O oídio, como todas as doenças criptogâmicas, propaga-se por meio de esporos, que os ventos arrastam e dispersam. Estes órgãos reprodutores são por assim dizer, as sementes do parasita, que se depositam nas folhas, pâmpanos e cachos, quando as condições climatéricas são favoráveis principiam a germinar.
O Oídio nos Biscoitos é conhecido como o “bolor da vinha”. Este fungo microscópio, que causou enormes prejuízos nos Açores por volta do ano de 1853, levando à perda completa de consecutivas colheitas arruinando muitos proprietários de vinha.
Idênticos prejuízos, pouco antes, nos vinhedos de outros países mormente em França, na Itália e até em Espanha. Pois já em 1845 parece que importado da América do Norte, o Oídio se notou em videiras cultivadas em estufa, por Tucker, perto de Cantorbey, em Inglaterra.
Foi, a pedido daquele horticultor o fundo estudado pelo micólogo Rev.º Berkeley, que lhe deu a designação de “Oidium Tukeri”.
Em 1847 apareceu nas estufas da Casa Rothschild, em Suresnes, perto de Paris. Não levou muito tempo a descobrir-se-lhe remédio: o enxofre. A descoberta ficou a dever-se ao Professor Duchartre, do Instituto Agronómico de França, após largas experiências efectuadas em Versailles. Embora já em 1846, o inglês Kyle, lavrador de Leyton, tivesse demonstrado que a água com enxofre em suspensão fazia parar o mal e mais do que parar, desaparecer.
Também nos Açores e particularmente nos Biscoitos, era por vezes o enxofre misturado com água, mas mais frequente a sua aplicação em seco, tal como a fotografia mostra. O “enxofre sublimado” ou a “flor de enxofre” era o mais preferido.
Conhecido o remédio, cujo emprego se difundiu a partir do ano de 1856, graças à propaganda de Marés, em França e do Conde de Cavour, em Itália, os tratamentos generalizaram-se.
Bibliografia:
- Âmbar, Virgílio do Rego – Viticultura – Conselhos aos Vinicultores Micaelenses. Ponta Delgada - S. Miguel. Açores - 1953. Composição e impressão Tipografia Insular, Lda..
- Coelho, Henrique – cartilha do Lavrador – Junho de 1937 – Porta.
- Despertar. Boletim Paroquial. Ano XII – n.º 84 – Novembro 1987 – Ribeira Chã – Ilha de São Miguel – Açores.
- Sousa, Paulo Silveira e – Materiais para o estudo da vinha nos Açores durante a segunda metade do século XIX. Centro de Estudos dos Povos e Culturas de expressão Portuguesa. Universidade Católica Portuguesa. Lisboa. 2004.
LMB
In Revista Verdelho – órgão da Confraria do Vinho de Verdelho dos Biscoitos - n.º 9 – ano 2005
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