sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O meu Presépio

Aquele presépio ingénuo e maneirinho,
- Feitiço dos meus olhos de menina,
Tão conchegado, que parece um ninho
A tosca gruta, muito pequenina,

Onde um Menino de minúsculas linhas
Ergue os bracinhos, como que a abraçar
Todas aquelas doces figurinhas
Que ali vieram para O visitar.

Ainda encanta e prende o meu olhar.


São: pastorinhos com níveos cordeiros,
Mulheres que trazem coisas à cabeça,
Senhores que vestem fatos domingueiros,
Um que ajoelha, um outro que tem pressa

De ver o que se passa e vem descendo
Pela rocha alta, numa acrobacia...
Outros que param, para vir dizendo
Que se cumpriu a grande Profecia,

Músicos que tocam flautas, violinos,
Frades, vilões, escravos e senhores,
Cegos que cantam, velhos e meninos,
-Num anacronismo e graça,encantadores...

E os três Reis Magos, muito aparatosos
Em seus cavalos, de oiro ajaezados,
Também lá vêm, de longe, pressurosos...
-E com eles vêm meus olhos deslumbrados...

E eu também vou, naquela multidão...
-Talvez eu seja aquela mulherzinha...
Aquele rei, talvez aquele vilão...
Talvez uma pastora, uma ovelhinha...
-Eu sei que vou naquela multidão...

MARIA DO CÉU



As fotos mostram um "presépio à antiga" que encontrei, de porta aberta à comunidade, num saguão de uma casa na Cidade Património Mundial, Angra do Heroísmo, ilha Terceira.
À semelhança da poetisa terceirense Maria do Céu, muitos açorianos ainda fazem do presépio sinónimo de Natal e lá se vão revendo nas mais ou menos minúsculas figurinhas que pelas rochas, dos nossos vulcões ou simples papel amarrotado, acrobaticamente caminham em direcção à estrela que os há-de guiar!
Que este ano o Menino Jesus nasça realmente no coração de todos os Açorianos e no novo ano, faça brilhar com maior intensidade, em progresso, paz e fraternidade, as nove estrelas do Arquipélago dos Açores.
Boas Festas!
Fanda


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