dita casa da salga no lugar, tal como caminhos e serventias para homens e espaços.
Estará pois concretizado, neste tempo, o primeiro assento ou assentamentos na zona, expressões que na documentação terceirense das primícias traduziam os lugares de moradia e a unidade ou círculo de produção familiar mais restrito dos habitantes 5) .
Não obstante, povoamento e toponímia foram ganhando novos contornos. De 1505 data da 1ª escritura de compra da terra pelo dito Pero Anes do Canto, na qual se assinalam casas, granéis, pomares e benfeitorias e a dita propriedade situa-se no então chamado logo do porto da cruz. Por essa altura, Porto da Cruz tornara-se a referência toponímica central do espaço em causa, atestando-se o que se poderá designar por um pequeno núcleo de povoamento.
3- Tombo de Pero Anes do Canto -TPAC- Transcrição, estudo introdutório, notas e índices de Rute dias Gregório, Angra do Heroísmo: Instituto Histórico da Ilha Terceira, 2002, p. 57. Sep. do Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LX.
Continuação do "Rememorando as origens dos Biscoitos nos séculos XV e XVI" (1).
Os preceitos da concessão, a mais antiga que na Terceira deixou escritura completa, cumpriam as exigências habituais de arroteamento e exploração no prazo de 5 anos, mais outro tanto tempo para o solo se manter continuamente produtivo.
A terra, essa, em matos maninhos, ia do mar e angrada atee ho pee da serra grande augoas vertentes, localizando-se entre os biscoitos sitos além e no termo da pouoraçam e logo das Quatro Ribeiras 3) .
Este primeiro registo, sem informações complementares e no quadro do povoamento e da toponímia ainda em esboço da então chamada jlha terçeyra de jhesu christo, apontava para uma área erma no dito ano de 1482, com localização um tanto imprecisa aos nossos olhos.
O mesmo quase se repetia, quando o espaço foi novamente dado em sesmaria a Pero ou Pedro Álvares das Quatro Ribeiras. Esta última concessão faz-se em 2 cartas, dos anos de 1486 e de 1488. A primeira pelo capitão da Praia, a segunda pelos almoxarifes de ambas as capitanias e numa época em que a distribuição das terras na área estava interditada aos capitães 4) .
Embora espacialmente mais aclaradas, mantinham-se aqui referências toponímicas que exigiriam um esforço acrescido de investigação. Entre estas, o dito biscoyto d’allem das quatro Rybeiras, uma cassa da salga, uma fagãa, que se “transformará” em duas – do Porto da Cruz e da Salga –, a serra grande… tudo referências espaciais que se foram perdendo no tempo ou deixaram de constituir menções de localização centrais (ou as mais conhecidas) nos nossos dias.
O que relevava então, em termos de povoamento da área, era que se em 1482 as terras continuavam em matos maninhos, em 1486 algumas delas já eram dadas por feytas e o nome do dito Pero ou Pedro Álvares das Quatro Ribeiras emergia como o primeiro abytador que se lla foi morar sendo tudo ermo. É também nesse mesmo ano de 1486, e depois em 1488, que fica referenciada uma dita casa da salga no lugar, tal como caminhos e serventias para homens e espaços.
Estará pois concretizado, neste tempo, o primeiro assento ou assentamentos na zona, expressões que na documentação terceirense das primícias traduziam os lugares de moradia e a unidade ou círculo de produção familiar mais restrito dos habitantes 5) .
Não obstante, povoamento e toponímia foram ganhando novos contornos. De 1505 data da 1ª escritura de compra da terra pelo dito Pero Anes do Canto, na qual se assinalam casas, granéis, pomares e benfeitorias e a dita propriedade situa-se no então chamado logo do porto da cruz. Por essa altura, Porto da Cruz tornara-se a referência toponímica central do espaço em causa, atestando-se o que se poderá designar por um pequeno núcleo de povoamento.
3- Tombo de Pero Anes do Canto -TPAC- Transcrição, estudo introdutório, notas e índices de Rute dias Gregório, Angra do Heroísmo: Instituto Histórico da Ilha Terceira, 2002, p. 57. Sep. do Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LX.
5- Rute Dias Gregório- Terras e Fortuna: os primórdios da humanização da ilha Terceira (1450?-1550). Ponta Delgada: Centro de História de Além-Mar, p. 254-256.
* Aqui
(Continua)
* Aqui
(Continua)
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