(…)
A água subiu, galgou,
Nada a podia aguentar
Terrenos e hortas levou
Para as profundezas do mar
(…)
Essa tromba que caiu
Lá do céu se escondia
Do Raminho até Agualva
Apenas água se via
As ribeiras não levavam
A água em louca corrida
Para os caminhos transbordavam
Com a mais larga medida
(…)
Era terra um vasto mar
Com a água enfurecida
Só se podendo andar
Com risco da própria vida
Na casa além da ribeira
Casa pobre, mas honrada
Mora a família Ladeira
Séria, honesta e educada
Morava marido e consorte
Com filhos que o céu lhes deu
Foi lá que o anjo da morte
As negras asas bateu
Vieram à ponte fatal
Ver de perto a ribeira,
Cruel chamada do mal
Para viagem derradeira
(…)
In João Vital – Memória duma Tragédia -( em 8 de Dezembro de 1962) edição de 1963- União Gráfica Angrense – Terceira -Açores
Hoje, dia 15 de Dezembro de 2009, a freguesia de Agualva, entre outras da Ilha Terceira, volta a conhecer a fúria das águas.
1 comentário:
Quando eu era pequena,
Na casa dos meus pais,
Lembro que li essa cena
Em quadras das águas fatais.
João Vital, o cantador,
Urdiu a memória inteira,
Com rima de muita dor
Do sucedido na ribeira.
Queria voltar a ler
O livro todo a eito
Dezembro volta a ter
Tragédia de grande efeito.
A fúria pluvial
Ninguém a pode deter
Pouco antes do Natal
Maior dor irá trazer.
Haja solidariedade
Da gente que já conhece
A hora da tempestade
E quando a vida estremece.
Às famílias chorosas
Do lado norte da ilha
Um abraço e venham provas
Da ajuda de toda a ilha.
Rosa Silva
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