Francisco Maria Brum tinha um trabalhador nas vinhas dos Biscoitos.
Esse trabalhador: Manuel Craveiro, conhecido por “Manduca”, estava sempre a dizer aos seus companheiros que...”qualquer dia vou para América”.
Um belo dia repetiu a frase. Tendo ouvido dos seus companheiros: “sim, vás mas é para a merda!”...foi um incentivo eficaz. Pois, Manuel Craveiro, nem pensou duas vezes! “Sabem uma coisa? É hoje mesmo!”. Deixou ficar na vinha o alvião e foi ter com o patrão. “Sr. Chico Maria vou para a América!”.
Francisco Maria respondeu com uma pergunta: “ como vais, se...?”
- “ É isso mesmo que aqui venho fazer, pedir-lhe dinheiro para a viagem!”
E, lá Chico Maria lhe deu o dinheiro que achou na altura necessário para o Manuel Craveiro se desenrascar.
Francisco Maria Brum (Chico Maria) faleceu no dia de S. Pedro, Junho de 1928.
Quando Manuel Craveiro regressou à Ilha Terceira foi visitar a casa onde trabalhou.
Encontrando já na administração o Sr. Manuel Gonçalves Toledo Brum, filho do seu antigo patrão Chico Maria.
Conversou com os trabalhadores, dessa altura, alguns ainda seus antigos companheiros, fixou quantos eram e regressou á América.
Num daqueles seus dias...enviou para Manuel Gonçalves Toledo Brum, conhecido pelo Sr. Manuel Maria dos Biscoitos “fato de macaco” e camisa em duplicado. Mas, dentro da “saca da América” vinha uma “carta de recomendação”:
- (...)“Senhor Manuel Maria aqui vão alvaroses (1), para os homens de trabalho. São dois alvaroses e duas camisas para cada um deles. Mas tome tino. Entregue por duas vezes! Ou seja, um “alvarose” e uma camisa. Com uma condição dessa roupa ser baptizada com vinho de verdelho”.
Promessa cumprida! Na época, a falta de tudo era notória, inclusive a roupa! Assim, como era de notar a diferença na roupa vinda da América: Mais coloridas e com cheiro muito mais agradável do que o suor de quem trabalhava as vinhas nos Biscoitos...
A reacção do baptismo foi “umas bocas desagradáveis”, evidentemente. Pudera! Repito, na altura nem comida, nem roupa e...pés descalços por cima dos biscoitos de lava...sangrando até calejar, até os pés adquirirem defesas!
Mas, a recomendação fora, enfim, totalmente cumprida!
- “Não fiquem zangados, porque o Manuel Craveiro enviou outros “Alvaroses” e outras tantas camisas. Agora já têm “roupa de muda”. Os sinais de alívio e os sorrisos foram rasgados, num sincero gesto de agradecimento. Certamente com um: “seja por alma dos defuntos do Manuel Craveiro...” ou quiçá por alma deste em antecipação...
No final uma fotografia “do pessoal” para enviar para a América.
(1) - Do Inglês: Over-all – fato-macaco.
Fonte: apontamentos do Museu do Vinho dos Biscoitos da Casa Agrícola Brum Lda. (anotação, inv. nº 2286, por Luís Mendes Brum, em Janeiro de 1997).
Esse trabalhador: Manuel Craveiro, conhecido por “Manduca”, estava sempre a dizer aos seus companheiros que...”qualquer dia vou para América”.
Um belo dia repetiu a frase. Tendo ouvido dos seus companheiros: “sim, vás mas é para a merda!”...foi um incentivo eficaz. Pois, Manuel Craveiro, nem pensou duas vezes! “Sabem uma coisa? É hoje mesmo!”. Deixou ficar na vinha o alvião e foi ter com o patrão. “Sr. Chico Maria vou para a América!”.
Francisco Maria respondeu com uma pergunta: “ como vais, se...?”
- “ É isso mesmo que aqui venho fazer, pedir-lhe dinheiro para a viagem!”
E, lá Chico Maria lhe deu o dinheiro que achou na altura necessário para o Manuel Craveiro se desenrascar.
Francisco Maria Brum (Chico Maria) faleceu no dia de S. Pedro, Junho de 1928.
Quando Manuel Craveiro regressou à Ilha Terceira foi visitar a casa onde trabalhou.
Encontrando já na administração o Sr. Manuel Gonçalves Toledo Brum, filho do seu antigo patrão Chico Maria.
Conversou com os trabalhadores, dessa altura, alguns ainda seus antigos companheiros, fixou quantos eram e regressou á América.
Num daqueles seus dias...enviou para Manuel Gonçalves Toledo Brum, conhecido pelo Sr. Manuel Maria dos Biscoitos “fato de macaco” e camisa em duplicado. Mas, dentro da “saca da América” vinha uma “carta de recomendação”:
- (...)“Senhor Manuel Maria aqui vão alvaroses (1), para os homens de trabalho. São dois alvaroses e duas camisas para cada um deles. Mas tome tino. Entregue por duas vezes! Ou seja, um “alvarose” e uma camisa. Com uma condição dessa roupa ser baptizada com vinho de verdelho”.
Promessa cumprida! Na época, a falta de tudo era notória, inclusive a roupa! Assim, como era de notar a diferença na roupa vinda da América: Mais coloridas e com cheiro muito mais agradável do que o suor de quem trabalhava as vinhas nos Biscoitos...
A reacção do baptismo foi “umas bocas desagradáveis”, evidentemente. Pudera! Repito, na altura nem comida, nem roupa e...pés descalços por cima dos biscoitos de lava...sangrando até calejar, até os pés adquirirem defesas!
Mas, a recomendação fora, enfim, totalmente cumprida!
- “Não fiquem zangados, porque o Manuel Craveiro enviou outros “Alvaroses” e outras tantas camisas. Agora já têm “roupa de muda”. Os sinais de alívio e os sorrisos foram rasgados, num sincero gesto de agradecimento. Certamente com um: “seja por alma dos defuntos do Manuel Craveiro...” ou quiçá por alma deste em antecipação...
No final uma fotografia “do pessoal” para enviar para a América.
(1) - Do Inglês: Over-all – fato-macaco.
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