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Biscoitos – 2º Domingo do Espírito Santo
A origem das Coroações do Espírito Santo
As coroações do Espírito Santo têm raízes profundas judaico-cristãs, que ao longo dos séculos se aculturaram no nosso País, graças a uma forte espiritualidade Franciscana, a partir da vivência do Pentecostes que nos é narrado nos Actos dos Apóstolos. E, também, com reminiscências do Sacro Império Romano – Germânico.
Em Portugal é quase unânime que a Rainha Santa Isabel (1282-1325), da Ordem Terceira de São Francisco, com o apoio dos Franciscanos, foi a impulsionadora de tais festejos ao Divino, a partir da Vila de Alenquer. Segundo Jaime Cortesão, seguindo a sugestão de Frei Manuel da esperança, e tendo em conta documentos do Arquivo de Alenquer, afirma ter sido o Convento de São Francisco da mesma vila o lugar da sua primeira realização, em 1323.
Descendente de Frederico II, do Sacro Império, bem como da Santa Isabel da Hungria (1207-1231) igualmente da Ordem Terceira de São Francisco e descendente do mesmo Frederico II. No Império Sacro Romano Germânico consta que “ Fomes apertadas nos estados allemães determinaram um dos imperadores da Dynastia, Othon, a lançar os fundamentos desta instituição, como banco formado de esmolas para acudir os pobres nos anos de penúria”.
A Festa dos Tabuleiros, em Tomar, que, ainda hoje, se realiza de quatro em quatro anos, é tida como matriz das festas ao Divino Espírito Santo, que depois se estenderam aos Açores e a todos os territórios tocados pela epopeia marítima portuguesa, adaptando-se aos mais diversos tipos de povoamento e ganhando novas expressões populares nos Impérios do Espírito Santo.
Nos Açores, “já durante o governo de Pedro Soares de Sousa, 2º Capitão Donatário de Santa Maria, se cumpriam os festejos do Espírito Santo, coroando o mais velho mendigo e abrindo as copeiras aos famintos de pão e de carne e a toda a população”. Confira: Espírito Santo, cataclismos, fomes e emigração”, (in A União, 8 de Maio de 2008- Pe. Francisco Dolores).
Profundamente assimilado pelas gentes dos Açores, embora com pequenas variantes, de ilha para ilha, as Coroações são antes de mais a afirmação da dignidade de pessoas humanas, numa igualdade de todos os irmãos, gerados na Pia Baptismal. Assim se tem expandido por terras de emigração, Brasil, Estados Unidos e Canadá.
As Coroações de crianças a lembrarem a inocência original, que nos é dada pela Graça. Ou a coroação do próprio Imperador (por um dia), a destacar o serviço de cada um à comunidade de íeis, onde “coroar” é sinal da Função, onde a Oração, Fracção do Pão e Partilha Fraterna, se tornam visíveis na Festa do Bem Comum, com a força do Espírito Santo.
Padre Francisco Dolores, no Suplemento do Jornal A União. Número 25. 17 de Abril de 2012
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