Continuação do anterior
Por: Luís Vasco Nunes*
A partir da análise dos valores registados durante o período de observação constatamos que a (Figura 2):
(I) a temperatura começa a subir a partir das 9 horas;
(II) o valor máximo da temperatura é atingido por volta das 15 horas, tendo-se registado valores superiores a 35º C;
(III) a temperatura mínima ocorre, por norma, à volta das 3 horas;
(IV) a humidade relativa do ar é máxima às 3 horas. Do período das 9 às 15 horas a humidade relativa do ar anda à volta dos 60%.
Para melhor compreensão das condições climáticas locais, e a sua influência no crescimento e desenvolvimento das videiras, analisamos os dados obtidos, em função das condições consideradas ideais para esta cultura. Assim, a temperatura óptima de crescimento e de actividade fotossintética situa-se entre os 25º e 30º C com níveis de humidade relativa do ar entre 60 a 70% (Champagnol, 1984). Temperaturas superiores a 35ºC são prejudiciais ao desenvolvimento da videira, podendo ocorrer fenómenos de escaldão dos bagos e a própria queima da vinha (Crespy), 1987 e Murisier, 1989). Comparando estes valores com os observados no microclima da curraleta, constatamos que o regime térmico, nomeadamente as temperaturas médias e máximas ao longo do período de observação, são favoráveis ao desenvolvimento da videira.
No que se refere à insolação (Champagnol, 1984; Crespy, 1987; Murisier, 1989; Goulart, 1981 e Murisier e tal., 1990) consideram como necessidades médias valores que vão desde 1200 a 1600 horas. Na estação meteorológica das Lajes/Aeroporto, estação de referência, durante o período vegetativo considerado (Março a Setembro) a insolação ronda as 1410 horas, pelo que se pode considerar que este valor se enquadra dentro das necessidades médias exigidas pela cultura.
A maior frequência de calmas ocorre no mês de Julho, sendo a sua direcção do quadrante Sul - Sudoeste, pelo que não é de prever grandes prejuízos, dada a localização Norte da Zona Vitivinícola dos Biscoitos.
As necessidades médias em água no período vegetativo situam-se entre 300 e 600 mm, com uma precipitação anual compreendida entre 500 a 1200 mm. Na estação metrológica das Lajes/Aeroporto a precipitação normal situa-se à volta dos 1150 mm. No período compreendido entre Março - Setembro, a precipitação total situa-se à volta dos 530 mm, sendo o mês mais seco Agosto com uma precipitação normal inferior a 40mm, o que favorece a maturação.
Referências bibliográficas:
-Bettencourt, M.L. (1919) – clima de Portugal. Fascículo XVII. O clima dos Açores como recurso natural, especialmente em Agricultura e Industria do Turismo, Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica.
- Champagnol, F. (1984) – Physiologie de la Vigne et de Viticulture Generale, 331 p.
- Crespy, A. (1987) – Viticulture d’aujourd’hui. Editons J. B. Bailiére, q175 p.
- Goulart, I.M. (1991) – Contributo para o estudo da viticultura na Ilha do Pico. Universidade dos açores. Departamento de Ciências Agrárias. Relatório de estágio.
- Murisier, F. (1989) – Echaudage des raisain en Valais. Revue Suisse Vitic. Arboric. Hortic. Vol. 21 (5): 293- 294.
Murisier. F.; Jelmini, G.; Ferreti, M. Madona A. (1990) – Amélioration du débourrement du Merlot au moyen de la cyanmide hydrogéne. Revue Suisse Vitic. Arboric. Hortic. Vol. 22 (6): 399-402.
* Engenheiro Agrícola
In Revista Verdelho n.º1- ano 1996 – órgão informativo e cultural da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos - ilha Terceira – Açores -
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