O anterior
O Império
“A segunda estação é o império como lugar de agregação de irmãos que partilham a mesma fé, o mesmo ideal e a mesma prática, salvaguardando assim o que por si, individualmente poderiam não assegurar.
O império (em sentido terceirense, não mariense), por um lado, é quase um lugar paralelo à casa familiar onde a festa acontece, por outro, é o fontanário, a casa do Espírito Santo (sentido florentino ou corvino) ou da Irmandade para onde converge. É como um ciclo concêntrico. A articulação entre casa e império é muito diversificada. Há casos em que o império é que faz a festa, independentemente das casas dos irmãos. Outros, em que a festa é assumida nas casas particulares, sendo o império um suporte quanto às insígnias e à realização dos festejos de carácter público mais alargado.
A figura do imperador não trata directamente do império, mas da casa, onde acontece a experiência religiosa, de reconhecimento agradecido por algo de extraordinário acontecido. O imperador nasce em casa, sendo reconhecido no império. Ao império cabe-lhe ter um mordomo, no verdadeiro sentido etimológico do termo, aquele que é mais responsável pelo cuidado da casa comum do Espírito Santo e dos irmãos, ou então um procurador, tal irmão mandatado e reconhecido por todos os membros da Irmandade para a representar por tempo determinado.
Concluindo, o imperador brota da casa espontaneamente, por sortes (pelouro) ou por voto próprio (promessa). O mordomo ou procurador são lugares de governo da irmandade que não interferem no quadro familiar, totalmente autónomo de gestão do império. Ao império cabe-lhe organizar em cada semana do tempo pascal ou mesmo durante todo o ano a distribuição da coroa, assegurando-se de que os irmãos garantam a prática do culto do Espírito Santo, sejam como zeladores e ou simplesmente irmãos de pelouro.”
Pe. Hélder Fonseca Mendes - publicado no Boletim Paroquial de São Salvador da Sé . Ano XIII- nº 99 – Angra, Junho de 2012
(Continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário